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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

"Facebook é acusado de manipular o fluxo de informações contra conservadores"



      Página "Conservadorismo do Brasil" foi banida arbitrariamente

O Facebook, maior rede social do mundo, voltou a ser acusada de manipular dados para diminuir o alcance de páginas conservadoras. O jornal 'The New Tork Times', em editorial assinado pelo jornalista Stevan Dojcinovic, afirma que Mark Zuckerberg está tratando seus usuários como "cobaias".
Dojcinovic diz que o Facebook usou sua nação, a Sérvia, como um "laboratório" ao restringir a livre circulação de informações em um país que já teve problemas muito sérios com a censura.
"A organização independente e sem fins lucrativos de jornalismo investigativo onde sou o editor-chefe é um desses infelizes ratos de laboratório", acusou Dojcinovic. "No mês passado, notamos que nossas histórias deixaram de aparecer no Facebook, como de costume. Fiquei sem chão. Nossa maior fonte de tráfego, que representa mais da metade de nossas visualizações mensais de páginas, foi prejudicada. Eu pensei que era alguma falha, mas não era".
Segundo o jornalista investigativo, o Facebook escolheu a Sérvia e outros países pequenos, para testar uma estratégia de exclusão de páginas alternativas de notícias, ou seja, que não são parte da grande mídia.
"O Facebook permitia que os sérvios não estivessem presos aos canais convencionais e podíamos levar nossas histórias a centenas de milhares de leitores. Contudo, enquanto a rede social afirma que está combatendo as 'fake news', está à beira de nos arruinar", lamenta Dojcinovic.
"Essas experiências arbitrárias de Mark Zuckerberg são muito perigosas. Os principais canais de TV, os principais jornais e pessoas ligadas a interesses políticos não terão problemas para comprar anúncios no Facebook ou encontrar outras formas de alcançar seus públicos. São organizações pequenas e alternativas como a minha que sofrerão", disparou.
Ele fez uma mea culpa. "Nós, jornalistas, somos responsáveis por isso também. Usávamos o Facebook para alcançar nossos leitores pois era conveniente, então investimos tempo e esforço para marcar nossa presença lá, ajudando a rede a se tornar o monstro que é hoje. Mas o que está feito, está feito. Ela é uma empresa privada, que não prestas contas a ninguém, que parece ter assumido o ecossistema de mídia do mundo."
Usuários são cobaias
O Facebook sabidamente faz experiências com seus usuários sem o seu conhecimento. A empresa já conseguiu manipular as emoções dos usuários em testes que tentaram tornar as pessoas mais negativas através das postagens do Facebook.
Nos Estados Unidos, o senador democrata Al Franken pediu a regulamentação de empresas de tecnologia, incluindo redes sociais. Ele afirmou que o Facebook tem muito poder ao "escolher qual conteúdo chega aos consumidores e qual não chega".
Um dos casos que mais chamou atenção nos Estados Unidos foi do usuário Allen Muench, um aposentado de 62 anos que reside em St. Louis, Missouri. Ele passa boa parte de seu tempo divulgando uma página conservadora no Facebook que frequentemente apoia o presidente Donald Trump e critica os liberais.
Recentemente, ele foi banido do Facebook e tentou fazer algo do ponto de vista legal, mas sem sucesso. Como empresa privada, a rede pode banir quem quiser. Muench disse à imprensa que "nossa maior dificuldade é o viés político do Facebook e o modo como ele implementa suas diretrizes de Padrões Comunitários. Parece que o Facebook obriga conservadores, mais que liberais, a seguir essas diretrizes."
Esse mesmo tipo de situação ocorre no Brasil com relativa frequência.  A página Conservadorismo do Brasil foi apagada pelo Facebook este mês.
Em contato com o 'Gospel Prime', Everthon Garcia, um dos responsáveis pela página afirmou: "O Facebook é o símbolo do capitalismo com mentalidade de esquerda, não é a primeira vez que a rede social baniu arbitrariamente páginas antiesquerda. Em julho do ano passado, nossa página 'Conservadorismo do Brasil' com mais de 160 mil curtidas foi banida sem apresentar justificativas, neste mesmo dia mais de 19 páginas antiesquerda também foram censuradas. Causa estranheza que eles apliquem seus termos de serviço praticamente apenas a páginas conservadoras, nos acusando de 'discurso de ódio'. Há dezenas de páginas que violam os termos de serviço da rede social de forma constante".
Lobby das redes sociais
No mês passado, o presidente executivo do site conservador 'Breitbart News', Steve Bannon, apoiador da regulamentação das grandes empresas de tecnologia, tomou forte posição "contra os Lordes do Vale do Silício". Ao mesmo tempo, Google, Facebook e Twitter gastaram milhões de dólares pressionando o Congresso quando cresceu a ameaça de uma regulamentação.
Conforme a CNBC, "o Google gastou 4,17 milhões de dólares no lobby do Congresso no último trimestre", enquanto "o Facebook gastou 2,85 milhões de dólares" e "o Twitter gastou 120 mil dólares".
Em outubro, o CEO de uma grande empresa de publicidade americana chamou o Google de "ditador" do mercado publicitário, enquanto um relatório da revista 'Vice' mostrou os planos do CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, de "influenciar a política americana para as gerações vindouras". O fundador da rede social já deu a entender que, no futuro, pretende se candidatar à presidente dos Estados Unidos.

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