1. Fachada do Cine Santana
2. Ilustração de Juraci Dórea do Cine Santana, no livro "O Lobisomem de Feira de Santana" de Fernando Ramos, lançado em 2002, que é capa do livro "A Arte do Silêncio em Feira de Santana", de Dimas Oliveira
"Cine-Teatro Santana, que me faz sonhar,
outrora com bandidos roubando a minha coleção de selos
e com certa lourinha mordendo-me a ponta do nariz!"
Há 102 anos, em 24 de maio de 1919, a inauguração do Cine-Teatro Santana, a partir da fusão do Cinema da Vitória e o Teatro Santana. O espaço passou a ser utilizando tanto para as exibições de filmes, quanto para os espetáculos teatrais, musicais e literários. Era situado na antiga rua Direita, atual rua Conselheiro Franco, numa área que pertencia à Santa Casa de Misericórdia.
Antonio Moreira Ferreira, Antonio do Lajedinho conta:
"(...) Tendo na frente uma porta larga que servia de entrada para a sala de espera, mais duas portas de frente, para saída, e duas bilheterias entre as portas. Ainda na frente existiam três janelas na parte alta, no mezanino, que, com advento do cinema, foram fechadas as laterais e transformadas em seteiras. A central onde foi instalada máquina de projeção. (...) A parte interna era mobiliada com cadeiras, tendo uma divisão na parte próxima do palco."
Quanto às exibições de filmes e séries, foram apresentados aqueles que tinham a participação de atores renomados no período, como Tom Mix, Rodolfo Valentino, Buck Jones, entre outros. Filmes como "As Aventuras de Sherlock Holmes" (1939), "A Gangrena da Sociedade", "Tarzan, O Homem Macaco" (1919), "O Telefone da Morte", "Cavalheiro Amador", "Flash Gordon" (1936).
Os espetáculos musicais ficavam a cargo das filarmônicas - Vitória, Euterpe Feirense e 25 de Março - que faziam sarais, além cantores de fora que animavam a noite feirense com diversos ritmos. A poetisa e musicista Georgina Erismann, criadora do Hino à Feira, por várias vezes se apresentou no espaço. Em 1919, quando da passagem do Circo Belga pela cidade, foi realizada uma exibição da trupe belga Leb Alberts e "seus cães sábios".
Além de um espaço de lazer, o Cine-Teatro Santana foi palco de grandes eventos políticos, como a conferência de Rui Barbosa, quando de sua visita a Feira de Santana, em 25 de dezembro de 1919
Eurico Alves Boaventura no poema "Cinema" (No início deste texto), destaca que o cinema era um espaço para se sonhar.
Antonio do Lajedinho diz mais que a platéia se entusiasmava com as exibições dos filmes: "a rapaziada fazia questão de ocupar as gerais, porque ali todos aplaudiam batendo o acento da cadeira e gritando a cada castigo que o mocinho aplicava no bandido."
Ao piano, Anita Novais executava ritmos compatíveis com as cenas exibidas. As de amor eram acompanhadas com valsas. As de pancadaria, com fox-trot.
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