Por Augusto Nunes
Pela segunda vez em menos de um
mês, centenas de milhares de manifestantes, espalhados por mais de 500
municípios de 22 Estados e do Distrito Federal, saíram às ruas neste 12 de
abril para condenar a corrupção impune e a incompetência endêmica, ambas
institucionalizadas pelos governos lulopetistas - e exigir o imediato despejo
da presidente Dilma Rousseff. Em qualquer paragem do planeta, tamanha onda de
atos de protesto promovidos pela oposição real (e agora majoritária) seria um
fato político de alta relevância.
É muito
mais que isso num Brasil em que só se vê multidão ao ar livre no Carnaval, na
parada gay, no réveillon ou nas grandes celebrações evangélicas. Trinta anos
depois da campanha pelas Diretas-Já, o Brasil decente redescobriu a rua - e vai
aprendendo que esse é o caminho mais curto para o futuro. Duas mobilizações de
grosso calibre bastaram para chancelar a mudança de dono dos espaços urbanos
aparentemente expropriados pelo PT. As ruas agora pertencem aos país que pena e
presta. Passaram ao controle dos incontáveis democratas unidos em torno de
palavras de ordem: Fora Dilma! Fora PT! Fora Lula! Fora corruptos!
Unificadas
as inscrições nos cartazes e faixas, integrantes dos maiores grupos envolvidos
na organização do movimento Impeachment Eles vêm desmatando trilhas que
contornam armadilhas e driblam tocaias com a determinação de quem só admite
descansar depois de atingidos os alvos prioritários e lancetados os tumores que
determinam a indignação coletiva. Há pouco, participei na TVEJA de um debate
sobre o 12 de abril ao lado de Joice Hasselmann, Carlos Graieb, Marco Antonio
Villa e Ricardo Setti. Não deixem de ver o vídeo. Lá está tudo o que
tenho a dizer sobre mais um dia com alguns parágrafos já assegurados nos livros
que tentarão decifrar estes tempos estranhos.
"Abril
é o mais cruel dos meses", avisa o poeta T. S. Elliot num verso de "The Waste
Land". O primeiro trimestre inteiro foi impiedoso com Dilma e seu partido, mas o
quarto mês do ano tem sido exemplarmente feroz. Nesta sexta, o índice da
inflação anual e a taxa de desemprego passaram a rondar a fronteira dos dois
dígitos. No sábado, a constatação menos desoladora extraída da pesquisa
Datafolha informou que o raquítico índice de aprovação da governante à deriva
não piorou. No domingo, Hoje, os acólitos de Dilma e os devotos de Lula quase sucumbiram
a um surto de euforia ao saberem que as manifestações de rua foram menos
portentosas que as de 15 de março.
Talvez
sejam apenas cínicos. Talvez estejam homiziados num mundo imaginário. Em
qualquer hipótese, os incapazes capazes de tudo não entenderam nada, não
aprenderam nada. Pior: os parceiros de bando nem desconfiam que agonizam
brincando com fogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário