Por Reinaldo Azevedo
Pesquisa CNI/Ibope
divulgada nesta quarta indica que apenas 12% dos brasileiros consideram o
governo ótimo ou bom, contra 64% que o veem como ruim/péssimo. Para 23%, ele é
regular. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. O instituto
ouviu 2.002 pessoas em 142 cidades, entre 21 e 25 de março. Os números são
compatíveis com a pesquisa Datafolha divulgada no dia 18: 13% de ótimo ou bom e
62% de ruim ou péssimo. Ainda segundo o Ibope, apenas 24% dizem confiar na
presidente, contra 74% que não confiam. Apenas 19% aprovam o governo, contra
78% que o desaprovam. Resultado assim só nos piores momentos dos governos
Sarney e Collor.
O que significam esses
números e o que eles implicam? Vamos lá. Comecemos pelo significado: a inflação
está acima de 8%; os juros, em 12,75%; e a economia, em recessão. Dilma foi
obrigada a cortar gastos e a dar choque de tarifa na energia elétrica em razão
da herança maldita que recebeu. Ocorre que essa herança vem do… primeiro
governo Dilma. É crescente a sensação - endossada pelos fatos - de que a
Petrobras era um covil. E é evidente que isso contamina o governo.
O que esses números
implicam? Que os protestos de rua vão continuar porque a insatisfação é grande,
vai se generalizando, e as respostas do governo e do partido oficial, o PT, até
aqui são pífias - quando não atentam contra o prestígio da própria Dilma. Desde
o início, o partido cometeu o erro estúpido de achar que se tratava de um
descontentamento restrito ao que o partido tachava de "elite". Nem Lula, na sua
megalomania falastrona, diria que 78% dos brasileiros agora pertencem à… elite.
Enquanto os petistas
continuarem a protagonizar os espetáculos de cinismo como o visto nesta terça,
no Sindicato dos Bancários, pior será a reação dos brasileiros. Num suposto ato
em defesa da Petrobras, Lula e Rui Falcão praticamente cobraram que José Sérgio
Gabrielli, que presidiu a estatal durante o período da sem-vergonhice
explícita, fosse ovacionado como herói. Embora reconhecendo o direito que têm
as pessoas de protestar (só faltava fazer o contrário), o chefão petista
insistiu na tese de que a ladroagem era obra de alguns indivíduos que buscavam
enriquecer e negou que a dinheirama tenha sido desviada para partidos políticos.
Nas redes sociais e nos
blogs sujos - financiados com dinheiro oficial -, a palavra de ordem é
demonizar ainda mais os adversários, os críticos e os descontentes, o que,
obviamente, só extrema o… descontentamento. Desde o começo dessa crise, tenho
insistido na tese de que o PT e Lula ainda não entenderam que houve uma mudança
de qualidade na sociedade brasileira. O velho discurso não cola mais.
Num texto nesta manhã,
afirmei que tanto o PT como Lula morreram. Alguns tontos insistem em não
entender. O PT morreu como partido com tentações hegemônicas, e Lula morreu
como demiurgo, capaz de reduzir todas as divergências a suas antevisões
fantasiosas.
Não sei, a esta altura,
se Dilma tem saída. Mas estou convicto que de que ela pode tentar aquela que
seria a sua única possibilidade: deixar o PT, despetizar o governo e o Estado e
tentar um governo dos virtuosos, nos estritos limites das instituições, sem
discurso salvacionista.
À diferença daquele
poema de Manuel Bandeira, nem o pneumotórax nem o tango argentino são
alternativas para a presidente.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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