Por Nildecy
de Miranda
O livro nos apresenta, em forma de
documentário, uma narrativa de fatos que envolveram a cassação da Radio Cultura
em Feira de Santana, em 1975. Essa pelo menos é a promessa, que o organizador
cumpre com maestria, embora não seja esse o seu único foco. Com a mesma
argúcia, Dimas elucidada, neste livro, o motivo da prisão do deputado Francisco Pinto, devido a seu pronunciamento
na Câmara dos Deputados em 14 de março de 1974. Tal pronunciamento, aliás, é
elencado por Dimas como ponto gerador de ambos os episódios - a prisão do
deputado e o fechamento da emissora.
Por ai o livro nos permite revisar um momento importante da nossa história recente, bem como da história da América Latina, em especial do Chile, uma vez que o conteúdo do aludido discurso do deputado Francisco Pinto fazia referência ao autoritarismo do chefe da junta militar que governou o Chile a partir de 1973, o general Augusto Pinochet. Dando veracidade ao exposto com cópias de documentos oficiais, depoimentos de autoridades da época, fotografias, recortes retirados de jornais, de livros e de revistas, entre outras fontes, Dimas traz neste livro um rico legado de informações sobre um período marcado por mal entendidos advindos da repressão durante a ditadura militar. E ilumina a penumbra de momentos nos quais a politização dos fatos silenciou vozes, cerceou a produção artística, deturpou discursos, condenou inocentes.
A partir dos fatos observados e narrados, o jornalista Dimas Oliveira passeia pelo Brasil num vai e vem entre as dependências da Rádio Cultura e gabinetes de autoridades como ministros do presidente Ernesto Geisel, entre eles o ministro da Justiça, Armando Falcão, e o ministro das Comunicações, Euclides Quandt de Oliveira. Outras autoridades da época também têm voz dentro do livro, que chega a expor documentos de caráter confidencial, como os fac-símiles da Divisão de Segurança e Informação do Ministério da Justiça, entre outros documentos secretos.
Muito interessante por apresentar uma rica exposição de fatos históricos e uma competente apresentação de personagens envolvidos, a edição atual do livro sofre de alguns problemas, não apenas referentes à modalidade culta da língua portuguesa, e nesse sentido solicita urgente revisão. Com relação à organização dos capítulos penso, por exemplo, que a Palavra do Organizador deveria ter sido o capítulo de abertura. Como leitora, esperava um tom mais eloquente na enunciação da palavra por Dimas que, longe de ser um homem comum, é uma figura pública muito atuante no cenário cultural desta cidade, crítico respeitado, formador de opinião com ideias valiosas sobre arte e cinema, entre outros assuntos.
Também as referências e citações mereciam uma posição destacada do corpo da pesquisa, e também aí é necessário uma recolocação, dando destaque às fontes muito importantes para o pesquisador que vier a se valer dessa obra.
Nildecy de Miranda é doutora em Teorias e Crítica da Literatura pela
Universidade Federal da Bahia (Ufba); mestre em Diversidade Culturalpela
Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), onde também é graduada em
Letras. Autora do livro de crônicas "Do Outro Lado" e do recém-lançado "Luiz
Gonzaga: Um Contador do Nordeste do Brasil".
Por ai o livro nos permite revisar um momento importante da nossa história recente, bem como da história da América Latina, em especial do Chile, uma vez que o conteúdo do aludido discurso do deputado Francisco Pinto fazia referência ao autoritarismo do chefe da junta militar que governou o Chile a partir de 1973, o general Augusto Pinochet. Dando veracidade ao exposto com cópias de documentos oficiais, depoimentos de autoridades da época, fotografias, recortes retirados de jornais, de livros e de revistas, entre outras fontes, Dimas traz neste livro um rico legado de informações sobre um período marcado por mal entendidos advindos da repressão durante a ditadura militar. E ilumina a penumbra de momentos nos quais a politização dos fatos silenciou vozes, cerceou a produção artística, deturpou discursos, condenou inocentes.
A partir dos fatos observados e narrados, o jornalista Dimas Oliveira passeia pelo Brasil num vai e vem entre as dependências da Rádio Cultura e gabinetes de autoridades como ministros do presidente Ernesto Geisel, entre eles o ministro da Justiça, Armando Falcão, e o ministro das Comunicações, Euclides Quandt de Oliveira. Outras autoridades da época também têm voz dentro do livro, que chega a expor documentos de caráter confidencial, como os fac-símiles da Divisão de Segurança e Informação do Ministério da Justiça, entre outros documentos secretos.
Muito interessante por apresentar uma rica exposição de fatos históricos e uma competente apresentação de personagens envolvidos, a edição atual do livro sofre de alguns problemas, não apenas referentes à modalidade culta da língua portuguesa, e nesse sentido solicita urgente revisão. Com relação à organização dos capítulos penso, por exemplo, que a Palavra do Organizador deveria ter sido o capítulo de abertura. Como leitora, esperava um tom mais eloquente na enunciação da palavra por Dimas que, longe de ser um homem comum, é uma figura pública muito atuante no cenário cultural desta cidade, crítico respeitado, formador de opinião com ideias valiosas sobre arte e cinema, entre outros assuntos.
Também as referências e citações mereciam uma posição destacada do corpo da pesquisa, e também aí é necessário uma recolocação, dando destaque às fontes muito importantes para o pesquisador que vier a se valer dessa obra.
Nildecy de Miranda
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