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segunda-feira, 27 de abril de 2020

"O fim de um 'herói'"



"Só o inimigo não trai nunca." (RODRIGUES, Nelson)

Por Felipe Fiamenghi
Eu já errei muito. Várias vezes, fiz análises completamente equivocadas. Estão aí, pra quem quiser ler. Não sou e nem pretendo ser perfeito, infalível. Longe disso. 
Hoje, porém, pela primeira vez, eu apaguei algo que eu tinha postado. Não pelo erro, mas pela vergonha. Me senti muito amador, enganado. 
Nunca achei que Moro fosse um Ministro fantástico. Por motivos óbvios, nunca escrevi sobre o assunto. Mas cheguei a comentar, por diversas vezes, com pessoas do meu círculo próximo. Achava que, no ministério, o "brilhantismo" que mostrou, como juiz, havia se apagado. 
Não gostei, por exemplo, de sua interferência na questão do armamento civil, uma das principais propostas de campanha de Bolsonaro; ou de quando chamou Leandro Karnal, declaradamente contra o Bolsonaro, para uma palestra no Ministério da Justiça; ou quando nomeou Giselly, nora da Miriam Leitão, como assessora de comunicação da sua pasta. 
Nas ultimas semanas, confesso, cheguei a ficar incomodado com a apatia do Ministro, frente à crise do Covid. Dizer que o "Ministério trabalha junto às Forças de Segurança, não contra elas", enquanto Agentes do Estado algemavam mulheres e epiléticos que somente cometeram o "crime" de exercer o direito Constitucional de ir e vir, ao meu ver, como ferrenho defensor da liberdade, foi uma péssima atitude. 
Todavia, sempre considerei-o como um homem de caráter ilibado. Um dos meus textos mais compartilhados, inclusive, foi justamente exaltando essa qualidade do ex-ministro. 
Quando disseram, então, que a Folha de São Paulo tinha dado o "furo" da sua possível saída, imediatamente não acreditei. 
Vazar informações para órgãos de imprensa que, declaradamente, são inimigos do governo, é atitude digna do finado Bebiano; é o tipo de política baixa, suja, que eu jamais esperaria de um "ícone", como o "super juiz" da Lava-Jato. 
E foi exatamente isso que afirmei. 
NUNCA que Moro, o Sérgio Moro, conversaria com um tablóide esquerdista, às escondidas. Até esperaria isso de alguns outros ministros. Mas não de um homem digno, como ele. 
Ao ver, hoje, seu pronunciamento, o "mito" se desfez. 
Sim, ele vazou as informações. Sim, ele provocou uma crise, intencionalmente. Sim, ele deixou a vaidade falar mais alto e questionou inclusive a lei, que atribui ao presidente a competência de indicar o Diretor da PF. 
O ministro que, por várias vezes, quando questionado, afirmou que o Presidente NÃO INTERFERIA no andamento do Ministério, hoje mudou o discurso e acusou Bolsonaro de, inclusive, tentar interferir nas investigações em andamento. 
Ele mesmo se denunciou como mentiroso, ao se contradizer. Resta saber, apenas, QUANDO mentiu. 
Amanhã, provavelmente, estarei muito bravo com os isentões que, apesar de tudo, se agarrarão no "print" apresentado no Jornal Nacional e, mesmo não significando absolutamente nada, o transformarão numa prova irrefutável contra o presidente. 
Hoje, o sentimento é só de decepção. É o fim de um herói. 
Felipe Fiamenghi é Design e colunista do Jornal da Cidade OnLine.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net

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