Por Cesar Maia
No último dia do mês
de janeiro as prefeituras são obrigadas a publicar a execução orçamentária
relativa a 2015. Aí estão as receitas, as despesas por natureza, por secretária
e por função, a dívida pública, o balanço previdenciário, as aplicações
constitucionais em educação e saúde e um quadro muito importante - resultado
primário - pois compara o ano de 2015 com 2014 e permite uma visão mais ampla.
A difícil situação financeira dos municípios termina caindo na cabeça
dos servidores. A visão fiscal ortodoxa - em geral adotada pela imprensa - aponta
neles os ajustes fiscais. Esse tema vai desgastar os atuais governos e deve ser
destacado pelos candidatos de oposição. Idem a previdência dos servidores. Nos
primeiros meses, os prefeitos em exercício terão mais fôlego em função da
antecipação do IPTU. Isso dura até junho.
Saúde e Educação são temas de desgaste de quem governa, especialmente
nessa conjuntura. São despesas vinculadas constitucionalmente. O número de
servidores destas duas secretarias, incluindo terceirizados, soma mais de 60%
do total. Servem para desgastar, mas não para capitalizar. Os candidatos de
oposição, em geral, não capitalizam, pois os profissionais dessas áreas já
estão cansados de promessas.
A pré-campanha é muito importante. É ela que cria os cenários, os
personagens e os temas para a campanha eleitoral. A pré-campanha - até julho - é
como se fosse a primeira parte de uma novela. As restrições da lei eleitoral
nessa fase não inibem os espaços para fazer política, portanto, para colocar no
palco os temas, os personagens e os cenários. Só inibe a campanha explícita
eleitoral: votem em fulano para tal coisa.
As redes sociais são fundamentais para a pré-campanha. Na lógica das
redes sociais, a crítica tem um multiplicador muito maior e, por isso, espalham
muito mais o desgaste dos alvos políticos. Por isso, toda a parte propositiva -alternativas - deve ter foco e recorte nas redes sociais.
Este ano o número de inserções (comerciais) aumentou muito. Os candidatos
a vereador não terão mais blocos, aliás, sempre chatos e ridicularizados. Por
isso, desde já se deve pensar bem como aproveitar os comerciais, levantar o
número deles para cada partido (aqui não entram as coligações para vereador, só
para prefeito) e - em função da frequência - avaliar o que será mais memorizável.
E os partidos avaliarem como distribui-los.
A questão chave nas eleições majoritárias - no caso prefeitos - é a
taxa de confiança nos candidatos. Essa é a parte essencial da TV. Nas cidades
menores, o porta a porta tradicional ganhou uma enorme sofisticação depois da
campanha dos republicanos nos Estados Unidos em 2004.
Não se assuste com os números de abstenção, brancos e nulos nas
pesquisas. Esses números somados alcançam algo como 25%. Nas pesquisas, neste
ano de crise, devem crescer. Mas isso atrasa a decisão do eleitor que decide
cada vez mais na parte final. Guarde munição para os últimos 15 dias ou menos.
A munição deve ser usada numa curva ascendente em direção ao dia da eleição.
Com a proibição de financiamento por parte das empresas, os recursos
aplicados em campanha serão muito menores e a fiscalização será muito mais
intensa e mais fácil de fazer. Estimula o caixa 2, que passa a ser um risco
muito maior que antes.
Fonte: "Ex-Blog do
Cesar Maia"
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