Para meu pai, sempre presente - Madalena de Jesus
Braços fortes
Que pegam no pesado
roçam o mato
cuidam da terra
seguram as rédeas
do cavalo e da vida
Que abraçam
Mãos calejadas
Pelo cabo da enxada cega
que limpa a roça
que escava o tanque
Pelo cabo do facão amolado
que corta o capim
que abre o coco verde
Pela pedra
que parte o ouricuri
que machuca o milho seco
alimento das galinhas
Olhos atentos
Para a leitura
dos livros e do mundo
Para as dores
do corpo e da alma
Voz firme
Para ordenar
Para aconselhar
Para pedir
comida
carinho
atenção
Para sorrir
Pernas sem movimento
quietas na cadeira
sobre rodas
sobre o cavalo
perda infantil
dor adulta
Pés que não vão a lugar algum
Raízes do corpo
Condutores da vida
Isso não é um poema
nem de longe
ele, sim, fez da vida um punhado de versos
um emaranhado de sonhos
ligação deste a tantos outros mundos
possíveis ou não
reais
como a morte
Fonte: "Tabuleiro da Maria"
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Recortes
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