Por Reinaldo Azevedo
O deputado petista André Vargas, do Paraná,
vice-presidente da Câmara e do Congresso e um dos braços de Lula no PT, está se
esforçando para me fazer chorar de emoção. Até agora, não conseguiu. Cada vez
mais com cheiro de Demóstenes Torres, o ex-senador que era uma referência de
ética e caiu em desgraça quando flagrado em conversas suspeitas com o bicheiro
Carlinhos Cachoeira, Vargas ocupou a tribuna da Câmara para tentar explicar o
fato de o doleiro Alberto Yousseff, que está preso, ter custeado o aluguel de
um jatinho para levá-lo e a mais oito pessoas de sua família para uma viagem de
férias a João Pessoa.
Pois é… Vargas já chegou a dizer que imaginava que
o voo fosse uma carona; aí inventou que teria arcado com o valor do combustível - R$ 20 mil. Nesta quarta, sem saída, admitiu que não pagou um tostão. A
empresa que alugou o jatinho informa que o presentinho do doleiro para o
deputado petista custou R$ 100 mil. Em uma das gravações feitas pela Polícia
Federal, Vargas se mostra grato a Youssef com palavras ternas: "É coisa de
irmão". Nem diga! Coisa de irmão rico, né?
O discurso foi patético. O petista admitiu conhecer
Youssef há mais de 20 anos, mas, ora vejam, assegurou ter ficado sabendo de
suas atividade ilícitas "pela mídia". Que mimo! O doleiro foi um dos
protagonistas do chamado "Escândalo do Banestado", que apurou remessa ilegal de
divisas para o exterior de US$ 30 bilhões. À época, fez delação premiada, pagou
R$ 1 milhão de multa e não foi processado. E voltou às atividades de sempre. Na
investigação de agora, apelidada pela PF, muito apropriadamente, de Lava-Jato,
ele é acusado de envolvimento com um esquema que movimentou R$ 10 bilhões. Para
a Polícia, Vargas e Youssef mantêm uma sociedade.
O deputado foi flagrado ainda fazendo lobby em
favor da Labogen, um laboratório que tem capital social de R$ 28 mil e que havia
fechado um contrato de R$ 150 milhões com o Ministério da Saúde para
fornecimento de remédios. Como a "empresa" não tem planta industrial, a
encomenda seria feita a um outro laboratório por R$ 60 milhões, e nada menos de
R$ 90 milhões seriam embolsados. Nesta quarta, Vargas diz que estava apenas
marcando um contato. Entendo. Ocorre que a Labogen, oficialmente, não pertencia
a Youssef, o seu amigo. Só essa empresa enviou ilegalmente ao exterior US$ 37
milhões. O contrato foi assinado pelo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
candidato do PT ao governo de São Paulo.
Os deputados ouviram entre perplexos e incrédulos
as explicações de Vargas. Uns poucos o aplaudiram de modo desenxabido. O
petista tem falado até em renúncia. Pois é… Se o fizesse, ele certamente
somaria um pouco de qualidade à vida pública brasileira. Vargas, insisto, não é
um peixinho pequeno do PT, não. Já foi secretário de comunicação do partido e é
um dos principais incentivadores dos chamados blogs sujos, aquelas páginas
alimentadas com dinheiro público para atacar a oposição, setores do Judiciário e
a imprensa independente. Foi um dos principais articuladores da queda de Helena
Chagas, ex-secretária de Comunicação Social, é um crítico tão fanático de
Joaquim Barbosa como defensor fanático dos mensaleiros, além de ser obcecado
pelo chamado controle da mídia, um nome simpático para censura. Ah, sim: também
é um dos expoentes da turma do "Volta, Lula".
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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