Eleições, legalidade e legitimidade - Parte 2

Por Rocha Martinez

A campanha política para as eleições municipais de 5 de outubro continua e está se intensificando em seus diversos atos. Visitas, reuniões, caminhadas, carreatas, e, como não poderia deixar de ser, os comícios, embora sem o charme e a pujança anterior, quando as grandes concentrações, que se transformaram em showmícios, eram realizadas como ápice da atuação na corrida eleitoral.
A televisão eclodiu como vital ingrediente modificativo, atraiu uma parte considerável do eleitorado, principalmente a classe média, que preferiu assistir os debates televisivos no conforto do sofá. Pois bem, José Falcão e Colbert Martins, os dois maiores líderes populares domésticos de Feira de Santana, às vezes, injustamente chamados de populistas, assistiram o ocaso e o alvorecer de duas maneiras de atuação política. Entretanto, Colbert Filho emergiu na forma de atuar posando para as câmeras de televisão, de onde sempre transmitiu a sua imagem e propostas para os eleitores. Porém, não há dúvida que do espólio de seu pai, herdou um legado político, que vem sustentando com razoável sucesso. Foi deputado estadual e por três vezes deputado federal, exercendo o cargo com eficiência, apesar de ter um contato com o povo diferente do exercitado pelo seu pai. Colberzinho, como é carinhosamente conhecido, está presente mais uma vez, a quarta, como candidato a prefeito de Feira de Santana. Apresenta promessas, fala com desenvoltura e é persistente no objetivo de querer ser o alcaide sufragado nas urnas.

Quanto à legalidade, é um aspecto rotineiro nas proposições do candidato, sem qualquer empecilho, até porque não existe qualquer óbice a sua correta conduta como político, que possa impedí-lo de concorrer à próxima eleição.
O outro aspecto a ser abordado é o da legitimidade. O candidato em comento, sempre angariou no universo de votos que o elegeu diversas vezes, uma maior densidade no colégio eleitoral de Feira de Santana, pois que, sua genuína e tradicional base eleitoral. Apesar de comparecer em períodos intercalados, sempre um pouco antes das eleições, podemos afirmar que tem legitimidade para pleitear a chefia do Executivo feirense. Carreia recursos para o município, comparece a alguns eventos, reúne-se esporadicamente com uma pequena cúpula de assessores, que o mantém mais ou menos informado sobre os acontecimentos, e, tem um eleitorado, que nas urnas é aparentemente superior à proporção do seu contato popular. Viva a mídia! Alguns creditam tal perfomance à fidelidade histórica em honra à memória do grande prefeito que foi Colbert Martins da Silva.
A atual campanha se desenrola com alguns problemas sérios para o candidato, a saber:

a) existem restrições ao seu irmão, considerado por muitos como antipático e grosseiro com os servidores. Acusam-no, de quando secretário, ter criado uma Prefeitura paralela, facilitando a nomeação de inúmeros amigos e comerciantes, para diversos cargos, alguns, que só iam na Prefeitura para formalizar os empenhos e assinar cheques. Grande parte do empresariado o abomina, por achá-lo arrogante, além do seu reconhecido voraz apetite pela exação;

b) alguns dos seus antigos partidários de peso, oriundos da época de Chico Pinto, e do falecido Colbert Martins, que faziam há mais de duas décadas, um bom trabalho junto às bases eleitorais, aliaram-se abertamente a Tarcízio Pimenta. Entre esses, Cláudio Soares, que em vão, tentaram minimizar a importância, tachando-o inclusive de ser analfabeto, apesar do mesmo ter inclusive cursado alguns semestres do curso de Economia na Uefs. Pois, seguiram-no Agnela, Gal, Anelita, Francy Barbosa e, inúmeras outros e outras, que preferiram ser mais discretos, para não serem ofendidos e perseguidos. Essas defecções resultaram em enormes perdas eleitorais nos distritos de Tiquarussu, Jaguara e Bonfim de Feira, na Estrada da Boiadeira, e, principalmente, no bairro da Rua Nova, onde Cláudio Soares, que hoje é o responsável pelo comitê de Tarcízio Pimenta, visitou de porta em porta, inúmeras lideranças, velhos amigos de campanha, conseguindo inúmeras adesões e informações importantes, para saber o nível de rejeição, aceitação e pleitos necessários.

Se não bastassem tantos percalços, o candidato Colbert Filho, ainda disputa votos contra a aguerrida militância do PT, sob o comando de Sérgio Carneiro, que demonstrou uma periculosidade ímpar, ao destronar com um golpe de características palacianas, o candidato natural do partido, o combativo deputado estadual José Neto, que magoado se retraiu da campanha, e comparece apenas para pedir votos para um e outro candidato a vereador.
Assinale-se, que no início da campanha, com o nome já posto ao eleitorado, Colbert aparecia nas pequisas em primeiro lugar, mas, atualmente vem experimentando perdas, por um processo de transferência de votos para o candidato do PT, que cresce sem conseguir abalar o sólido patamar do candidato do prefeito José Ronaldo de Carvalho.
Pelo andar da carruagem, vislumbra-se com isenção, que ao final do certame, o candidato Colbert Martins Filho possa amargar um decepcionante e nostálgico terceiro lugar, no que pese ter legalidade, legitimidade e dignidade para pleitear o cargo.

* Rocha Martinez, advogado e escritor, é colaborador do Blog Demais