Por Reinaldo Azevedo
O Datafolha anuncia que registrou uma nova pesquisa no TSE. As entrevistas
já começam a ser feitas nesta quinta. O resultado deve vir a público no sábado
ou no domingo. Tudo indica que será antes de o PSB decidir se Marina Silva será
ou não a substituta de Campos. Dois cenários serão testados: com a líder da
Rede em lugar de Campos e com candidato nenhum. Pois é… E se o nome do PSB for
J. Pinto Fernandes?
Cada um faça o que quiser. Eu escrevo o que penso: acho que sob o
impacto da morte de Campos - que não tende a durar no tempo, não com a mesma
intensidade ao menos -, o resultado pode trazer uma distorção importante.
Marina sempre teve um percentual acima de Campos. Eu mesmo lembrei
aqui que, no último Datafolha em que seu nome foi testado, ela apareceu com
27%; ele, com 14% - depois murchou. Mais: Marina aparecerá intensamente no
noticiário nestes dias.
Há fatores conjunturais aí que podem interferir de maneira
importante no resultado. Um dado como esse também tende a criar impacto no
partido: um eventual número vistoso, dadas as circunstâncias, praticamente
impõe o nome de Marina sem condicionantes. Em vez de ela negociar com o partido - já que a sua pauta é outra -, podem-se criar as circunstância para se dar o
contrário: o partido ter de negociar com ela.
E não é só: Campos, o PSB e a sua postulação jamais terão merecido
o destaque que necessariamente terão nestes dias. As circunstâncias trágicas
não alteram um dado da realidade. O natural é que haja um movimento de
solidariedade misturado a piedade. Aliás, espero que assim seja, se querem
saber. Os que não se comovem diante de uma tragédia como essa, digo sem medo de
errar, não são pessoas emocionalmente recomendáveis…
Se alguém acha que estou a fazer considerações em favor desse ou
daquele, erra o alvo. Há o risco até de a candidatura do PT sofrer um impacto
negativo. Como ignorar que a hashtag #foiaDilma chegou a integrar os
trending topics do Twitter? É claro que se trata de uma bobagem, meio asquerosa
até, mas as ondas vão se criando. Até no programa diário que faço na Jovem Pan - Os Pingos no Is -, surgiram hipóteses conspiratórias. É evidente que não vou
ficar aqui a negar essa possibilidade porque não faz nenhum sentido. Mas é
preciso ficar claro que uma Marina candidata é um cenário pior para Dilma -
quando menos porque elimina de vez a vitória no primeiro turno.
Mais: a esta altura, nem se sabe ao certo quando será feita a
cerimônia de sepultamento. Vamos acompanhar a coisa nas próximas horas. Será
preciso fazer exame de DNA para identificar os restos mortais dos sete
ocupantes do avião.
"Ah, mas é interessante saber o que as pessoas pensam, assim, logo
depois da tragédia…" É, sim. Mas cabe indagar se, nesse caso, uma pesquisa não
se torna, além de medidor de opiniões e escolhas, também um fator eleitoral.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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