Sala cirúrgica do Centro Médico Assuta, em Tel Aviv
Foto: Reprodução
Por Ricardo Setti
A vida
sempre surpreende. Pouco antes dos ataques de Israel para silenciar os foguetes
disparados da Faixa de Gaza contra seu território, da destruição, dos mortos,
do sangue e da enorme repercussão internacional, médicos israelenses haviam
realizado uma cirurgia - cujos detalhes não foram divulgados - em uma das
pernas de Amina Abbas, esposa do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud
Abbas.
A
cirurgia ocorreu no Centro Médico Assuta, uma clínica particular no bairro de
Ramat Hachayal, nos arredores de Tel Aviv, a maior cidade de Israel. Ramat
Hachayal é uma área conhecida pela concentração de empresas de alta tecnologia,
inclusive na área médica.
O governo
de Israel providenciou um forte esquema de segurança na clínica e arredores
durante as 48 horas da internação da senhora Abbas, e a direção da clínica, que
não deixou vazar o fato para outros pacientes, instruiu seus funcionários a não
dar declarações à imprensa.
Embora
pouca gente saiba, mesmo dentro de Israel, o governo volta e meia admite que
políticos palestinos ingressem no país para obter tratamentos médicos não
disponíveis nos hospitais da Cisjordânia e mesmo da Faixa da Gaza.
Antes do caso da senhora Abbas, no
começo de junho, Israel permitiu que a sogra de ninguém menos do que o
principal dirigente do Hamas, Ismail Haniyeh, uma senhora de 68 anos de idade
cujo nome não foi revelado, deixasse a Faixa de Gaza para receber tratamento
contra o câncer no Hospital Augusta Victoria de Jerusalém.
Em relação
a Haniyeh - que segundo Israel, os Estados Unidos e a maior parte dos países
europeus dirige uma organização terrorista -, houve outro precedente, em
novembro de 2013: sua netinha Amal Haniya, de um ano de idade, acometida de
grave infecção no trato digestivo que afetou seu sistema nervoso, obteve
autorização para ser atendida num hospital israelense. Posteriormente, porém,
de volta a Gaza, a criança acabou morrendo.
Fonte: Coluna do Ricardo Setti
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