Por
Douglas Murray
Semanas
atrás o Facebook foi obrigado a voltar atrás ao ser flagrado permitindo publicações
de posts anti-Israel, ao passo que censurava publicações equivalentes quando os
posts eram anti-palestinos.
Um dos casos
mais tenebrosos do ano passado mal foi noticiado. Em setembro a chanceler alemã
Angela Merkel teve um encontro em Nova Iorque com o fundador do Facebook, Mark
Zuckerberg, na Conferência de Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento.
Ao sentarem-se à mesa o microfone da chanceler Merkel, ainda ligado, registrou Merkel perguntando a Zuckerberg o
que poderia ser feito para bloquear posts contrários à imigração que estavam
sendo publicados no Facebook. Ela perguntou se isso era algo que a equipe dele
estava providenciando e ele assegurou que era.
Naquela
época, provavelmente o aspecto mais impressionante
dessa conversa foi o fato da chanceler alemã, justamente no momento em que seu
país estava passando por um dos acontecimentos mais marcantes da sua história
pós-guerra, foi perder tempo se preocupando em como bloquear a desaprovação da
sua política sendo ventilada nas redes sociais. Mas parece que a conversa
rendeu frutos.
Na semana
passada, o Facebook lançou o que ele chamou de "iniciativa da coragem civil online",
cujo objetivo alegado era o de retirar o "discurso de incitamento ao
ódio" do Facebook, especificamente retirar comentários que "promovam
a xenofobia". O Facebook está trabalhando com uma unidade da editora
Bertelsmann, que tem como objetivo identificar e apagar do site posts
"racistas". O propósito do trabalho tem como foco principal os
usuários do Facebook na Alemanha. Quando do lançamento da nova iniciativa, a
responsável pela operação do setor do Facebook, Sheryl Sandberg, explicou que
"discurso de incitamento ao ódio não tem espaço em nossa sociedade, nem
mesmo na Internet". Ela continuou assinalando que o "Facebook não é
lugar para a disseminação de discurso de incitamento ao ódio ou estímulo à
violência". É obvio que o Facebook pode fazer o que bem entender com o seu
próprio website. O que causa espécie é o que esta organização de iniciativas e
pensamentos desordenados revela sobre o que está acontecendo na Europa.
O
deslocamento em massa de milhões de pessoas da África, Oriente Médio e de mais
além para a Europa, aconteceu em tempo recorde, se tornando um acontecimento
importantíssimo de sua história. Conforme os episódios de Paris, Colônia e
Suécia puderam comprovar, não são de maneira alguma eventos com conotações
apenas e tão somente positivas que estão ocorrendo.
Além de
estarem temerosos quanto às implicações em relação a segurança, a permissão da
entrada de milhões de pessoas cujas identidades, crenças e intenções são
desconhecidas e, devido ao tamanho do contingente, impossível de se conhecer,
muitos europeus estão profundamente preocupados que esse fluxo seja um
prenúncio de uma mudança irreversível no tecido de suas sociedades. Muitos
europeus não querem fazer parte de um caldeirão de culturas do Oriente Médio e
África, querem preservar alguma coisa de suas próprias identidades e tradições.
Aparentemente não é apenas uma minoria que se sente incomodada com isso.
Pesquisas após pesquisas mostram que uma maioria considerável do público, em
cada um dos países europeus, é contrária a qualquer coisa parecida com o atual
volume do fluxo de migrantes.
O
sinistro em relação ao que o Facebook está fazendo é que agora está removendo
discursos que teoricamente qualquer um consideraria racista juntamente com
discursos que somente alguém do Facebook acredita ser "racista".
Acontece
porém que, pasmem! Essa concepção de discurso "racista" parece
abarcar qualquer crítica negativa em relação à catastrófica política de
imigração atual da União Européia.
Ao
decidir que os comentários "xenófobos" em reação à crise também são
"racistas", o Facebook transformou o enfoque da maioria dos povos
europeus (que, se faz necessário enfatizar, são contrários à política da
chanceler Merkel) em visões "racistas", classificando assim a maioria
dos europeus de "racistas". É uma política que fará a sua parte em
remeter a Europa para um futuro desastroso.
Porque,
ainda que alguns discursos que o Facebook
tanto teme sejam de alguma maneira "xenófobos", há questões profundas
sobre a razão desse tipo de discurso ser banido. Em vez da violência, a palavra
é uma das melhores maneiras das pessoas ventilarem seus sentimentos e
frustrações. Retire o direito de se falar sobre as frustrações, o que sobra é
apenas a violência. A República de Weimar, para citar apenas um exemplo, estava
repleta de leis sobre discurso de incitamento ao ódio, que tinham como objetivo
limitar o discurso que não agradava o estado. Essas leis não ajudaram
absolutamente nada para impedir a ascensão do extremismo, elas só produziram
mártires daqueles perseguidos por elas, além de persuadir um número ainda maior
de pessoas que o momento de falar tinha acabado.
A
tenebrosa realidade de uma sociedade na qual a expressão da opinião da maioria
é transformada em crime já foi vista por toda a Europa. Na semana passada
mesmo, denúncias vindas da Holanda,
informavam que cidadãos holandeses foram visitados pela polícia e advertidos
quanto a publicação de posts de sentimentos contrários à imigração em massa no
Twitter e em outras redes sociais.
Nessa
mistura explosiva, o Facebook, sabendo
ou não, já fez a sua parte. A tampa da panela de pressão foi fechada no exato
momento em que a chama foi aumentada. A verdadeira "iniciativa da coragem
civil" seria explicar tanto para Merkel quanto para Zuckerberg que a
política deles poderá ter apenas um resultado possível.
Douglas
Murray é escritor, jornalista e comentarista britânico,
sediado em Londres, Inglaterra.
Publicado
no site do The Gatestone
Institute.
Tradução: Joseph
Skilnik
Fonte:
"Mídia Sem Máscara"
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