Novo 'Feira Hoje': Egberto Costa, Sérgio Carvalho,
Tasso Franco, dona Irene Irujo, Luís Pedro e Ricardo Araújo
Foto: Reprodução
No site "Bahia Já", o jornalista Tasso Franco
trata sobre a memória politica de Pedro Irujo, recentemente falecido. No
segundo episódio, publicado no dia 27 de setembro, ele narra sobre jornal "Feira
Hoje" e o Sistema Nordeste de Comunicação.
"Um sonho. Nunca chegou a ser efetivado como sistema. Fracassei nessa missão como profissional de comunicação. Não chegou a ser um fracasso porque senti, desde quando começamos a operar nessa direção no sentido de unificar a linguagem e os comandos dessas emissoras, que não havia uma vontade política e determinação efetiva de Pedro. Ou seja, não era um projeto sólido, assentado em bases visíveis", diz.
"Um sonho. Nunca chegou a ser efetivado como sistema. Fracassei nessa missão como profissional de comunicação. Não chegou a ser um fracasso porque senti, desde quando começamos a operar nessa direção no sentido de unificar a linguagem e os comandos dessas emissoras, que não havia uma vontade política e determinação efetiva de Pedro. Ou seja, não era um projeto sólido, assentado em bases visíveis", diz.
Lembra mais: "Num sábado daqueles da
vida, ano 1991, fomos a Feira de Santana conhecer suas rádios e o Feira Hoje -
o jornal tabloide fundado por um grupo de jovens idealistas, nos anos 1970 -
José Carlos Teixeira (seu primeiro editor), Raimundo Pinto, Raimundo Gama,
Dímpino Carvalho e Luís Almeida - e que agora lhe pertencia, e que tinha certa
força na cidade. Moacir Mansur e Ricardo Araújo eram os Ceos de Irujo nesta
cidade.
Quando chegamos no Feira Hoje ele falou sem
meias palavras: - Vamos transformar esse jornal num veiculo maior, mais
poderoso, no modelo e formato de 'A Tarde'.
Achei a ideia ótima porque a imprensa escrita
era meu ramo e a essa altura já havia me designado para cumprir essa missão. Feira,
no entanto, não tinha tecnologia local para isso. Não exista uma máquina
rotativa na cidade. O 'Feira Hoje' era impresso em máquina plana, folha a
folha.
O jornal já havia sido passado, ao longo do
tempo, entre 1970/1990, a Alfredo Falcão e José Olímpio, e depois a Modezil
Cerqueira, o qual, dono da TV Subaé/Globo, vendeu as rádios Nordeste e Subaé e
mais o jornal a Pedro, por volta de 1988. Carlos Geilson, hoje, deputado
estadual, era radialista da Subaé, em 1985, ainda com Modezil e depois seguiu
com os Irujo.
Na volta para Salvador falei para Pedro: -
Vamos procurar o representante da Goss, a marca alemã de rotativas, e eu topo
implantar o projeto.
Mudei-me com mala e cuia para um hotel em
Feira, importamos do Rio Grande do Sul, um técnico (Sêo Azis) para instalar as
duas rotativas e a dobradeira no Feira Hoje e mudamos todos os procedimentos
industriais do jornal. E, também, algumas mudanças na redação com o saudoso
Egberto Costa e outros jornalistas.
Era preciso acreditar no projeto. Foram
aproximadamente uns seis a meses meses de trabalho entre a importação das
máquinas, montagem, compra das bobinas de papel, regulagem, treinamento de
pessoal. Tudo do zero porque ninguém fazia isso na cidade.
Na redação foi menos complicado, mas, trabalhoso,
porque mudamos apenas a diagramação, o jornal saindo de tabloide para standard
com mancha gráfica de 52.5 cm x 29.7 cm por página (era tabloide 28 cmx38cm),
igual 'A Tarde' como queria Pedro, e isso implicava numa série de procedimentos
desde a diagramação/industrial, redação e distribuição.
Feira, de lembrança, ainda vivia sua fase
final do jornalismo boêmio e romântico com nossos encontros memoráveis no Ponto
do Zequinha com Anchieta Nery, Dimas Oliveira, Egberto, Antonio José
Larangeira, Jânio Rego, Neire Matos e outros
Fizemos o trabalho na surdina e o jornal foi
as bancas com essa dimensão provocando grande impacto na sociedade local. Uma
intensa repercussão ainda que mais restrita aos meios da própria comunicação e
comunicadores e empresas ligadas a esse sistema - as agências de publicidade,
fornecedores, etc - do que propriamente ao que mais nos interessava: os
leitores.
O jornal avançou pouco em termos de vendas e
havia motivos implícitos nesse comando. Primeiro que Feira sempre teve um
sistema de emissoras de rádio muito forte e esse é um meio mais popular e
barato, do que o meio impresso, A TV Subaé, se TV já não era novidade, em Feira
só a partir dos anos iniciais de 1990 é que ganha força junto ao público,
também um meio mais acessível.
Como enfrentá-los? Fizemos de tudo o que foi
possível ao nosso alcance com Ricardo Araújo e Moacir Mansur atuando integrados
(jornal e rádios Nordeste e Subaé) nessa direção, mas, o 'Feira Hoje', não teve
o grande impacto que esperávamos. Estava começando no Brasil, nessa época, a
era dos sistemas onlines nos jornais e do avanço da Internet, as novas mídias
que surgiam.
Quando o jornal saiu, sem consultá-lo coloquei
no expediente meu nome como Superintendente. Uma sexta a gente no Baby Beef a
papear e ele gozou-me: - Quer dizer que usted és el superintende do 'Feira Hoje'.
Respondi em espanhol: - Soy.
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