Por Gabriel Castro e Hugo Marques, na VEJA.com:
O Programa Minha Casa, Minha Vida é uma das principais apostas eleitorais da presidente Dilma Rousseff para 2014, dada a escassez de grandes realizações que possam cativar o eleitor e garantir um segundo mandato à petista. O governo aposta tanto na divulgação do programa que, em 2013, despejou uma quantidade desproporcional de recursos apenas para fazer propaganda dele.
O Programa Minha Casa, Minha Vida é uma das principais apostas eleitorais da presidente Dilma Rousseff para 2014, dada a escassez de grandes realizações que possam cativar o eleitor e garantir um segundo mandato à petista. O governo aposta tanto na divulgação do programa que, em 2013, despejou uma quantidade desproporcional de recursos apenas para fazer propaganda dele.
Dados cedidos pela Caixa Econômica Federal a pedido do líder da
minoria na Câmara, Nilson Leitão (PSDB-MT), mostram a repentina elevação de
gastos com publicidade: em 2011, foram 261 000 reais. No ano seguinte, 1,7
milhão. Em 2013, até o fim de julho, a Caixa já havia destinado 15,7 milhões de
reais para divulgar o programa. Mesmo que o banco público não gaste mais um real
até o fim do ano para propagandear o programa habitacional, o valor significará
um aumento de 823% na comparação com todos os gastos de 2012 - e de 5.900% em
relação a 2011.
A Caixa não apresenta uma explicação clara sobre a elevação de
gastos. Diz que, no montante, estão ações de esclarecimento aos participantes
do programa. "A campanha teve como objetivo de prestar, de forma transparente,
orientações aos beneficiários que estavam recebendo as chaves de imóveis do
MCMV - tais como a conservação e manutenção da moradia, condições de instalação
do sistema elétrico e hidráulico, economia de água e energia, dentre outros
pontos importantes”, informa nota emitida pela assessoria de imprensa da Caixa
Econômica Federal ao site de VEJA. Mas o que se viu nos últimos meses foi uma
profusão de peças de publicidade para atrair novos participantes para o
programa, estreladas pela atriz Camila Pitanga e a apresentadora Regina Casé. A
Caixa, aliás, não revela o preço pago a elas: diz que o cachê é uma informação "estratégica".
Somando os governos Lula e Dilma, 1,3 milhão de pessoas obtiveram
a casa própria por meio do programa, de um total de 2,9 milhões de adesões. A
meta é atingir 3,4 milhões de contratos no fim de 2014. O deputado Nilson
Leitão agora vai pedir à Caixa que esclareça se o aumento nos gastos com
publicidade foi acompanhado de um crescimento proporcional nos empreendimentos
do programa. A pergunta é meramente retórica, já que a resposta será
evidentemente negativa. "É um gasto apenas promocional para o governo; não muda
em nada a vida do cidadão", queixa-se o parlamentar. A elevação dos gastos com
publicidade do Minha Casa, Minha Vida ocorre no momento em que a inadimplência
disparou: como mostrou VEJA há um mês, entre as famílias com renda mensal de até
1 600 reais, o índice chega a 20% - número dez vezes maior que a média dos
financiamentos imobiliários no país.
Cifras
Os gastos gerais do governo com publicidade também subiram. Levantamento feito pela ong Contas Abertas a pedido do site de VEJA mostra que os valores empenhados chegaram a 177,7 milhões de reais neste ano, comparados com 173 milhões de reais no ano passado inteiro. O cálculo leva em conta dados do Orçamento e exclui as estatais, como a própria Caixa. O aumento ocorre acompanhado de uma nítida mudança na estratégia de comunicação da presidente Dilma Rousseff, já de olho nas eleições de 2014. Dilma abriu uma página no Facebook e passou a usar o Twitter diariamente, além de priorizar eventos que possam garantir exposição positiva nos meios de comunicação.
Os gastos gerais do governo com publicidade também subiram. Levantamento feito pela ong Contas Abertas a pedido do site de VEJA mostra que os valores empenhados chegaram a 177,7 milhões de reais neste ano, comparados com 173 milhões de reais no ano passado inteiro. O cálculo leva em conta dados do Orçamento e exclui as estatais, como a própria Caixa. O aumento ocorre acompanhado de uma nítida mudança na estratégia de comunicação da presidente Dilma Rousseff, já de olho nas eleições de 2014. Dilma abriu uma página no Facebook e passou a usar o Twitter diariamente, além de priorizar eventos que possam garantir exposição positiva nos meios de comunicação.
José Matias-Pereira, professor de administração pública da
Universidade de Brasília, diz que somente a cobrança da sociedade pode impedir
abusos com o uso de verbas públicas para promoção eleitoral. "Nós temos que
assumir uma postura mais proativa e agressiva, no bom sentido, para cobrar
resultados dos governantes, e não publicidade. Quanto pior o desempenho de um
governante, maior a tendência dele de gastar o dinheiro com publicidade", diz.
Ele também critica a mistura entre público e privado: "O eleitor está sendo
chamado para pagar uma conta que, na verdade, tem por trás dela interesses
políticos, de grupo e pessoais".
Há outra explicação relevante para a elevação dos gastos já em
2013: pela lei, o governo só pode gastar com publicidade em ano eleitoral
aquilo que já havia gasto no ano anterior. Esticar a corda já em 2013 é
garantir a possibilidade de gastos maiores no ano que vem.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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