Página "Conservadorismo do Brasil" foi banida arbitrariamente
O Facebook, maior rede social do
mundo, voltou a ser acusada de manipular dados para diminuir o alcance de
páginas conservadoras. O jornal 'The New Tork Times', em editorial assinado pelo jornalista Stevan
Dojcinovic, afirma que Mark Zuckerberg está tratando seus usuários como "cobaias".
Dojcinovic diz que o Facebook usou
sua nação, a Sérvia, como um "laboratório" ao restringir a livre circulação de
informações em um país que já teve problemas muito sérios com a censura.
"A organização independente e sem
fins lucrativos de jornalismo investigativo onde sou o editor-chefe é um desses
infelizes ratos de laboratório", acusou Dojcinovic. "No mês passado, notamos
que nossas histórias deixaram de aparecer no Facebook, como de costume. Fiquei
sem chão. Nossa maior fonte de tráfego, que representa mais da metade de nossas
visualizações mensais de páginas, foi prejudicada. Eu pensei que era alguma falha,
mas não era".
Segundo o jornalista investigativo, o Facebook escolheu a Sérvia e outros
países pequenos, para testar uma estratégia de exclusão de páginas alternativas
de notícias, ou seja, que não são parte da grande mídia.
"O Facebook permitia que os sérvios
não estivessem presos aos canais convencionais e podíamos levar nossas
histórias a centenas de milhares de leitores. Contudo, enquanto a rede social
afirma que está combatendo as 'fake news', está à beira de nos arruinar",
lamenta Dojcinovic.
"Essas experiências arbitrárias de Mark Zuckerberg são muito perigosas. Os
principais canais de TV, os principais jornais e pessoas ligadas a interesses
políticos não terão problemas para comprar anúncios no Facebook ou encontrar
outras formas de alcançar seus públicos. São organizações pequenas e
alternativas como a minha que sofrerão", disparou.
Ele fez uma mea culpa. "Nós, jornalistas, somos
responsáveis por isso também. Usávamos o Facebook para alcançar nossos leitores
pois era conveniente, então investimos tempo e esforço para marcar nossa
presença lá, ajudando a rede a se tornar o monstro que é hoje. Mas o que está
feito, está feito. Ela é uma empresa privada, que não prestas contas a ninguém,
que parece ter assumido o ecossistema de mídia do mundo."
Usuários são cobaias
O Facebook sabidamente faz
experiências com seus usuários sem o seu conhecimento. A empresa já conseguiu
manipular as emoções dos usuários em testes que tentaram tornar as pessoas mais
negativas através das postagens do Facebook.
Nos Estados Unidos, o senador
democrata Al Franken pediu a regulamentação de empresas de tecnologia,
incluindo redes sociais. Ele afirmou que o Facebook tem muito poder ao "escolher qual conteúdo chega aos consumidores e qual não chega".
Um dos casos que mais chamou atenção nos Estados Unidos foi do usuário Allen
Muench, um aposentado de 62 anos que reside em St. Louis, Missouri. Ele passa
boa parte de seu tempo divulgando uma página conservadora no Facebook que
frequentemente apoia o presidente Donald Trump e critica os liberais.
Recentemente, ele foi banido do
Facebook e tentou fazer algo do ponto de vista legal, mas sem sucesso. Como
empresa privada, a rede pode banir quem quiser. Muench disse à imprensa que "nossa maior dificuldade é o viés político do Facebook e o modo como ele
implementa suas diretrizes de Padrões Comunitários. Parece que o Facebook
obriga conservadores, mais que liberais, a seguir essas diretrizes."
Esse mesmo tipo de situação ocorre
no Brasil com relativa frequência. A página Conservadorismo do Brasil foi apagada pelo Facebook este mês.
Em contato com o 'Gospel Prime', Everthon Garcia, um dos
responsáveis pela página afirmou: "O Facebook é o símbolo do capitalismo com
mentalidade de esquerda, não é a primeira vez que a rede social baniu
arbitrariamente páginas antiesquerda. Em julho do ano passado, nossa página
'Conservadorismo do Brasil' com mais de 160 mil curtidas foi banida sem
apresentar justificativas, neste mesmo dia mais de 19 páginas antiesquerda
também foram censuradas. Causa estranheza que eles apliquem seus termos de
serviço praticamente apenas a páginas conservadoras, nos acusando de 'discurso
de ódio'. Há dezenas de páginas que violam os termos de serviço da rede social
de forma constante".
Lobby das redes sociais
No mês passado, o presidente
executivo do site conservador 'Breitbart News', Steve Bannon, apoiador da
regulamentação das grandes empresas de tecnologia, tomou forte posição "contra
os Lordes do Vale do Silício". Ao mesmo tempo, Google, Facebook e Twitter
gastaram milhões de dólares pressionando o Congresso quando cresceu a ameaça de
uma regulamentação.
Conforme a CNBC, "o Google gastou
4,17 milhões de dólares no lobby do Congresso no último trimestre", enquanto "o Facebook
gastou 2,85 milhões de dólares" e "o Twitter gastou 120 mil dólares".
Em outubro, o CEO de uma grande
empresa de publicidade americana chamou o Google de "ditador" do mercado
publicitário, enquanto um relatório da revista 'Vice' mostrou os planos do CEO do
Facebook, Mark Zuckerberg, de "influenciar a política americana para as
gerações vindouras". O fundador da rede social já deu a entender que, no
futuro, pretende se candidatar à presidente dos Estados Unidos.
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