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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

46 anos da morte de Olney São Paulo


Nesta quinta-feira, 15, aniversário de morte - 46 anos - do cineasta Olney São Paulo. Assim, uma data a ser lembrada e que estamos sempre lembrando. E quem lembra de Olney em Feira de Santana?
Olney morreu de câncer aos 41 anos, em 1978. Nesse período, temos publicado matérias sobre o autor e sua obra em jornais, revistas, programas de rádio e em blogs sobre este personagem da cidade.
Lembrar que durante cerca de oito anos, convivemos com o cineasta - entre 1970 até sua morte, em 1978, através de contatos pessoais quando ele vinha do Rio de Janeiro para Feira de Santana dando notícias sobre seus filmes, bem como por meio de cartas que ele escrevia para este jornalista, também dando conta de suas realizações e andanças, até internacionais.
Junto com Olney, a visão de vários de seus filmes, inclusive "Manhã Cinzenta", em sessões clandestinas, com projetores 16mm conseguidos por mim em instituições, em paredes brancas da casa de meus pais e de seus familiares. Em 1973, a ajuda para conseguir exibição de "Como Nasce uma Cidade", realizado para comemorar o centenário de Feira, junto ao Cine Timbira. Primeiro em uma sessão matinal privada com ele, o então prefeito José Falcão, secretários e convidados. Depois, incluindo o filme em programação regular do cinema, durante cerca de uma semana. Ainda a lembrança de que no início de 1976, assistimos juntos ao filme baiano "O Pistoleiro", de Oscar Santana, também no Cine Timbira, em sessão noturna.
No Clube de Cinema de Feira de Santana, que reativei nos anos 70, a exibição de muitos de seus filmes, a exemplo de: "O Profeta de Feira de Santana", "Cachoeira, Documento da História", "Teatro Brasileiro I: Origens e Mudanças", "Teatro Brasileiro II: Novas Tendências", "Sob o Ditame de Rude Almagesto: Sinais de Chuva", "O Grito da Terra". Também o filme "Memórias de um Fantoche", do seu filho Ilya São Paulo.
Depois de sua morte, como diretor Executivo da Secretaria de Turismo, Recreação e Cultura, participei ativamente da promoção de mostra em memória com exibição de seus filmes "Um Crime na Rua" (fragmentos), "Ciganos do Nordeste" e "Pinto Vem Aí", no auditório da Biblioteca Municipal Arnold Silva. Seu último filme, "Dia de Erê", também foi exibido pelo Clube de Cinema.
Ainda sobre Olney São Paulo, exemplares do seu livro de contos "A Antevéspera e o Canto do Sol" foram deixados em consignação comigo para a venda direta a pessoas interessadas na obra.
Para o jornal "Feira Hoje" e também "Folha do Norte", principalmente, foram entrevistas, matérias e notas produzidas sobre o cineasta. Depois de sua morte, registros sobre Olney para que permanecesse na memória de Feira de Santana.
O cineasta feirense também mereceu biografia em livro, "Olney São Paulo e a Peleja do Cinema Sertanejo", de Ângela José do Nascimento. Em paralelo ao livro, Ângela José realizou o vídeo "O Cineasta do Sertão", um documentário biográfico cheio de respeito e ternura para com Olney, com depoimentos de colegas, familiares e amigos. O vídeo - foi apresentado no final dos anos 80 nesta cidade, no Feira Palace Hotel - tem texto de Olney Júnior, trilha sonora de Ilya, narração de Irving e participação de Pilar - os quatro filhos dele - e presença de Maria Augusta, sua mulher.
Homenagens
Em Feira de Santana, Olney deu nome a Cine Clube - que não está mais em atividade; seu filme "O Grito da Terra" virou nome de jornal - também extinto; teve mesa com seu nome no Balcão Di Vidros - um bar que já fechou. Também foi nome de premiação, em 1994, do Salão Universitário de Artes Plásticas, do Museu Regional de Arte. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) existia o Coletivo Olney São Paulo, entidade formada por professores e alunos para estudar cinema. Na Galeria Carmac, no centro da cidade, tem um espaço chamado praça Olney São Paulo, e nos Eucaliptos existe uma extensa rua com seu nome. Ele também foi estudado para uma seleção de mestrado em História da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, por Johny Guimarães da Silva, com a proposta "O Sertanejo no Cinema de Olney São Paulo". Olney também denomina a praça de alimentação do Boulevard Shopping.
Mais: a edição de 1978 da Jornada Baiana de Cinema fez homenagem a Olney. "Muito Prazer", filme de David Neves, com Ilya São Paulo no elenco, teve lançamento em Feira de Santana, no Íris, em homenagem póstuma a Olney.
"Pinto Vem Aí" foi premiado no V Festival Brasileiro de Curta-Metragem do Jornal do Brasil. "Manhã Cinzenta" foi apresentado em vários festivais internacionais, como Pesaro (Itália), Cracóvia (Polônia), Mannheimm (Alemanha) - onde foi premiado com o Filmdukaten, em 1970, e causou curiosidade nos alemães com sua presença, pois ele foi para o festival de sandálias de tiras de couro cru, naturalmente compradas na feira livre de sua terra -, Londres (Inglaterra), Havana (Cuba), e Viña Del Mar (Chile). "Manhã Cinzenta" (rèalisé par Olney A Sau Paulo) também participou de mostra paralela no Festival de Cannes (França), em 1970. Em 1976, participação no V Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (Portugal).
Olney foi elogiado por Orson Welles (realizador do maior filme de todos os tempos, "Cidadão Kane"), para quem "Manhã Cinzenta" era um filme extraordinário. Glauber Rocha chamou Olney de "mártir do cinema brasileiro", disse mais que ele "é a metáfora de uma alegoria. Alegorias estas que muitas vezes foram barradas mas que nunca deixaram de ser registradas". Sobre "Manhã Cinzenta", o crítico e cineasta Rubem Biáfora comentou no jornal "O Estado de São Paulo": "Uma fita mais abertamente polêmica, que a Censura cometeu o erro e a inutilidade de proibir". A empresa Dezenove Som e Imagem, em São Paulo, dedicada a "filmes de autor", tem em seu acervo uma cópia de "Manhã Cinzenta".
Na "Omaggio a Helena Ignez" no 8º Festival Internacional de Cinema "I Mille Occhi", em Trieste, na Itália, entre 18 e 26 de setembro de 2009, foram distribuídos exemplares do cartão postal do cartaz do filme "Grito da Terra", que foi peça do Tributo a Olney São Paulo, realizado em Feira de Santana.
A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) promoveu o seminário "Chico Pinto - Democracia e Ditadura em Feira de Santana e no Brasil", sobre a vida e a trajetória política do feirense Francisco Pinto, conhecido nacionalmente. Durante o evento, a exibição do filme "Pinto Vem Aí", do cineasta feirense Olney São Paulo, realizado em 1976, em 16 mm, com 25 minutos, sobre a vinda do político para esta cidade para participar de campanha eleitoral de Colbert Martins para prefeito, em 1976. "Pinto Vem Aí" foi premiado no V Festival Brasileiro de Curta-Metragem do Jornal do Brasil.
Em 7 de agosto de 2009, realização do Tributo a Olney São Paulo, na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), marcando a data em que o cineasta, se estivesse vivo, faria 73 anos. Na oportunidade, foi lançado jornalzinho com artigos de Olney São Paulo Jr, Orlando Senna, Adilson Simas, Tuna Espinheira e Dimas Oliveira, que editou a publicação. Participaram do painel sobre Olney, seus filhos Ilya São Paulo e Olney Jr, além de Tuna Espinheira, José Umberto, Robinson Roberto, Roque Araújo e André Setaro. Foi promovido pela Prefeitura de Feira de Santana, através da Fundação Cultural Egberto Costa, com apoio do Núcleo de Preservação da Memória Feirense, da Fundação Senhor dos Passos.
Em 18 de outubro de 2010, a Câmara Municipal de Feira de Santana aprovou projeto do então vereador Ângelo Almeida (PT), que cria a Medalha Olney São Paulo, que será concedida anualmente a duas pessoas ou entidades que tenham contribuído à difusão da cultura e à arte, além da revelação de talentos artísticos no município. "Olney foi um importante cineasta, que atuou em Feira de Santana e ajudou a projetar a cidade", disse o vereador petista. A honraria nunca foi destinada a ninguém em mais de dez anos de criada.
O cinema brasileiro, através da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas (ABD), comemora desde 2011 o Dia do Documentário, em 7 de agosto. A data lembra o dia de nascimento do cineasta Olney São Paulo em 1936.
Outro tributo à memória do cineasta Olney São Paulo ocorreu em 9 de agosto de 2013, realização da Fundação Senhor dos Passos, através do Núcleo de Preservação da Memória Feirense, quando ocorreu lançamento e exibição de cópia digitalizada do primeiro filme de Olney, o curta-metragem "Um Crime na Rua”, realizado em 1955. O evento se deu no Centro Comunitário Ederval Fernandes Falcão.
O filme foi encontrado pelo cineasta Henrique Dantas - ele palestrou no evento sobre a importância e permanência de Olney - no Arquivo Nacional, em pesquisa realizada para o projeto "Peleja". Henrique providenciou sonorização - o filme é originalmente mudo.
A última exibição de "Um Crime na Rua" - fragmentos - que se tinha notícia foi em agosto de 1978, durante homenagem in memoriam no ano de sua morte, pela então Secretaria de Turismo (Setur), governo de Colbert Martins, no auditório da Biblioteca Municipal Arnold Silva.
Com 19 anos junto com o fotógrafo Elydio Azevedo, Olney realizou o curta-metragem, com dez minutos de duração, mudo. No filme, além do roteiro e direção, ele atuou como ator, ao lado de Edson Campos, Fernando Ramos, Vera Campos e Miriam Arruda. Com uma filmadora Kodak 16mm antiga e coletando dinheiro entre os amigos, ele comprou os negativos. Filmou o roteiro em sequência linear, efetuando os cortes com as paradas na própria câmera, já que não dispunha de moviola.
O filme foi exibido em clubes de Feira de Santana e outras cidades do interior da Bahia, acompanhando espetáculos teatrais que o próprio Olney organizava, pela Associação Cultural Filinto Bastos. Na época, Olney criou a Sociedade Cultural e Artística de Feira de Santana (Scafs).
A primeira exibição de “Um Crime na Rua” depois de achado foi no programa Cine Futuro, em Salvador, em 14 de novembro de 2012.
Em abril de 2017, a estreia do documentário "Sinais de Cinza: A Peleja de Olney Contra o Dragão da Maldade", do cineasta baiano Henrique Dantas, em sessão especial na Saladearte - Cinema do Museu, em Salvador. A exibição será seguida de debate com o autor. O filme refaz a trajetória de Olney São Paulo. "Sinais de Cinza", explica o autor, "procura dar a dimensão da importância do cinema de Olney São Paulo".

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