No programa "Transnotícias",
apresentado por Dilton Coutinho, na Rádio Transamérica, entrevista do repórter
Ed Santos com o promotor de Justiça Sávio Damasceno, na segunda-feira, 20, sobre a situação do
transporte coletivo:
"Trata-se
de duas ações civis públicas que o Ministério Público propôs. É a conclusão de
um trabalho que vem se arrastando há mais de um ano. Esse trabalho culminou em
duas ações civis públicas. Uma no que tange a qualidade dos veículos que rodam
na cidade e outra na questão do descumprimento das ordens do serviço de
operação obtidas pela Secretaria de Transportes e Trânsito (SMTT)."
Diz mais que "o problema não
foi resolvido após a inspeção. Em março do ano passado a SMTT fez uma inspeção
nos veículos e não foi satisfatória. Esses veículos com pendência não
retornaram para tirar essas pendências tanto é que praticamente nenhum veículo
roda hoje com o selo de vistoriado e aprovado da SMTT. Depois dessa vistoria o
Ministério Público firmou com a SMTT um termo de ajustamento de conduta, para
que essas empresas passassem a sua frota numa inspeção veicular mecanizada, a
ser realizada por uma empresa particular independente. Essa inspeção foi feita
de uma forma muito tranquila. As três empresas particulares que existem em
Feira de Santana participaram dessa inspeção, de forma que não houve privilégio
nenhum a nenhum empresário. Dos 186 veículos que passaram por essa inspeção,
184 foram reprovados. A situação hoje é Feira de Santana é que se fosse aplicar
o Código de Trânsito Brasileiro, a grande maioria ou a totalidade dos veículos
poderiam ser lacrados e recolhidos da garagem. Se de um lado nos preocupamos
com a segurança dos passageiros, também nos preocupamos com a continuidade do
serviço, que é um serviço que não pode parar. Não é possível dizer que essa
descontinuidade seria menos ou mais prejudicial à comunidade do que os veículos
rodando na condição em que estão."
Segundo o promotor, "o
trabalho do Ministério Público é também tentar resolver o problema. Não é só
propor ações, processar e sancionar. O Judiciário já está abarrotado de ações.
Temos que lidar com uma certa demora do Judiciário. O Ministério Público vem de
forma incansável tentando solucionar o problema através de acordo através de
reuniões e buscando parcerias, estando ao lado da Prefeitura, da SMTT, das
empresas de ônibus buscando uma solução que fosse ótima. Só após esgotar todas
as possibilidades é que culminamos na última alternativa que foi a ação
judicial. Existem normas técnicas que regem aquilo que deve constar nos
veículos. Abordam desde itens de segurança, até alguns requisitos que não são
necessariamente de segurança. Desde falhas na mecânica de suspensão, de
vazamento de óleo, parte elétrica até a sinalização dos faróis, sinalização de
saída de emergência, sinalização de assentos prioritários. São normas técnicas
que abordam diversos aspectos do veículo."Segundo o promotor, "a
última alternativa já foi adotada, que é a ação, onde o Ministério Público pede
para que as empresas comprovem através de novos laudos. Não adianta ficar
discutindo. É uma questão fácil de ser comprovada e só se comprova a adequação desses
veículos através de laudos com a assinatura de um engenheiro da área de
transporte. O Ministério Público pede que as empresas comprovem essa qualidade
e adequação dos veículos. Caso contrário, estamos diante de um caso claro de
quebra contratual. Nós pedimos que o juiz declare a caducidade do contrato. A
Lei de Concessões prevê mecanismos para que o Poder Público Municipal adote
medidas para solucionar esse problema. A partir do momento que o Poder Público
sinalizar a adoção de alguma medida, o Ministério Público se coloca à inteira
disposição do Município como parceiro para ajudar a melhorar a qualidade desse
serviço e garantir a continuidade do serviço. Nós temos que estar atentos a não
atuar de forma a conceder ao Município um cheque em branco para que ele
contrate sem licitação de emergência alguma outra empresa. Se as empresas não
comprovarem a qualidade desses veículos, o contrato tem que ser declarado
quebrado, mas o Ministério Público pedir que contrate outra empresa é um campo
vasto para a corrupção. Eu não estou dizendo que Feira de Santana tem essa
característica de corrupção, mas temos que antever os problemas e agir de forma
precavida."
O promotor contou ainda na entrevista que "além da má qualidade dos
veículos, o Ministério Público suspeitava do descumprimento por parte dessas
empresas das linhas contratadas. O valor da tarifa é calculado pela
quilometragem rodada. Elas rodam sobre itinerários fixos. Nós solicitamos das
84 linhas existentes na cidade os tacógrafos de 13 durante um mês. Anisando os
equipamentos constatamos que as empresas rodaram a menos mais de 166 mil
quilômetros. Gerou para a empresa uma economia de R$ 1.075.000,00. As empresas
estão recebendo e não estão cumprindo o que está no contrato. Abrimos outra
ação e no bojo dessa ação pedimos que reconhecido esse descumprimento do
contrato, haja a caducidade do contrato. Para provar que os veículos começam a
rodar no horário certo e param apenas no horário contratado e cumprem com toda
a rota, deve-se apresentar os novos tacógrafos. Por isso recebíamos reclamações
de ônibus lotado, atrasados e pontos de ônibus cheios."
Nenhum comentário:
Postar um comentário