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sexta-feira, 4 de maio de 2007

A quem interessa o fim do Clube de Campo Cajueiro?

Por Cristovam Aguiar

Os clubes sociais, funcionando na forma em que foram concebidos, estão em decadência em todo o Brasil. Isso é uma verdade incontestável. Alguns, porém, seguindo a tendência das transformações sociais, inerentes ao passar dos tempos, modificaram sua formatação, buscando adaptarem-se e encontrar seu espaço nesta nova realidade social.
Montar escolas e oficinas de cultura, artes e esportes, oferecer prestação de serviços - como restaurante, bar, lanchonete, salão de beleza, academia, cinema, lojas de conveniências, entre outras coisas -, foram soluções encontradas para a sobrevivência financeira e conservação do patrimônio construído pelos associados, com muito amor e sacrifício.
Em Feira de Santana, o Clube de Campo Cajueiro (CCC) é o único remanescente dos tempos áureos dos clubes sociais, uma vez que Euterpe e Feira Tênis Clube afundaram-se em dívidas, percorrendo um caminho quase sem volta. O CCC, ao contrário, através dos esforços dos seus abnegados conselheiros e diretores, permanece de pé, com suas contas em dia e oferecendo esporte e lazer aos seus associados.
Não foram poucas as tentativas em fazer o CCC seguir o caminho dos demais clubes sociais da cidade, afundando-o em dívidas que só foram pagas graças à ação rápida e eficiente dos seus conselheiros e sócios proprietários. Mas as tentativas de destruir o clube continuam. Às vezes elas vêm de forma sutil, através de notas ou artigos plantados na imprensa, que buscam tão somente denegrir a imagem do clube, afastando ainda mais os associados.
Mas, a quem interessa isso? É sabido por todos que na cidade não faltam empresários interessados em adquirir as instalações do clube, para usá-las nas mais esdrúxulas finalidades. Mais recentemente, um jornalista fez a mais esdrúxula proposta: transformar o clube em estação rodoviária. Os seus argumentos são recheados de boas intenções (das quais, o inferno está cheio), mas que não escondem os seus propósitos pessoais, de aumentar os espaços culturais da cidade, abrigando museus e oficinas de arte. Isto lhe abriria maior oportunidade em achar colocação na direção de um deles, já que está “desabrigado”, desde que deixou a direção do museu Casa do Sertão.
No afã de levar em frente a sua cruzada para acabar com o CCC, propõe até uma desapropriação por parte do Governo do Estado (atitude digna dos maiores ditadores, que tomam pela força o que não lhes cabe por direito). Aliás, é outra incoerência sua, pois dificilmente terá ouvidos dispostos a ouvi-lo num governo do PT, tendo servido por muito tempo aos governos do Democratas (ex-PFL). Também não creio que o governo Jaques Wagner venha a se interessar pela proposta, até porque, o Estado se encontra com seus cofres combalidos e há muitos outros problemas mais urgentes para se resolver. Sem falar que a má vontade para com Feira de Santana, que tem um prefeito do Democratas, é pública e notória.
Não faltam, entretanto, outras pessoas ou grupos, de olho grande no CCC. É bom lembrar que as maiores casas de espetáculo da cidade são de propriedade de ex-diretores do CCC. Uma gente que esteve à frente do clube, lá aprendeu a realizar festas, e não hesitou um segundo sequer em construir seus próprios clubes particulares e passar a fazer concorrência ao CCC, cujas glamourosas festas ainda ecoam na memória dos saudosistas.
Os atuais dirigentes do CCC não devem se bater em busca do passado, mas sim pela adaptação ao presente. O que passou, passou. Foi bom, foi bonito. Mas passou, e agora os tempos são outros, e as pessoas precisam de uma instituição que corresponda às suas expectativas. Pesquisar, ouvir o associado, conhecer seus anseios, suas tendências, e oferecer o que eles querem. Esse é o caminho a ser trilhado.
O CCC, pela sua história, pela sua arquitetura, deve ser preservado como patrimônio do Município, oferecendo cultura, esporte e lazer à população. O CCC está acima dos interesses pessoais de quem quer que seja.
* Cristóvam Aguiar é jornalista

2 comentários:

Anônimo disse...

A proposta é tida como a mais idiota de todos os tempos em Feira. Que associado vai querer uma coisa dessa?

Renato Ribeiro disse...

Isso que eu chamo de falta de bom senso e respeito as tradições de Feira de Santana, querer transformar o clube de Campo Cajueiro em rodoviária trata-se de um oportunismo barato com visão apenas capitalista.