Compositor e instrumentista, Paulo Gabiru compõe com boa
dose de dramaticidade o perfil épico da região são-franciscana, articulando
acordes nos meandros do contexto socio-cultural. Sua presença no campo musical
é de fundamental importância não só como componente de um quadro que se expande
conquistando fronteiras, se não também por influenciar novas gerações de compositores
que interagem para o fortalecimento da música popular em nosso país e,
especificamente, promover a música regional: inesgotável fonte de
transformações estilísticas sobre sólida base rítmica. Seu trabalho musical
apresenta estrutura nitidamente eclética, um trabalho onde a criatividade é
tônica marcante. Basta atentar para os arranjos que evidenciam rico mosaico de
variações. Não obstante a inserção de outros ritmos há um traço predominante,
provavelmente originário das toadas regionais: traço como se fora estigma de um
temperamento musical sempre revigorado pelas raízes do vale são-franciscano.
Paulistano de nascimento, criado na Baixada Santista,
identificou-se com as águas barrentas e “cheias de segredos” do Rio São
Francisco, indo e vindo nos velhos gaiolas junto com seus pais a cada férias.
Aportou de modo definitivo em Bom Jesus da Lapa-BA, por volta de 1974 onde, há
algum tempo atrás, é agraciado com título de cidadão lapense, por decreto do
Legislativo Municipal. Apresenta passagens por diversos grupos musicais no
interior do Estado, destacando-se em Salvador no “Quinteto Fred Dantas”, em 1989.
Paulo Gabiru cresceu ouvindo o resfolegar da antiga “Maria-fumaça” da já
extinta estrada de ferro Sorocabana, depois substituída pelas (na época,
modernas) locomotivas a Diesel (seu pai era ferroviário). Viu no horizonte do
mar os grandes navios que lentamente se aproximavam do Porto de Santos. Trocou
a água salgada pelo doce sabor de viver às margens do São Francisco.
Enviado por Jorge Magalhães
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