Por Reinaldo Azevedo
Vejam esta foto. Volto a ela depois.
O que se deu na Venezuela foi muito grave. O ataque
promovido por milícias bolivarianas aos senadores Aécio Neves (PSDB-MG),
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), José Agripino
(DEM-RN), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), José Medeiros
(PPS-MT) e Sérgio Petecão (PSD-AC) não agride apenas os parlamentares
individualmente ou em grupo. Trata-se de uma agressão ao Brasil.
A comissão desembarcou no aeroporto de Caracas de
um avião que traz a inscrição "Força Aérea Brasileira". Mais: o governo
venezuelano havia se comprometido com a segurança do grupo. A presidente Dilma
Rousseff deveria ter emitido uma nota de repúdio com a chancela da Presidência
da República. Em vez disso, veio a público um discreto muxoxo do Itamaraty. Faz
sentido.
Na semana passada, na Bélgica, Dilma resolveu
apontar o dedo acusador contra os EUA, ainda que o tenha feito de modo oblíquo,
ao afirmar que são inadmissíveis quaisquer sanções à Venezuela. Saía, assim, em
defesa da ditadura. No dias 8 e 9, Diosdado Cabello, presidente da Assembleia
Nacional, esteve no Brasil. Como já informei aqui, encontrou-se com Luiz Inácio
Apedeuta Silva. Mas não só com ele: também foi recebido em palácio pela…
presidente da República. Vejam a foto lá no alto.
Cabello é investigado nos EUA por tráfico de
drogas. O chefe de sua segurança pessoal se exilou e o acusa de ser o homem que
centraliza o narcotráfico no país. Nada que assuste Lula. Nada que assiste
Dilma.
Os senadores já estão de volta no Brasil. Não
conseguiram, e o mesmo aconteceu com outras comissões estrangeiras, acesso aos
presos. É preciso ver o que pode ser feito no âmbito do Senado. Tanto o tratado
do Mercosul como o da Unasul têm as cláusulas democráticas. A Venezuela as
desrespeita de maneira firme e determinada. Pior do que o silêncio da
presidente Dilma e do PT, são as manifestações claras de apreço por um regime
que conduziu a Venezuela ao caos econômico e social.
O governo brasileiro é, em muitos aspectos, mais do
que cúmplice da ditadura. Tornou-se um seu propagandista. Quando Dilma se deixa
fotografar ao lado de uma personagem facinorosa como Cabello, está fazendo uma
escolha. O encontro de ambos nem estava na agenda oficial da presidente.
Há muitos anos aponto o discurso hipócrita de boa
parte das esquerdas que ainda ousam falar em democracia, quando o que querem,
está demonstrado mais uma vez, é ditadura. Ora, se Dilma Rousseff tivesse
tirado uma lição humanista, de valor universal, das agruras pelas quais diz ter
passado na cadeia, deveria ter ojeriza do governo Maduro. Aquele regime tortura
e mata, a exemplo do que ocorreu no Brasil nos piores tempos da ditadura. Sim,
Dilma pertencia a uma organização terrorista. Uma vez rendida pelo Estado,
jamais poderiam ter encostado a mão em um fio do seu cabelo. Os presos
políticos da Venezuela nem terroristas são.
Qual o quê! Ao emprestar apoio integral e
irrestrito ao governo Maduro, Dilma parece dizer que não é contra a tortura - só contra a tortura de pessoas erradas; isto é, as que pertencem à sua grei
ideológica. Ao emprestar apoio integral e irrestrito ao governo Maduro, Dilma
parece dizer que não é contra o assassinato político - só contra o assassinato
das pessoas erradas. Ao emprestar apoio integral e irrestrito ao governo
Maduro, Dilma parece dizer que não é contra milícias armadas e esquadrões da
morte - só contra milícias armadas e esquadrões da morte que escolham… alvos
errados.
Não fosse assim, o governo já teria usado o peso
que tem o Brasil na América Latina para cobrar compostura de Maduro. Em vez
disso, faz precisamente o contrário: protege um governo criminoso em nome de
idiossincrasias ideológicas.
Como reagirá Dilma? O governo venezuelano fez com
que senadores da República Federativa do Brasil caíssem numa armadilha.
Sitiou-os em meio a automóveis, de sorte que não podiam nem ir nem voltar, e
incitou os cachorros loucos.
É uma agressão aos parlamentares, ao Senado e ao
Brasil. O apoio a Maduro suja de sangue as mãos do governo brasileiro. Vamos
ver se Dilma pretende esfregá-las na cara do Congresso Nacional, em mais uma
manifestação de pouco caso com as regras da democracia e da civilidade.
"Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário