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terça-feira, 20 de agosto de 2013

"BADERNA NA CÂMARA, como ocorreu hoje, é antidemocrática. As instituições precisam prevalecer sobre seus ocupantes temporários"



Por Ricardo Setti
Em países civilizados, o plenário da Câmara é intocável. Aqui... A invasão de hoje incluiu desde pessoas que queriam que o Congresso mantenha os vetos da presidente Dilma ao Ato Médico até representantes de associações de policiais e bombeiros pressionando para a aprovação de piso salarial nacional.
Pode-se não gostar dos políticos em geral, pode-se criticá-los, pode-se (e deve-se) fazer manifestações de protesto contra atitudes, votos e comportamentos de políticos de qualquer partido - mas há limites para tudo, e a democracia não comporta a baderna.
É isso - baderna, palavra de que os politicamente corretos temem lançar mão por ser "de direita" - que ocorreu hoje ao longo do dia, e ainda ocorre, na Câmara dos Deputados, com uma série interminável de "manifestações" que incluiu uma intolerável invasão do plenário da Casa.
Frequento o edifício do Congresso, hoje em dia de forma bissexta, desde os anos 60, e a coisa está cada vez pior e mais desrespeitosa. Passou-se da fase das simples vaias  quando os responsáveis eram convidados a retirar-se pelo que hoje se chama Polícia Legislativa - à de atirar objetos das galerias ao plenário para, agora, simplesmente invadi-lo.
O plenário, numa democracia séria, seria considerado terreno intocável, símbolo do Legislativo, o poder teoricamente do povo. Aqui…
Um grupelho de baderneiros invadiu a área de trabalho dos deputados, onde só é permitida a presença de parlamentares, ex-parlamentares, funcionários e jornalistas credenciados, e fez o diabo: gritavam palavras de ordem, xingavam, faziam soar apitos e, no meio da bagunça, cantaram também o Hino Nacional. Ali se misturava um pouco de tudo: pessoas interessadas na questão do Ato Médico e outros na votação de piso salarial para policiais militares.
Foi o ponto baixo de um dia inteiro de manifestações ruidosas e nem sempre adequadas dentro do Congresso Nacional.
Manifestantes de vários grupos diferentes já haviam ocupado o Salão Verde, imenso saguão que antecede o plenário.
Havia gente de todo tipo e de várias tendências espalhada pela Câmara, sobretudo nos corredores.
Indígenas invadiram salas de comissões técnicas, protestando contra uma Proposta de Emenda Constitucional que coloca sob responsabilidade do Congresso, e não mais do Executivo, a homologação de terras públicas como sendo indígenas.
Médicos exigiam que o Congresso (Câmara e Senado reunidos) derrubasse os vetos da presidente Dilma ao projeto, já aprovado, da Lei do Ato Médico.
"Profissionais da área da saúde", como se autodenominam, estavam lá justamente para o oposto - pressionar o Congresso a manter os vetos à Lei do Ato Médico.
Outros manifestantes pretendiam falar em nome de policiais militares e bombeiros, exigindo que a Câmara vote em segundo turno a PEC 300, aprovada em primeiro turno em 2010 e depois engavetada, que estabelece um piso nacional para ambas as categorias. Alguns desses participaram da entrada à força no plenário.
Como é possível que um policial - supostamente, agente da lei -, ainda que travestido em integrante de uma associação de classe, parta para a desordem aberta, invadindo na marra o coração da Câmara?
Não há como discordar de um político chinfrim, a quem critiquei diversas vezes - o presidente da Casa, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), que exigiu "respeito" aos invasores do plenário:
- Não é assim que vão conquistar os votos desse plenário.
Alves também criticou aqueles que apelam para "um discurso fácil e demagógico" na abordagem de temas complexos, como todos os expostos acima.
Diante da confusão que vários grupos formavam nas entradas do edifício do Congresso, a Polícia Militar do Distrito Federal, acionada, começou a impedir o ingresso de manifestantes. Representantes dos médicos se queixaram de restrições à liberdade de expressão.
Pode até ser. Mas tem muita gente confundindo o legítimo e necessário ato de pressionar o Congresso - via manifestações pacíficas e ordeiras, entrega de abaixo-assinados, e-mails e telefonemas a deputados e senadores e por aí vai - com a ação física de ir até os parlamentares e, direta ou indiretamente, ameaçá-los.
A insatisfação com o Congresso, em geral absolutamente justificada, precisa encontrar meios decentes e civilizados para se escoar.
Já escrevi e repeti o que é óbvio: queiram ou não, deputados e senadores são representantes do povo. Não foram nomeados bionicamente por ninguém. Não são alienígenas. Não foram eleitos por cidadãos da Nova Guiné ou do Panamá, mas por nós, brasileiros.
Estão furiosos com eles? Pois votem melhor da próxima vez.
As instituições precisam prevalecer sobre os que as ocupam temporariamente.
Fonte: "Política & Cia"

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