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No Domingo de Páscoa

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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

No México, Dia dos Mortos é pura festa



"La muerte está tan segura de alcanzarte, que te da toda una vida de ventaja."
(frase presente nos altares mexicanos, como mostra a foto)

Por Lineia Fernandes

Uma das coisas mais interessantes de poder estudar fora do país é definitivamente conhecer outra cultura, muitas vezes, totalmente diferente da nossa. Este fim de semana, os mexicanos comemoram o Dia dos Mortos. Em relação à data, praticamente a única semelhança com o Brasil é o 2 de novembro, marcado pelo nosso Dia de Finados.
Enquanto os brasileiros recordam seus mortos com muito pesar, vão à missa, levam flores e velas aos cemitérios, os mexicanos literalmente comemoram a data. Pode-se inclusive encontrar algumas particularidades típicas do nosso Carnaval no seu Día de los Muertos - muitas cores, máscaras, fantasias, festas e muita, muita comida e bebida segundo o gosto do freguês ou, melhor dizendo, do morto...
É óbvia a influência do Halloween americano, mas também é certo que a festa tem características diferentes e originais, algo que se mantém preservado na cultura desse povo. Este final de semana, os mortos chegam às casas mexicanas e, muito longe de representar medo, susto ou pesar, eles são reverenciados de todas as maneiras. Assim, vivos e mortos compartilham praticamente tudo. Reza a tradição que a família deve ornamentar um altar para seus mortos e nele são colocados todo tipo de presente para agradar sua alma. A dor e a tristeza desaparecem e cedem lugar ao colorido, à diversão e à alegria de poder oferecer ao morto as coisas das quais ele gosta.
Os mexicanos têm uma maneira interessante de encarar a morte. Pelo menos nesse dia conseguem transformar o peso que nós, brasileiros, por exemplo (ou ocidentais), carregamos no Dia de Finados (ou todos os dias, também depende da crença de cada um).
Para eles, a verdadeira morte seria o esquecimento. E para evitá-lo, no altar, decorado com luxo e muito colorido, sao colocados objetos que reverenciam e representam as preferências do morto - acreditem!, há um pouco de tudo: fotos, a comida e a bedida preferidas pelo defunto... A festa representa de fato um reencontro da família com os parentes que já não estão aqui fisicamente.
E mais interessante ainda é que a festa não se limita aos lares. Impacta a economia mexicana em vários aspectos, as pessoas fazem compras e viajam para comemorar e curtir a data. Muda completamente a paisagem urbana da Cidade do México, assim como também de várias regiões do país. Ruas, praças, shoppings, lojas, restaurantes, instituições públicas e privadas e até museus, tudo é decorado com o altar-oferenda aos mortos. Algumas coisas me fazem lembrar o Carnaval ou o Sao João no Brasil. A festa parece evidenciar a mistura da cultura mexicana com as tradições espanholas. Devoção cristã se mescla com crenças pré-hispânicas e indígenas.
E o ritual também invade o cemitério - as pessoas levam comidas, bebidas, velas, flores coloridas, principalmente, no tom laranja, a tradicional cempasúchitl. Bem diferente do que acontece no Brasil, onde este espaço é sagrado e representa dor, tristeza e saudade, no cemitério mexicano no Dia dos Mortos, as pessoas cantam, conversam e comem. E há até mesmo grupos musicais que cantam as músicas preferidas do morto, claro!
Nas panificadoras e supermercados parecem estar os produtos mais concorridos, que não podem faltar nesses dias. O tradicional pão do morto e caveiras (pasmen! é isto mesmo, nao estou louca!) de todos os tamanhos e confeccionadas com muito sabor. As mais disputadas são coloridas, recheadas de doce, ou simplesmente de chocolate. Todos querem e fazem questão de levar a sua para casa - adultos e principalmente as crianças que não têm medo de nada.
Como a tequila é uma bebida típica muito consumida no México, é óbvio também que está presente nos altares. Uma indígena de Tetela del Volcán explicou orgulhosamente a um jornalista a razão de colocar tantas garrafas de tequila no altar do marido: "É que meu marido gostava muito", conta.
Há também vinho e outras bebidas segundo o gosto do defunto; sal para purificar, doces, sucos, cigarros, velas, incenso, crucifixos e obviamente a imagem da Virgem de Guadalupe, símbolo de fé do povo e presença constante nas esquinas mexicanas.
Patrimônio da Humanidade
Em 2003, a Unesco declarou Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade a celebração do Dia dos Mortos, por considerar que a festa é uma das maiores representações culturais do povo mexicano, além de mais antiga e de forte valor entre os grupos índígenas do país.
Artigo da jornalista Lineia Fernandes, publicado em 2009, há sete anos, quando estava em temporada no México

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