No lançamento do documentário "O Imaginário de Juraci Dórea no
Sertão: Veredas", de Tuna Espinheira, na noite de terça-feira, 15, no Centro de Cultura Amélio Amorim, a distribuição de folheto com textos do próprio Tuna ("A hora e a vez do filme"), de Josias Pires ("Sobre a impermanência da memória") e de Dimas Oliveira ("Retrato em movimento de um projeto"), que se segue:
Quando tudo já havia sido experimentado, perto do final do século passado,
Feira de Santana, através de seu artista símbolo, Juraci Dórea apareceu na
décima oitava edição da Exposição Internacional de Arte - a Bienal de Veneza.
A abertura foi no dia 26 de junho de 1988 e eu estava
lá acompanhando o artista com sua obra aberta, de uma singularidade
significativa que se ocupava em buscar a afirmação de uma identidade brasileira
e as raízes culturais.
Mais de um quarto de século depois, a mesma obra de
Juraci Dórea, com cor, cheiro e alma da terra, é tema de documentário de um
cineasta antenado, Tuna Espinheira, "O Imaginário de Juraci Dórea no
Sertão: Veredas". De novo, estou presente na realização.
Nas belas imagens captadas a transposição do pardo
requeimado das caatingas, cenário de esculturas de couro e madeira.
Em Veneza, espinhos, cascalho e bosta de vaca foram
componentes da instalação no pavilhão brasileiro, sendo que este último causou
certo frisson na considerada bem-comportada Bienal, pois sendo polemizado,
ganhando espaço em jornais como "Il Gazzettino" e "Corriere
Della Sera". Então, ficou a constatação de um equívoco: os sensíveis
narizes europeus não conseguiram entender que o cheiro era do couro curtido
utilizado nas esculturas e não do estrume que compunha o ambiente.
Agora, a criação estética cinematográfica de Tuna
amplia mais ainda a autenticidade do trabalho Juraci, com sensibilidade e
qualidade nas imagens. Um retrato em movimento de um projeto artístico
feirense, baiano, brasileiro, universal. Que os olhos de todos assistam,
contemplando os "52 sertanejos minutos" da lavra do cineasta. La nave va...
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