Por Fernando Duarte
O governador Rui Costa
(PT) optou por não participar da série de entrevistas realizada pelo Bahia
Notícias com os candidatos ao Palácio de Ondina, em 2018. De acordo com a
justificativa oficial, o petista teve problemas para encaixar a entrevista na
programação de campanha. É algo possível. Diante de um estado com 417
municípios, responder a perguntas feitas pelos veículos de comunicação talvez
não seja o foco de um candidato franco favorito à reeleição.
Eis que, no entanto, é
preciso ponderar que a não participação de Rui em momentos em que a imprensa
pode questionar suas propostas e projetos pode ser uma aposta arriscada em uma
eleição cuja força das redes sociais ainda não foi integralmente testada. Em
duas semanas, o petista faltou duas entrevistas e também optou por não
participar do debate da Rádio Sociedade.
Infelizmente, é
impossível não traçar paralelos com a última campanha de reeleição disponível,
do prefeito de Salvador, ACM Neto (Democratas). Em 2016, mesmo tendo concentrando todo
o favoritismo de estar com a máquina, o gestor da capital baiana participou da
maioria das entrevistas e debates realizados pelos veículos de comunicação.
Enquanto ACM Neto consegue ser mais empático com a imprensa - mesmo tendo
rompantes pouco educados quando as perguntas desagradam -, Rui Costa prefere
não responder quando o assunto não é de seu feitio. E, ao longo da atual
campanha, tal característica parece estar ficando em evidência.
Tal postura deve ser
acompanhada de perto pela equipe de campanha. Além de desgastar o candidato com
perguntas não respondidas - no caso do Bahia Notícias, por exemplo, foi a nota
mais lida do dia -, Rui perde uma boa oportunidade de ser confrontado com temas
que são caros ao governo e que afetam o dia-a-dia da população. E aqui não é
uma questão de supervalorização da imprensa. É apenas a constatação de que o
papel dela na democracia é importante e que, na condição de candidato, o
governador poderia se assumir como tal e ficar disponível para rebater críticas
e defender o próprio legado.
Durante o debate da Rádio
Sociedade, na última semana, sobraram críticas dos adversários à ausência do
governador. Faz parte, inclusive, da estratégia de desconstrução da imagem
pública de acessível, mesmo que Rui invista no contato direto com o eleitor,
vide as sucessivas estratégias de redes sociais, com o uso de transmissões ao
vivo, por exemplo. No entanto, os concorrentes do petista tentam colar a pecha
de soberba que, sem a devida resposta, pode acabar se sobrepondo a qualquer
ação positiva realizada pela equipe de marketing.
Como se sabe, excesso de
autoconfiança numa campanha eleitoral pode atrapalhar mais do que ajudar. O
entorno de Rui é extremamente profissional e, possivelmente, está medindo
milimetricamente as ações durante o processo eleitoral. Porém não custa
ressaltar que a imprensa, ainda que tenha o perfil de ser oposição a quem está
no poder, é um mal necessário à democracia.
Este texto integra o
comentário desta terça-feira, 28, para a RBN Digital, veiculado às 7 horas e às
12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.
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