José Umberto com Vito Diniz e Dimas Oliveira
Foto: Arquivo
Por José Umberto
O Cinema
Novo brasileiro revelou o realismo da miséria, digo, a teorização da práxis da
estética da fome. O sertão é um espaço humano e geográfico onde a miséria do
latifúndio se expõe nas riquezas do imaginário popular. Poetas, pintores,
cantadores repentistas expressam um universo de beleza imaginária que extrapola
do regional em direção ao universal.
"O
sertanejo é, antes de tudo, um forte", é uma frase do célebre livro "Os Sertões",
de Euclides da Cunha. Esta fortaleza se condensa na capacidade expressiva do
imaginário paralela ao esforço de conseguir sobreviver com inventiva diante de
um princípio de realidade indigno socialmente.
A beleza
do documentário poético, 35 mm, "Ser Tão"
está presente na própria realidade selecionada pelo enquadramento
cinematográfico. A realidade subdesenvolvida do miserabilismo é naturalista.
Interessou-nos, porém, o homem nas suas paisagens física e social, envolto na
sua posição poética e na resistência pela conquista da sobrevivência como ser
humano.
A
descoberta da arte e da vida de um povo, como o sertanejo brasileiro,
representa uma viagem de desafios, surpresas e encanto.
Sinopse
O ponto de partida do filme é o precioso mural
do pintor Lênio Braga instalado na Estação Rodoviária de Feira de Santana,
cancela de entroncamento para o sertão. Uma visão sertaneja inspirada na poesia
de cordel, revelando o homem nordestino em seu contato com a terra e os
animais, a feira de gado e o comércio de miudezas, o boi que espanta a
madrugada e o leite branco que jorra, o boiadeiro que conduz o criatório com
seu canto genuíno, o poeta que vende suas fantasias no mercado, a caatinga na
sua desolação agreste. O documentário compõe um jogo visual e sonoro com esses
elementos poéticos da realidade e da fantasia do real no sertão.
Ficha
Técnica
Roteiro,
montagem e direção: José Umberto; Direção de fotografia: Lúcio Mendes;
Assistente de direção: Dimas Oliveira; Assistente de fotografia: Alonso
Rodrigues; Still: Stefano Romano; Técnico de som: José Alberto Machado;
Direção de Produção: Márcia Vergne; Produção: J. U. Dias; Bitola: 35 mm; Cor:
Eastmancolor; Duração: 10 minutos; Ano: 1980.
Digitalizado,
este filme constará da coleção “Fragmentos da História de Feira de Santana –
Volume 8”, que a Fundação Senhor dos Passos, através no Núcleo de Preservação
da Memória, lança no dia 8 de abril, no Mercado de Arte Popular.
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