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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vida longa à Jornada de Cinema de Guido Araújo

Por Tuna Espinheira
Era uma vez, na década de setenta... Dr. Walter da Silveira, fazia algum tempo, deixara órfão e à deriva, o cinema baiano. Guido Araújo, ainda recém chegado da Europa, onde passou largo período estudando cinema, resolveu criar a Jornada de Cinema da Bahia, em 1972. Cosme Alves Neto, diretor da Cinemateca do MAM-RJ; Rudá de Andrade, um dos fundadores da Cinemateca de SP; Fernando Coni Campos, Nelson Pereira dos Santos, Olney São Paulo, entre muitos outros, fizeram presença. Um evento, quase caseiro, nesse primeiro momento. Logo-logo tomaria impulso, passaria a Jornada Nordestina, Nacional, e mais tarde Internacional.
Foi durante décadas, o acontecimento cinematográfico, voltado para o cinema cultural, mais importante do Brasil. Um oásis libertário nos anos de chumbo destinado a ser um evento democrático, abria as portas para as inscrições de filmes em Super-8, 16 mm, 35 mm. A linguagem digital ainda estava por nascer. Todos eram projetados e exibidos, nos chamados horários nobres. Principalmente, participavam dos aguerridos debates. Muita polêmica, brigas boas e outras nem tanto. Mas, era assim a Jornada. Ali nasceu a ABD, ganhou sangue novo os Cines Clubes, palco de uma luminosa resistência cultural à ditadura.
É preciso não se perder de vistas que, o cinema baiano, no limbo, recebeu o espinafre do Popeye, através da Jornada. Muitos tomaram gosto, se formaram, contraíram a febre do cinema, pelos contatos, exibições, participação na arena de debates, justamente nesses eventos.
Graças aos ensinamentos do mestre Dr. Walter da Silveira e a saga da Jornada de Guido, existe-resiste o cinema baiano (mesmo ainda movido com produções bissextas, em termos do filme de longa metragem).
Mesmo sabendo estar clamando no deserto, não poderia me furtar de expor minha indignação, por ter lido, nesta quarta-feira, 31 de agosto, em "A Tarde", uma reportagem afirmando que a Jornada, nº 38, vai acontecer entre os dias 9 e 15 de setembro, com um orçamento escandalosamente pífio, desrespeitoso, para um acontecimento que, fez e faz-história. É de lascar! Triste Bahia!

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