Por Ricardo Noblat
Indique a resposta certa:
Por que Lula repete com
tanta insistência que o PT não precisa da opinião de "formadores de opinião"
para saber como se comportar com decência?
Opção A: Porque a opinião dos "formadores
de opinião" rejeitada por ele costuma ser contrária ao modo de o PT se
comportar. Se fosse favorável, ele não reclamaria;
Opção B: Porque detesta "formadores de
opinião" em geral e alguns em particular. Beneficia-se da opinião daqueles que
o reverenciam, mas nem desses gosta muito;
Opção C: Porque a crítica aos "formadores de
opinião" lhe garante largo espaço nos meios de comunicação. Isso massageia seu
ego e atrai a solidariedade dos petistas;
Opção D: Nenhuma das opiniões acima;
Opção D: Nenhuma das opiniões acima;
Opção E: Todas as opiniões acima.
(Não responda sem antes refletir um pouco. Lula é um
cara complexo. Salvo a turma de sua época de sindicalista, poucos o conhecem de
fato. Por esperto, espertíssimo, engana correligionários e adversários com
facilidade. Com frequência não diz o que pensa, mas o que seus interlocutores
querem ouvir. E depois faz o que quer. Em resumo: é um político nato à moda
antiga. Mais para samurais do que para ninjas.)
De volta ao questionário.
Cravou uma das opções?
A certa a meu ver: a opção E (Todas as opiniões acima).
Lula trata o PT como um
filho. Por sinal, vive comparando o PT a um filho desde a época do estouro do
escândalo do mensalão. Disse algo assim: "Qual o pai que pode saber o tempo
todo o que seus filhos estão fazendo?"
Com isso quis se declarar
inocente.
Entre ser entrevistado ao
vivo pelo Jornal Nacional no dia seguinte à sua eleição em 2002 e começar a
apanhar quando Roberto Jefferson denunciou o suborno de deputados, foi um pulo.
Ali acabou a lua de mel de Lula com a imprensa.
Saiu de cena o
ex-sindicalista que passou a perna em todo mundo e alcançou a presidência da
República. Entrou o ex-sindicalista que se dizia perseguido pelas elites -
embora elas jamais tenham lucrado tanto quanto no governo dele, embora ele as
tenha paparicado sempre que pode, embora elas, hoje, torçam por sua volta ao
poder.
O fato de não ter estudado
porque não quis e de ter sucedido alguém que nunca parou de estudar alimentou
em Lula um certo desprezo por aqueles que sabem pensar e expressar o que
pensam.
Como se acha bem-sucedido -
e de fato o é - imagina-se merecedor de todos os elogios possíveis e um
injustiçado quando eles escasseiam. Ou quando são superados pelas censuras.
Disse um dia (cito de
memória): "Gosto de publicidade. De notícias, não".
Existe publicidade positiva
e negativa. É da primeira que naturalmente ele gosta. Sobre a notícia ele não
exerce controle. Exerce sobre a publicidade desde que pague a conta. Ou que
tenha quem pague.
Talvez tenha sido o
primeiro político dos tempos interessantes que vivemos a intuir que tratar mal
a imprensa lhe renderia generoso e gratuito espaço na... imprensa. E assim procede
até aqui.
Seus admiradores mais
simplórios apreciam a disposição com que ele destrata jornalistas, formadores
de opinião e os mais poderosos conglomerados de comunicação. Lula lhes fornece
argumentos para justificar todos os passos do PT. E eles se sentem aptos a
travar discussões com seus desafetos.
Não é bacana?
Fonte: "Blog do Noblat"
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