Por
Jorge Oliveira
O governo do Temer se parece muito
com uma "pá mecânica de lixo". Tudo que não presta é jogado lá dentro do
Palácio do Planalto, onde já existem outros entulhos em decomposição. Por isso,
não é de estranhar a convocação do deputado de Goiás, Alexandre Baldy, para
compor a equipe do presidente como ministro das Cidades. Baldy gozava da
intimidade do contraventor Carlinhos Cachoeiro.
Na CPI de 2012, que apurou os crimes
do bicheiro, Baldy foi apontado como "Menino de ouro de Cachoeiro". O
bicheiro, condenado pela justiça, meteu-se em trapalhadas desde o início do
governo Lula, quando o então poderoso ministro Zé Dirceu ainda dava as cartas e
comandava a organização criminosa petista de dentro do palácio.
À imprensa, o novo ministro evitou
falar sobre a sua amizade com o seu conterrâneo delinquente. Aliás, falar para
dizer o quê? Desmentir o óbvio quando seu nome apareceu na CPI que apontou os
crimes do contraventor.
Tudo é muito confuso na política
brasileira. Veja: sai a quadrilha do PT, chefiada por Lula e Dilma, e entra a
outra comandada por Temer, como denunciou o Ministério Público. Por isso que o
povo não entende muito bem de onde surge tanto político envolvido em escândalos
e o porquê da dificuldade em encontrar um nome limpo para assumir qualquer
função pública nesse governo.
Agora mesmo o país assiste a prisão
da cúpula da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, depois que a polícia
esvaziou o Tribunal de Contas com a prisão de seus conselheiros corruptos. O
deputado Jorge Picciani, presidente da Alerj, é pai do ministro do Esporte
Leonardo Picciani, citado na delação premiada de Renato Pereira por manipular
concorrência pública de publicidade para beneficiar o marqueteiro e seus
comparsas.
Lá dentro do Planalto estão outros
ministros envolvidos em negociatas: Moreira Franco e Eliseu Padilha, atolados
na Lava Jato. E, claro, o próprio Temer. Pois é, também estão na cadeia Sérgio
Cabral, ex-governador, e seus seguidores na organização criminosa, agora também
na companhia de Garotinho e Rosinha. Diante disso é que se conclui: o país vem
sendo administrado, nas últimas décadas, por quadrilhas políticas que se
revezam no poder.
Como os malfeitores estão
infiltrados nos partidos, onde fazem seus casulos, fica difícil escolher um
nome honesto para exercer qualquer função pública que não tenha o rabo preso.
Os que chegam a integrar esse governo, por exemplo, fazem parte da mesma patota
que manda no país há décadas.
Quando surge um nome para compor a
equipe desse governo, não estranhe, ele faz parte do entulho que comanda a
máquina política. Infelizmente, essa é a realidade. E a julgar pelos nomes que
aparecem para suceder essa turma que está aí, não devemos ter muita esperança
em relação a um Brasil melhor depois das eleições 2018.
Outro problema grave é que as
instituições estão deterioradas, enfraquecidas e bagunçadas. Nota-se um real
confronto entre os poderes. O Ministério Público alfineta o STF por não
concordar com as sentenças proferidas por alguns de seus ministros. A Polícia
Federal briga com o MP porque é excluída das delações premiadas. E a
procuradoria-geral da República é questionada quanto aos privilégios que
concede aos delatores, oferecendo-lhes impunidade total dos crimes em troca das
delações premiadas desses figurões.
A mixórdia é própria de um país
psicopata, desordenado moral e eticamente. Mesmo com as investigações da Lava
Jato em curso, quase todos os dias a Polícia Federal sai à caça de corrupto
logo às primeiras horas da manhã, prova de que os cofres públicos continuam
sendo saqueados.
Virou rotina prender gente do
governo envolvido em propinas. Até na área do esporte, o camburão já amanheceu
na porta de alguns ilustrados. Dentro do Congresso Nacional então a situação
continua periclitante. É lá que são graduados os futuros ministros. Se uma das
condições para a indicação fosse os bons antecedentes, dificilmente um desses
formandos preencheria satisfatoriamente os requisitos para exercer um cargo
público.
Não se engane, é assim que vamos
chegar em 2018, ano eleitoral. Cheio de dúvidas quanto ao destino do país, pois
essa geração de políticos ainda é, com certeza, a mais indulgente. E quando a
gente imagina que a maioria desses senhores serão reeleitos nos seus currais,
aí, sim, as esperanças morrem de verdade.
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