Por Reinaldo Azevedo
O PT realiza na Bahia,
entre 11 e 14 de junho, seu 5º Congresso. É a hora em que partido recebe
e debate as "teses" de suas várias correntes. Desta vez, todas elas falam numa
espécie de "resgate", de retomada do verdadeiro PT, como se este que conhecemos
fosse o falso; como se este que aí está fosse uma invenção dos adversários;
como se este que aí está fosse uma distorção de algo que é perfeito no mundo
das ideias. Esse misto de platonismo com cara de pau repete a mistificação
histórica das esquerdas: o socialismo, em essência, seria bom, os socialistas
equivocados é que o corromperam… Nesse congresso de junho, o partido
tenta se levantar dos escombros.
Mas será que consegue?
Na sexta-feira, publiquei aqui uma resolução da
direção nacional da legenda. Trata-se de um dos documentos mais delirantes de
sua história. Segundo os companheiros, existe uma "escalada das forças
conservadoras", de "caráter reacionário", para "derrotar a administração de
Dilma" e "revogar conquistas históricas do povo brasileiro". A direção do
partido não economiza: o Parlamento seria formado hoje por uma "maioria
conservadora", empenhada em implementar "contrarreformas". Ou por outra: o
partido que detém o maior número de deputados da Câmara elegeu o Congresso como
seu adversário. Assim, saibam: sempre que deputados e senadores petistas se
manifestarem, estarão empenhados em diminuir as prerrogativas do próprio Poder
que eles integram.
Que coisa! O PT não
acusa seus adversários de erro. O PT não acusa seus adversários de
insensibilidade social. O PT não acusa seus adversários nem mesmo de se
mobilizar para defender privilégios eventualmente em curso. Não! Para os
valentes, os que se opõem ao petismo têm o propósito deliberado de punir os
mais pobres. No Parlamento, como se vê, não existiriam nem adversários nem
aliados, mas uma maioria dedicada a prejudicar o povo brasileiro.
Segundo o petismo, a
conspiração em curso uniria os interesses de classe das elites que perderam o
poder a partir de 2003 e setores da mídia que exerceriam o monopólio da
informação. Perguntas rápidas, óbvias e sem resposta: que elite é essa que
estaria contra o PT? Os industriais? Os bancos? Os empreiteiros? Não foram
esses mesmos os grandes financiadores da legenda nesses 13 anos? Por que o
partido não dá os nomes dos ditos monopolistas da mídia?
O documento faz a defesa
do "companheiro João Vaccari Neto" e acusa instâncias do estado - como a
Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário - de protagonizar um "espetáculo de atropelos legais" a serviço de "forças antipetistas". Sim, meus
caros! Para esses iluminados, o Brasil se divide em dois grupos: os que estão
com eles e os que estão contra eles. E, para que se esteja contra eles, basta
que não se esteja com eles. Os celerados não perceberam que, se essa
formulação, antes, chegou a render benefícios ao partido, rende, hoje em dia,
ainda mais desgaste. Posta hoje diante desta dicotomia - ou se é petista ou se
é antipetista -, a maioria dos brasileiros decidiu não ser escrava de ninguém:
é antipetista.
O documento expõe a
pauta de uma luta ensandecida contra o regime democrático, que compreende:
a: uma dita frente político-social unindo o partido, os sindicatos e o MST;
a: uma dita frente político-social unindo o partido, os sindicatos e o MST;
b: constituinte
exclusiva - proposta de inspiração obviamente bolivariana - para fazer a
reforma política;
c: proibição da doação de empresas a campanhas;
d: financiamento público de campanha:
e: voto em lista, cassando dos brasileiros o direito de escolher seus deputados;
f: arranca-rabo de classes, com medidas contra os chamados "ricos";
g: mobilização contra o PL 4330, das terceirizações, o que só é bom para os sindicalistas;
h: mobilização contra a PEC 371, da redução da maioridade penal, o que só é bom para os bandidos;
i: mobilização contra a PEC 215, que atribui ao Legislativo um papel mais ativo na demarcação de terras indígenas, o que só é bom para os picaretas.
c: proibição da doação de empresas a campanhas;
d: financiamento público de campanha:
e: voto em lista, cassando dos brasileiros o direito de escolher seus deputados;
f: arranca-rabo de classes, com medidas contra os chamados "ricos";
g: mobilização contra o PL 4330, das terceirizações, o que só é bom para os sindicalistas;
h: mobilização contra a PEC 371, da redução da maioridade penal, o que só é bom para os bandidos;
i: mobilização contra a PEC 215, que atribui ao Legislativo um papel mais ativo na demarcação de terras indígenas, o que só é bom para os picaretas.
Em certa medida, talvez
devamos todos saudar esse documento. Afinal de contas, o partido reitera a
pauta que hoje faz com que a maioria do povo brasileiro grite nas ruas, em
número crescente: "Fora PT. Fora Lula. Fora Dilma".
Para encerrar: o partido
lamenta a "ocupação das ruas contra o governo" e "clima de condenação
moral contra o PT a partir de notícias distorcidas sobre investigações
de corrupção na Petrobrás". Que coisa! Viver para ver os petistas contra o
povo na rua. A síntese das sínteses: o PT dá início, assim, à campanha de
ódio à democracia.
O PT, em suma, está
cansado do povo brasileiro e agora busca maneiras de tirá-lo da jogada. Mas o
povo não vai deixar e diz "não".
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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