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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

"Ser Tão": riquezas da miséria

José Umberto com Vito Diniz e Dimas Oliveira
Foto: Arquivo

Por José Umberto
O Cinema Novo brasileiro revelou o realismo da miséria, digo, a teorização da práxis da estética da fome. O sertão é um espaço humano e geográfico onde a miséria do latifúndio se expõe nas riquezas do imaginário popular. Poetas, pintores, cantadores repentistas expressam um universo de beleza imaginária que extrapola do regional em direção ao universal.
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte", é uma frase do célebre livro "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Esta fortaleza se condensa na capacidade expressiva do imaginário paralela ao esforço de conseguir sobreviver com inventiva diante de um princípio de realidade indigno socialmente.
A beleza do documentário poético, 35 mm, "Ser Tão"  está presente na própria realidade selecionada pelo enquadramento cinematográfico. A realidade subdesenvolvida do miserabilismo é naturalista. Interessou-nos, porém, o homem nas suas paisagens física e social, envolto na sua posição poética e na resistência pela conquista da sobrevivência como ser humano.
A descoberta da arte e da vida de um povo, como o sertanejo brasileiro, representa uma viagem de desafios, surpresas e encanto.  
Sinopse
 O ponto de partida do filme é o precioso mural do pintor Lênio Braga instalado na Estação Rodoviária de Feira de Santana, cancela de entroncamento para o sertão. Uma visão sertaneja inspirada na poesia de cordel, revelando o homem nordestino em seu contato com a terra e os animais, a feira de gado e o comércio de miudezas, o boi que espanta a madrugada e o leite branco que jorra, o boiadeiro que conduz o criatório com seu canto genuíno, o poeta que vende suas fantasias no mercado, a caatinga na sua desolação agreste. O documentário compõe um jogo visual e sonoro com esses elementos poéticos da realidade e da fantasia do real no sertão.
Ficha Técnica
Roteiro, montagem e direção: José Umberto; Direção de fotografia: Lúcio Mendes; Assistente de direção: Dimas Oliveira; Assistente de fotografia: Alonso Rodrigues; Still: Stefano Romano; Técnico de som: José Alberto Machado; Direção de Produção: Márcia Vergne; Produção: J. U. Dias; Bitola: 35 mm; Cor: Eastmancolor; Duração: 10 minutos; Ano: 1980.
Digitalizado, este filme constará da coleção “Fragmentos da História de Feira de Santana – Volume 8”, que a Fundação Senhor dos Passos, através no Núcleo de Preservação da Memória, lança no dia 8 de abril, no Mercado de Arte Popular.

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