De Diogo Mainardi, na revista "Veja" desta semana:
"Disseminou-se a idéia de que os contribuintes americanos sairiam perdendo com o pacote de ajuda às empresas quebradas. Na realidade, Ben Bernanke e Henry Paulson preparam-se para realizarum grande negócio para os cofres públicos"
"Uma libra de vossa bela carne."
Shylock, o agiota de O Mercador de Veneza, pede uma única garantia a Antonio, em troca de um empréstimo de 3 000 ducados. Em caso de calote, ele quer poder decepar um naco do corpo de seu devedor.
Quem está no papel de Shylock, agora, é Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, em dobradinha com Henry Paulson, o equivalente ao ministro da Fazenda. Ninguém tem dinheiro no mercado financeiro internacional, só Ben Bernanke e Henry Paulson, se conseguirem arrancar aqueles 700 000 000 000 de ducados dos contribuintes. Por uns trocados, eles podem pedir as garantias que desejarem aos mercadores de Wall Street. Até mesmo uma libra de sua bela carne.
Em momentos de incerteza, como este, o melhor a fazer é recorrer a William Shakespeare. Está tudo ali: o passado, o presente, o futuro. Nos últimos dias, disseminou-se a idéia de que os contribuintes americanos sairiam perdendo com o pacote de ajuda às empresas quebradas. Na realidade, Ben Bernanke e Henry Paulson preparam-se para realizar um grande negócio para os cofres públicos, abocanhando uma montanha de títulos hipotecários por uma ninharia. Como Shylock, eles podem atribuir qualquer valor a esses bens, porque ninguém mais tem interesse em comprá-los. De fato, nesta semana, em seu depoimento aos congressistas, Ben Bernanke chegou a dizer que o maior perigo do pacote era justamente este: comprar barato demais, desvalorizando os próprios ativos. As autoridades monetárias dos Estados Unidos querem cortar a carne dos mercadores que se arriscaram estupidamente no mercado de hipotecas, mas sem sangrá-los até a morte.
Warren Buffett comparou o tombo do mercado hipotecário americano a Pearl Harbor. Como terminou Pearl Harbor? Os Estados Unidos ganharam a guerra. É o que acontecerá agora, mais uma vez. Para nossa sorte, eles sempre triunfam. Hurra, hurra, hurra! Em um ou dois anos, assim que o mercado se acalmar, o investimento feito pelo governo terá dobrado de valor. Foi pensando nisso que Warren Buffett comprou, por uma pechincha, uma libra da bela carne do Goldman Sachs. E já entrou na fila para comprar uma libra da bela carne da AIG.
Se o tombo do mercado hipotecário americano é igual a Pearl Harbor, Lula só pode ser comparado ao almirante Yamamoto. O almirante Yamamoto comandou o bombardeio às tropas dos Estados Unidos em Pearl Harbor. Em Nova York, Lula preferiu bombardear o liberalismo, anunciando seu fim. Ele anunciou também que o mercado financeiro "precisa ter ética". É duro escutar os chutes de Lula sobre o liberalismo. Pior ainda é ter de escutá-lo falando sobre ética.
"Uma libra de vossa bela carne."
Shylock, o agiota de O Mercador de Veneza, pede uma única garantia a Antonio, em troca de um empréstimo de 3 000 ducados. Em caso de calote, ele quer poder decepar um naco do corpo de seu devedor.
Quem está no papel de Shylock, agora, é Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, em dobradinha com Henry Paulson, o equivalente ao ministro da Fazenda. Ninguém tem dinheiro no mercado financeiro internacional, só Ben Bernanke e Henry Paulson, se conseguirem arrancar aqueles 700 000 000 000 de ducados dos contribuintes. Por uns trocados, eles podem pedir as garantias que desejarem aos mercadores de Wall Street. Até mesmo uma libra de sua bela carne.
Em momentos de incerteza, como este, o melhor a fazer é recorrer a William Shakespeare. Está tudo ali: o passado, o presente, o futuro. Nos últimos dias, disseminou-se a idéia de que os contribuintes americanos sairiam perdendo com o pacote de ajuda às empresas quebradas. Na realidade, Ben Bernanke e Henry Paulson preparam-se para realizar um grande negócio para os cofres públicos, abocanhando uma montanha de títulos hipotecários por uma ninharia. Como Shylock, eles podem atribuir qualquer valor a esses bens, porque ninguém mais tem interesse em comprá-los. De fato, nesta semana, em seu depoimento aos congressistas, Ben Bernanke chegou a dizer que o maior perigo do pacote era justamente este: comprar barato demais, desvalorizando os próprios ativos. As autoridades monetárias dos Estados Unidos querem cortar a carne dos mercadores que se arriscaram estupidamente no mercado de hipotecas, mas sem sangrá-los até a morte.
Warren Buffett comparou o tombo do mercado hipotecário americano a Pearl Harbor. Como terminou Pearl Harbor? Os Estados Unidos ganharam a guerra. É o que acontecerá agora, mais uma vez. Para nossa sorte, eles sempre triunfam. Hurra, hurra, hurra! Em um ou dois anos, assim que o mercado se acalmar, o investimento feito pelo governo terá dobrado de valor. Foi pensando nisso que Warren Buffett comprou, por uma pechincha, uma libra da bela carne do Goldman Sachs. E já entrou na fila para comprar uma libra da bela carne da AIG.
Se o tombo do mercado hipotecário americano é igual a Pearl Harbor, Lula só pode ser comparado ao almirante Yamamoto. O almirante Yamamoto comandou o bombardeio às tropas dos Estados Unidos em Pearl Harbor. Em Nova York, Lula preferiu bombardear o liberalismo, anunciando seu fim. Ele anunciou também que o mercado financeiro "precisa ter ética". É duro escutar os chutes de Lula sobre o liberalismo. Pior ainda é ter de escutá-lo falando sobre ética.
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