Por Hugo Navarro Silva
A campanha política pela Prefeitura transcorria normalmente, nesta
cidade, dentro das limitações que dela se poderia esperar, juntando-se ao
natural estrondo das ruas, à poluição sonora e visual a que o povo está
acostumado, quando uma das facções, subitamente, disparou na propaganda,
esbanjando recursos como se tivesse acertado no milhar ou descoberto algum
tesouro enterrado. O povo vem constatando, surpreso, de queixo caído, o
desmesurado crescimento de out-doors de certo candidato, que após saturar muros
e terrenos baldios passou a ganhar incrível multiplicação em todos os espaços
do centro e dos bairros mostrando campanha milionária como nunca houve neste
Município. E não somente os out-doors. A desenvoltura dos gastos em todos os
meios disponíveis de propaganda mostra que não está havendo limites financeiros
para o candidato, dando lugar a boatos de que estaria, ele, a bancar todos os
custos eleitorais dos pretendentes à vereança por sua coligação.
O extraordinário e surpreendente derrame de dinheiro, inédito
nestas plagas interioranas, não tem encontrado, entretanto, apoio na opinião
pública conforme resultado de pesquisa recentemente divulgada. O povo está
preferindo quem merece confiança, baseado em velho ditado, o de que "mais vale
um pássaro na mão do que dois voando". E já era tempo.
O fenômeno da rejeição a certo grupo político, entretanto, não é
fato local e isolado. Espalha-se por todo o país. Está presente em inúmeros
municípios, inclusive capitais de estados, como acontece em Salvador, até pouco
tempo considerado imbatível reduto de conhecida facção partidária.
É que caiu a ficha. Parte do povo, que elevou alguns políticos à
condição de santidade, agora está descobrindo que tais santarrões estão
enterrados na lama até o nariz, como o sujeito do rio de imundices do Inferno,
implorando, a quem entra, cautela para não fazer onda.
No país há partidos que se consideram imbatíveis, mandando e
desmandando, na ausência do salutar trabalho de oposição vigilante, corajosa,
competente e atuante. Quase não existem líderes oposicionistas dentro de
partidos e de casas legislativas, capazes de denunciar com seriedade e
competência, as mazelas dos governos. Mas, como dizem que Deus escreve certo
por linhas tortas, a reação contra os desmandos e a roubalheira surgiu de onde
menos se esperava, do Judiciário, com a ajuda e indispensável cooperação da
Procuradoria Geral da República, que prestam, ao povo brasileiro, pelo menos
até agora, no julgamento do "mensalão", pelo STF, o maior dos serviços que
órgãos públicos poderiam prestar ao povo brasileiro, ao expor, à vista de
todos, a podridão das vísceras dos que se apresentam como modernos pais dos
pobre e salvadores da pátria.
Diante do quadro político brasileiro, dominado por facção que age com
mão de ferro, atraindo acólitos e defensores de todas as cores partidárias como
monte de lixo exposto a moscas, embora aos trânsfugas permita, apenas, papeis
secundários, politicamente inexpressivos, cresce de importância a figura do
ministro Joaquim Barbosa, cidadão de origem modestíssima e que hoje se ergue, perante o povo brasileiro, como
verdadeiro herói popular por sua competência, coragem e civismo.
Aladin, que embalou e continua a embalar fantasias da garotada,
capaz de fazer aparecer, de repente, por artes mágicas do gênio da lâmpada
(para muitos o próprio Belzebú), aeroporto, linhas aéreas, avenidas, centro de
convenções, tri-via, mais um hospital geral e outras maravilhas, não passa de
lenda para enganar trouxas.
* Hugo
Navarro da Silva escreve para o jornal “Folha do Norte"
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