As
críticas de Lobão à gestão petista, durante a Jornada Bahia e Sergipe de
Psiquiatria, realizada na noite desta sexta no Hotel Fiesta, em Salvador, não
se limitam apenas ao cenário político e
econômico. Na área da cultura, da qual é integrante, aponta um
silenciamento dos artistas e intelectuais - como exemplo, cita o também cantor
e compositor Chico Buarque, que com seu "peso", não deveria, em sua opinião,
ser "apupado como se fosse mero ministro da Fazenda do PT" e apoiar o governo.
A polêmica Lei Rouanet, que considera em princípio "bem intencionada", também
foi apontada como um problema. "A lei é perversa no seu bojo, porque na verdade
o próprio Rouanet explicou que a lei foi feita basicamente para favorecer
artistas em início de carreira, ou artistas que tipo o Hermeto Pascoal,
experimentais, que não tem como viés o mainstream, e não estar com o retorno
econômico como seu fator principal", explica, para complementar: "O empresário
é quem vai descontar do seu balanço final, do que era o Imposto de Renda, para
poder eleger um edital desses para que ele possa descontar. Quanto mais ele
descontar, melhor para ele. Agora, quando o primeiro canalha do mainstream
entrou numa de pedir um edital, ele simplesmente desestruturou todos os outros
artistas. Se a Maria Bethânia quer R$ 2 milhões para fazer um blog, o cara quer
R$ 100 mil para fazer uma turnê em Cascadura, tá f*".
Para Lobão, os ganchos
necessários para emplacar os editais – "a festa da morte de Dona Canô", "os 35
anos de carreira", "homenagear o morto, que também dá ibope". "A própria
elaboração burocrática já é uma perversão dentro do processo criativo", aponta.
Ele reclama também que os espetáculos financiados pelos editais não tem
obrigação de lotar os espaços de apresentação. "Você ganha R$ 100 mi, R$ 50
mil, você dá R$ 50 mil para o teatro, bota 3 pessoas lá. Você não tem porque
lotar, está com seu dinheiro em casa, não precisa botar público, não precisa
mais ser criativo. Não precisa fazer mais nada e ganhar seu dinheiro. E muito
dinheiro".
Por "ser um homem" e ter "calças para honrar", afirma ter recusado
um edital de R$ 2 milhões para uma turnê, por já ser um artista consagrado. "Você pode imaginar a promiscuidade que é Gilberto Gil, enquanto ministro da
Cultura, ele subdividir sua mulher, Flora Gil, que é sua empresária, e mamou
todos os editais possíveis, desde o Camarote 2222... Isso é uma imoralidade",
acusa.
Para Lobão, a "eminência parda" do enfraquecimento da música
independente, é o produtor cultural Pablo Capilé, idealizador do circuito Fora
do Eixo, que define como "uma pessoa execrável", "o cara que está acabando com
a música independente".
Sobre sua situação após emergir como opositor do
governo, ele relata ter recebido calúnias, mas que tem feitos shows lotados
após os debates nos quais se envolveu. "Não adianta peitar uma figura como eu,
que são todos uns perdedores", declara.
Fonte:
"Bahia Notícias"
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