Por
Percival Puggina
Perderam a eleição para Bolsonaro porque preferiram atacá-lo em
vez de se perguntarem por que o povo o seguia. Agora, pelo mesmo motivo, caçam
fantasmas e conspiram contra ele.
No noticiário desta manhã de segunda-feira, alguns veículos se
desencaminharam e noticiariam sobre as carreatas ocorridas ontem em inúmeras
cidades do país, descrevendo-as como "de apoio ao presidente",
"a favor do fim do isolamento", "contra Rodrigo Maia",
"contra João Dória". No entanto, para os grandes noticiosos da noite
de domingo o que importava era exibir cartazes com que manifestantes pediram
intervenção militar e lançaram maldições, anátemas e imprecações contra o
Congresso e o STF. A cereja do bolo, porém, era o presidente da República
falando a um grupo de intervencionistas. O G1 (Globo) reproduziu uma seleção de
frases então proferidas pelo Presidente. O que disse ele?
"Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à
vontade do povo brasileiro. Tenho certeza, todos nós juramos um dia dar a vida
pela pátria. E vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil.
Chega da velha política", afirmou.
Bolsonaro falou aos manifestantes que podem contar com ele "para fazer tudo aquilo que for necessário para que nós possamos
manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós,
que é a nossa liberdade".
Arrepiaram-se, fingidos, os barões assinalados. Era preciso
induzir a população a temer o autor de frases tão simples e o perigo
representado por não se sabe bem o quê. Então, acusaram-no de tossir uma vez e
não fazê-lo sobre o cotovelo... Desabituados a usar palavras que expressem
pensamentos reais, viciados com bastidores, useiros de conchavos e
conspirações, grandes autoridades da República medem o presidente com sua
própria escala. Não funciona.
Li hoje um artigo em que o autor, advogado e empresário Luiz
Carlos Nemetz faz a seguinte resenha de patranhas belicosas do Congresso
pilotado por Maia e Alcolumbre contra o presidente.
Deixou caducar as medidas provisórias do 13º do bolsa família, da
carteira estudantil, da revogação do imposto sindical, da publicação de
balanços; desfigurou completamente o pacote anticrime e de combate à corrupção;
enfraqueceu a operação lava-jato com a lei de abuso de autoridade; articulou o
aumento do fundo partidário e impediu seu uso para combate à COVID-19; aprovou
o orçamento impositivo; não põe em pauta o marco do saneamento de gastos, da
PEC emergencial 186/19 e do pacto federativo; junto com o Senado não vota a
prisão em segunda instância dando chances para que a nata da aristocracia
medieval corrupta não seja investigada, nem punida e, mesmo quando condenada,
saia às ruas e goze a vida com os bilhões que roubaram.
Agora, neste exato momento, articula com os seus, a completa
desfiguração do Plano Mansueto, que é um programa de acompanhamento e
equilíbrio fiscal, que, em síntese, visa ofertar aos Estados uma solução para
que consigam equilibrar suas folhas de pagamento e quitem suas despesas mais
urgentes.
É estarrecedor que uma suposta elite dos poderes Legislativo e
Judiciário tenha desvirtuado de tal modo sua percepção sobre a finalidade do
poder que exercem! Nada aprendem das manifestações da opinião pública que com
exaustiva frequência superlota ruas e avenidas por não encontrar outro canal de
expressão.
Com mais sensatez e menos presunção, com mais senso de
responsabilidade e menos vaidade, com mais amor à pátria e menos amor próprio,
haveriam de chegar às câmeras de TV e às páginas de jornal para refletir sobre
a estupidez de nossas instituições e sobre as razões de seu próprio descrédito
junto à sociedade. Desapreço, aliás, que cresce a ponto de muitos ansiarem por
uma ditadura.
Não temam, senhores, por uma ditadura de Bolsonaro. Temam, antes,
as consequências de sua ambição, de seus conchavos, de sua fatuidade e de seu
desprezo aos cidadãos.
Percival Puggina (75), membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de "Crônicas Contra o Totalitarismo", "Cuba, a Tragédia da Utopia", "Pombas e Gaviões", "A Tomada do Brasil". Integrante do grupo Pensar+.
Fonte: http://www.puggina.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário