Por Antônio Vieira
As intenções do governo
brasileiro com relação ao programa Mais Médicos suscitam algumas perguntas
específicas. Os médicos cubanos poderão clinicar, em caráter privado, fora do horário
regular a que estarão obrigados? Caso a resposta seja negativa, estariam eles,
então, trabalhando em regime de dedicação exclusiva? Se sim, qual a base legal
trabalhista dos seus contratos? Quanto é a taxa de administração que a mais
nova entidade devotada à terceirização de mão de obra - a Organização
Panamericana de Saúde - vai receber do governo brasileiro? Haverá, por
acaso, mais alguma triangulação envolvendo, por exemplo, as fundações
universitárias, sempre disponíveis para notórios arranjos visando ultrapassar
barreiras legais em benefício de apaniguados?
Do
ponto de vista fiscal, aliás, as "bolsas" são isentas de imposto de renda. Não
são dúvidas preconceituosas. Médicos de países democráticos admitem o exercício
liberal da profissão. Não é, definitivamente, a situação de Cuba. O enrosco com
relação a eles tem mais o jeitão de acordo bolivariano, para não dizer coisa do
Foro de São Paulo. Ah! meu caro, certamente vai sobrar um troco (das centenas
de milhões previstos) para as turmas do PT e PCdoB que vivem agarradas como
cracas nas burocracias acadêmicas e sindicais. Vão pipocar convênios e acordos
onerosos para financiar eventos e atividades vinculadas ao
empreendimento. O mais provável é a grana sair dos ministérios da Saúde e
da Educação, cujas cornucópias são inesgotáveis.
Temos que reconhecer: esse
pessoal é artista, sabe como tirar leite das pedras. Os procedimentos que o
regime cubano parece seguir fazem lembrar tempos negros da escravidão. Ainda
nos séculos XVI e XVII havia na África estados que se sustentavam no tráfico
(principalmente na região do Sahel, fronteiriça ao Saara). Cuba, a propósito,
já forneceu mercenários para guerras em Angola e outros lugares. No presente
caso, os irmãos Castro - negreiros contemporâneos - alugam mão de obra (segundo
a necessidade do freguês), num surpreendente processo internacional de
terceirização do trabalho humano. São eles piores que os tradicionais coiotes
que contrabandeiam gente nas fronteiras americanas.
Vejamos como se portam
outras entidades internacionais, como a OIT, bem como instituições devotadas à
proteção trabalhista no Brasil, como o Ministério Público e os teóricos da
legislação do trabalho. Este assunto, não nos enganemos, vai render panos pra
manga. O primeiro lote das peças caribenhas está a caminho. Breve
ouviremos: "As galinhas chegaram", conforme o jargão do passado anunciando
escravos novos disponíveis.
Desconfio, no entanto, que
um traço inerente à humanidade será a fonte de futuras confusões: o amor, este
subversivo incontrolável! Homens, principalmente, logo ficarão sujeitos ao
assanhamento irresistível junto aos moradores locais. A menos que só mandem
casais estabelecidos ou eunucos ou bruacas indigestas (sem discriminar os
gays), para os miseráveis grotões da pátria. Não há pecado do lado de baixo do
equador!
Fonte: "Coluna de Augusto Nunes"
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