Por Reinaldo Azevedo
Por que tanto mi-mi-mi?
Nesta quinta, deputados das bancadas evangélica e
católica postaram-se atrás da Mesa da Câmara e exibiram imagens com flagrantes
da Parada Gay ocorrida em São Paulo no domingo. Havia a transexual com os seios
à mostra presa a uma cruz, inferindo que os gays são os cordeiros de Deus de
hoje; mulheres introduzindo objetos não identificados na vagina, pessoas
caracterizadas como santos ou figuras bíblicas praticando sexo oral…
Se querem saber, não achei o protesto de bom gosto,
mas compreendo as suas razões. O que não entendo é a gritaria dos "progressistas". Que é? Foram tomados agora de um súbito puritanismo? As
imagens exibidas pelos deputados foram flagrantes feitos nas ruas, em praça
pública, diante de todos - o que, diga-se, afronta a lei; trata-se de
comportamento tipificado no Código Penal.
É curioso que agora cobrem de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), presidente da Câmara, um atitude. Que atitude ele poderia tomar,
além de nenhuma? Diz ele: "Não emiti opinião. Já vi várias manifestações, de
várias naturezas, acontecerem no plenário, como bater panela e levantar
carteira de trabalho. Não posso impedir a manifestação de parlamentar, como não
impedi de bater panela". A fala é correta.
Então os gays podem sair às ruas, patrocinados com
dinheiro público - sim, com dinheiro público -, ofender a religião de milhões
de pessoas, com a agressividade típica das falsas vítimas, e o Parlamento é
obrigado a se calar? Ora, por que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), sempre tão
loquaz, não tomou a palavra para defender o comportamento dos que foram à
parada com o propósito de agredir a Constituição?
A reação dos inconformados não passa de patrulha,
má-fé e ódio à democracia. Vamos ver. Se evangélicos ou católicos, numa marcha
atacarem símbolos de religiões de origem africana, o que vocês acham que vai
acontecer? Vão entrar na mira do Ministério Público, que apelará à Constituição
e às leis, que protegem a diversidade religiosa. Por que o cristianismo - de
qualquer denominação - pode ser vilipendiado, especialmente numa manifestação,
reitero, financiada com dinheiro público?
Os cristãos têm o direito de se manifestar e de
protestar, ora essa! Então os que gritam por uma lei que puna o que chamam de
homofobia podem exercitar a mais descarada e aviltante cristofobia? A
propósito: por que somos todos obrigados a pagar para que eles façam sexo oral
em praça pública? Pode não parecer, mas havia muito do nosso dinheiro lá.
Devagar aí! O estado é laico, sim, mas não é
oficialmente ateu. Aliás, leio no preâmbulo da Carta Magna: "promulgamos, sob a
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL".
Os ateus não gostam? Fiquem tranquilos: "sob a proteção de Deus", seu direito
de não professar fé nenhuma está resguardado. Mas também estão protegidos os
símbolos religiosos.
Poucas coisas me irritam tanto quanto a gritaria
das falsas vítimas. Então os promotores da Parada Gay permitem ou estimulam o
vitupério contra as religiões; açulam os ânimos contra as lideranças
religiosas; hostilizam de maneira deliberada a fé alheia e, quando há uma
reação, ficam posando de vestais? Dizem-se perseguidos? Opa! Quem perseguiu
quem na parada de domingo? A rigor, desconheço algum outro país em que o sexo
oral seja patrocinado com dinheiro estatal.
As lideranças gays façam o que acharem melhor. São
livres para se manifestar, mas não para agredir a Constituição e o Código
Penal. E os que se sentirem ofendidos com as suas agressões também têm direito
à reação - dentro da lei e da ordem. Digam-me cá: se católicos e evangélicos
decidirem propor movimento de boicote às marcas que patrocinam a parada gay,
estarão sendo obscurantistas ou apenas exercendo um direito democrático?
Quem vai à rua para agredir a religião alheia está
escolhendo um caminho. Um mau caminho. As lideranças gays que promovem a marcha
deveriam, isto sim, pedir desculpas, se é que pretendem viver num mundo
civilizado. O que se viu nas ruas foi baixaria, vulgaridade e delinquência
intelectual.
A propósito: eu estou entendendo errado, ou há
mesmo pessoas defendendo a censura sob o pretexto de defender a diversidade
sexual?
Tenham mais compostura política, se a outra se
mostra impossível!
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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