Por Dimas Oliveira
"Aquele que estudar cuidadosamente
o passado pode prever os acontecimentos que se produzirão em cada estado e
utilizar os mesmos meios que os empregados pelos antigos. Ou então, se não há
mais os remédios que já foram empregados, imaginar outros novos, segundo a
semelhança dos acontecimentos".
No capítulo XXXIX de
"Discursos", Nicolau Maquiavel trata do estudo do passado para observar
a natureza humana. Cerca de 500 anos depois, o pensamento do florentino é
atual, daí se poder tratar sobre as semelhanças de seus ensinamentos com a
realidade política de hoje.
Em "O Príncipe", sua obra
mais notável, Maquiavel considera os homens como "ingratos, volúveis,
simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro" (capítulo XVII). O
que mudou em cinco séculos? A natureza humana é imutável. Ela é recorrente,
como a história confirma.
Para Maquiavel, o poder político nasce
do mal, condição que é intrínseca ao ser humano, assim como o bem. O próprio
autor se insere nessa questão, pois maquiavélico, encarnação do mal, e
conselheiro que discorreu sobre a liberdade, alertando os dominados contra a
tirania dos poderosos.
O poder está em "O Príncipe"
assim como em "Discursos". Na filosofia política, Maquiavel se
transformou num clássico, pois é sempre citado, mesmo quando não é
compreendido.
A partir de sua obra, o entendimento de
que "o mundo da política não conduz ao céu, mas a ausência da política é o
pior dos infernos".
O certo é que a presença de Nicolau Maquiavel
é concreta na política brasileira, pois uma referência constante no debate pelo
que tem de maquiavélica na desqualificação dos adversários como tem de
maquiavelismo na utilização de práticas astuciosas e traiçoeiras, tão comum no
cotidiano do cenário local, estadual, nacional e internacional.
Nicolau Maquiavel está indelevelmente
impregnado no meio político moderno, como esteve no pretérito.
Artigo publicado na edição desta sexta-feira, 24, do "NoiteDia"
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