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quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Terroristas, ativistas e 'passivistas'…"

Por Reinaldo Azevedo
Vocês se lembram quantas vezes reclamei aqui do fato de a imprensa brasileira, com raras exceções, chamar Cesare Battisti de"“ativista". Até brinquei: "Vai ver os passivistas são aqueles que ele matou…" Os mais finórios iam ainda mais longe: Battisti seria um "ex-ativista". O delinqüente raramente é chamado por aquilo que é: um terrorista.
A palavra finalmente foi resgatada do arquivo: Anders Breivik está sendo tratado por aquilo que é: terrorista! É o certo! É esse o nome que lhe cabe. Seria ridículo chamá-lo um "ativista", não é mesmo? Só não sei se aqueles que recorrem a esse vocábulo para definir Battisti o fazem porque consideram que terrorismo de esquerda é um iluminismo ou porque reconhecem a todo "ativista" o direito de matar ao menos quatro pessoas - só acima dessa linha de corte é que estaria caracterizado o "terrorismo".
Acho que compreendo o que pensam: um extremista de direita pode ser chamado de "terrorista" porque é óbvio que ele não pretendia nada de bom. Já um extremista de esquerda, coitado!, apenas escolheu um método não muito bom de lutar por justiça.
Essa arquitetura moral é asquerosa. Usar um vagabundo homicida como Breivik para fazer guerrilha ideológica é o ponto extremo da canalhice intelectual. E tanto pior se aqueles que o fazem costumam esconder os crimes dos que estão abrigados em seu guarda-chuva ideológico.
Procedam a uma pesquisa. Vejam quantos são os que chamam o Hamas, por exemplo, de movimento terrorista. Tentar alvejar populações civis com foguetes ou explodir uma bomba em área pública são coisas vistas como parte da luta política. Tanto é assim que se cobra de Israel uma reação "proporcional" - se é que tem de haver reação; boa parte acha que não…
Uma ova! Breivik é terrorista. Battisti é terrorista. O Hamas, que condenou os atentados na Noruega, é terrorista. Esse relativismo canalha que distingue o bom do mau terrorismo é asqueroso. Numa entrevista na GloboNews, um professor da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira, chegou a dizer que os atentados praticados por Breivik eram "mais políticos e mais direcionados" do que o ataque às Torres Gêmeas. Com isso, sugere que ele participa de uma conspiração mais organizada - e, quem sabe, mais perigosa! - do que a própria Al Qaeda. A propósito: Slavoj Zizek, marxista com amplo trânsito no Ocidente, inclusive no Brasil, vê no terrorismo uma forma de atuação política aceitável - não o "de direita", suponho…
É um conforto saber que intelectuais franceses de direita não vão criar um grupo de apoio a Breivik, como fizeram os de esquerda em apoio a Battisti. A razão é simples: o vagabundo é um nazistóide paranóico, que está à margem da política. Já Battisti virou um herói da resistência. Por mim, todos os vagabundos citados neste texto deveriam debater suas divergências na cadeia!
Agora quero ver um esquerdista escrever o mesmo.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

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