No jornal "O Estado de S. Paulo", edição desta quinta-feira, 2, na coluna de Dora Kramer, extraímos parte do texto, que é bem contundente. Remete ao confuso discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na terça-feira, 31 de julho, em Cuiabá
"À moda do rei
(...)
O presidente da República usa artimanhas de oratória de forma desmedida, incongruente e irresponsável. Primeiro porque não sabe do que fala. Segundo, porque o país é jovem, algo desmemoriado e tampouco sabe direito sobre o que fala ele. Terceiro, porque refestelados nos gabinetes do autoritarismo estavam vários de seus aliados, gente que hoje “pensa assim” e o aplaude em troca de cargos.
Quarto, porque Lula desrespeita o enorme contingente de pessoas que discordam dele e discordaram até mais que ele da ditadura, cujos atos de governo já lhe serviram várias vezes como modelo de país, sendo a vocação para a supremacia do Estado sobre a sociedade apenas uma delas.
Quinto, porque boa parte “dessa gente” contribuiu para a retomada da democracia e, ao contrário do PT, participou efetivamente da transição, a começar por legitimar a via eleitoral - enquanto os sectários pregavam o voto nulo - e a terminar pelo apoio à candidatura de Tancredo Neves no colégio eleitoral de 1985, repudiado pelos petistas ao ponto de ter custado a expulsão de três deles.
Sexto, porque democracia não pressupõe só a garantia aos “direito dos pobres”, mas de todos os cidadãos. Muitos desses direitos, aliás, assegurados aos pobres na Constituição de 1988, na qual o partido de Lula recusou-se a pôr assinatura.
Sétimo, porque o fato de empresários e banqueiros terem “ganhado dinheiro” durante o governo de Lula não os obriga a serem reverentes.
Oitavo, porque se acha que os ricos deveriam estar felizes e os pobres, “zangados”, então confessa ter privilegiado alguém em detrimento de outrem.
Nono, porque tem medo de vaia sim. Pautado por ele absteve-se de abrir e encerrar os Jogos Pan-Americanos. No lugar disso, receberá os medalhistas no gabinete. Como prova disso, mandou cancelar viagens aos Estados e reage a possíveis manifestações de protesto ao molde de Luís XIV, como se “L’État”, no caso de Lula, fosse realmente “moi”.
Décimo, porque admite “brincar com a democracia” quando acusa os críticos de promoverem a brincadeira e, ao mesmo tempo, lança o repto: “Ninguém neste país consegue colocar mais gente na rua do que eu”.
De fato, quando se tem nas mãos os instrumentos de Estado e não se tem pejo em usá-los, consegue-se tudo. Menos impedir as pessoas de pensar".
Um comentário:
Estudo vincula pressão no trabalho à depressão
Agência JB
RIO - Trabalhos estressantes dobram os riscos de que o profissional passe a sofrer de depressão. Um estudo britânico envolvendo mil participantes com 32 anos indicou que 45% dos casos novos de depressão ou ansiedade apresentados no grupo estavam associados à alta pressão no trabalho.
O estudo, publicado na revista 'Psychological Medicine', sugere que o empregador precisa fazer mais para proteger a saúde mental dos trabalhadores. Os pesquisadores definiram um trabalho estressante como aquele onde o profissional não tem controle sobre sua rotina, trabalha longas horas, com prazos não negociáveis e grande volume de trabalho.
A equipe do King's College, em Londres, trabalhando com pesquisadores da 'Dunedin Medical School da University of Otago', na Nova Zelândia, entrevistou homens e mulheres com 32 anos de idade que estão participando de um estudo de longo prazo, o Dunedin Study.
Entre os entrevistados, 14% das mulheres e 10% dos homens que trabalham, sofreram uma primeira crise de depressão ou ansiedade aos 32 anos. Os pesquisadores concluíram que desses novos casos, 45% estavam associados ao estresse no trabalho.
A coordenadora do estudo, Maria Melchior, epidemiologista do MRC Social, Genetic and Developmental Psychiatry Centre do King's College London, disse que a idade dos entrevistados é um ponto forte do estudo.
- Esta é uma idade em que os indivíduos estão se firmando em suas carreiras e há menor probabilidade de que optem por trabalhos menos estressantes, como fazem trabalhadores mais velhos - avalia.
O pesquisador da University of Otago Richie Poulton, co-autor do estudo, disse que jovens correm mais risco de sofrer de depressão e ansiedade. Richie sugere que é importante aliviar o estresse neste grupo, e aponta caminhos:
- Esudos interventivos mostram que há pelo menos duas abordagens produtivas para se reduzir o estresse no trabalho - diz.
- É possível ensinar as pessoas a lidar com situações estressantes por meio de aconselhamento psicológico ou você pode mudar o trabalho de forma a diminuir as pressões - pondera.
Os entrevistados tinham profissões diversas, entre elas a de ator, cirurgião, professor, piloto de helicóptero, lixeiro, jornalista e policial.
Mas segundo o pesquisador Terrie Moffitt, do King's College, também envolvido no estudo, empregos onde as falhas são mais visíveis, como por exemplo o de um chefe de cozinha de um restaurante, estão entre os que mais exigem do indíviduo.
- No extremo oposto, pessoas que trabalham em casa cuidando de duas ou três crianças têm uma vida mais previsível - disse Moffitt.
Comentando o estudo, o especialista em psicologia e saúde Cary Cooper, da University of Lancaster, na Inglaterra, disse que empregos estão se tornando cada vez mais estressantes.
- Temos de fazer as pessoas trabalharem com mais flexibilidade, tirando vantagem da tecnologia ao invés de deixá-las no escritório por longas horas - ressalta.
- Também temos de fazer o gerente se comportar de um jeito diferente. Gerenciar pelo elogio e recompensa ao invés da punição e entender que as pessoas precisam sentir que têm controle sobre seu trabalho - acrescenta.
(Com BBC Brasil)
[ 14:45 ] 02/08/2007
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