Por Reinaldo Azevedo
Como faltam informações, então tomem letras
garrafais: "Forças Armadas vão investigar torturas em centros militares" - e
variantes disso. Mais ou menos. As Três Forças decidiram abrir sindicância para
a eventual coleta de dados que confirmem práticas irregulares em sete
dependências militares, a saber:
No Rio de Janeiro:
- Destacamento de Operações de Informações do I Exército (DOI/I Ex);
- 1ª Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar;
- Base Naval da Ilha das Flores;
- Base Aérea do Galeão;
- Destacamento de Operações de Informações do I Exército (DOI/I Ex);
- 1ª Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar;
- Base Naval da Ilha das Flores;
- Base Aérea do Galeão;
Em São Paulo:
- Destacamento de Operações de Informações do II Exército (DOI/II Ex);
- Destacamento de Operações de Informações do II Exército (DOI/II Ex);
No Recife:
- Destacamento de Operações de Informações do IV Exército (DOI/IV Ex);
- Destacamento de Operações de Informações do IV Exército (DOI/IV Ex);
Em Belo Horizonte:
- Quartel do 12º Regimento de Infantaria do Exército.
- Quartel do 12º Regimento de Infantaria do Exército.
A decisão atende a um pedido feito pela Comissão
Nacional da Verdade, aquele grupo interessado em destacar os aspectos
moralmente superiores e martirizados de um dos lados e os moralmente inferiores
e perversos do outro. É aquela comissão que transforma um Marighella em herói e
que, se pudesse, mandaria para a cadeia o sargento da esquina. Que se chamasse "Comissão Nacional da Revisão da História", vá lá. Não seria mentirosa ao menos
no nome.
Só para registro: já houve outras comissões e
sindicâncias antes. Como não chegaram a resposta pretendida, vai-se tentar mais
uma vez. É o esforço permanente para que o mundo dos mortos possa dar uma
forcinha ao mundo dos muito vivos.
Gente como Franklin Martins ou Carlos Eugênio da
Paz, por exemplo, não precisam explicar nada. Basta correr para o abraço. Não
adianta a grita. Não mudo de ideia, não! Se é para contar a verdade, então que
se conte a… verdade!
Li em algum lugar que punir os torturadores, mas
não o terroristas, faz sentido porque estes já triam sido processados e punidos
pelo regime. Uma ova! Peguemos o mais influente deles hoje em dia: Franklin
Martins. Ele ficou preso, sim, por menos de três meses em 1968, mas quem disse
que respondeu pelos crimes que praticou - sequestro inclusive? Não respondeu,
não! E nem defendo que seja submetido agora a processo. Por isso houve a Lei da
Anistia: para ele, para outros como ele, mas também para o "outro lado".
"Ah, mas quem disse que são faces opostas de uma
mesma narrativa?" São, sim! É Franklin que não me deixa mentir. É ele quem
confessa que teria, sim, executado o embaixador sequestrado. Alguns dirão: "A
questão é política, não pessoal!" Sem dúvida! Ele estava certo de que aquilo
era parte da revolução. E os torturadores estavam certos de que estavam a
combater o comunismo. Quem é mais moral? Ninguém. São amoralidades opostos e
complementares.
De resto, admita-se: a esquerda sempre foi muito
mais eficiente como máquina de matar. Todo o aparato repressivo no Brasil fez
424 cadáveres. Meia-dúzia de terroristas armados mataram, no mínimo, 120 pessoas - muitas delas nem estavam na luta política ou só cumpriam ordens.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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