ACM e seu
ex-carregador de maleta Otto Alencar: com ACM morto, Otto virou casaca e hoje é
pró-PT desde criancinha
(Fotos:
Agência Estado/A Tarde)
Por Ricardo Setti
As pessoas que têm ojeriza
à política costumam citar como uma das razões principais a falta de lealdade e
de coerência de muitos políticos. Há muitos exageros nesse julgamento, mas o caso
do candidato de Lula e Dilma ao Senado pela Bahia, Otto Alencar
(PSD), chega a ser exemplar.
Otto, médico de formação,
67 anos, é daqueles políticos que, em pouco tempo, conseguiu pular de um
extremo a outro: de seguidor submisso, por décadas, do falecido senador Antonio
Carlos Magalhães (poderoso cardeal do então PFL, hoje Democratas), um dos políticos
que críticos ironizavam classificando-os de "carregadores de mala" do cacique
baiano, a vice-governador do petista Jaques Wagner e, agora, candidato do lulopetismo
ao Senado.
Depois que ACM morreu, em
2007, é claro - pois, até então, se pelava de medo do chefe.
Otto Alencar é daqueles
políticos que devem a carreira a ACM. Duas vezes deputado estadual,
foi secretário da Saúde do então governador Antonio Carlos Magalhães -
sim, dele próprio - durante todo um mandato, de 1991 a 1995. Por decisão
de ACM, tornou-se candidato a vice na chapa de César Borges (outro que passou a
maior parte da carreira no PFL de ACM e virou casaca após sua morte) para o Goveno da Bahia, e vice se tornou de 1999 a 2002.
Com a renúncia de Borges
para, igualmente por determinação de ACM, candidatar-se ao Senado em 2002 pelo
PFL, Otto Alencar tornou-se governador da Bahia durante nove meses, até janeiro de
2003.
O carlismo não o desamparou
quando encerrou o mandato. Eleito para o Palácio de Ondina em 2002, o
governador carlista Paulo Souto chamou-o para a importante Secretaria da
Indústria e Comércio, a partir de janeiro de 2003 e até outubro de 2004, quando
então ganhou um presentão: o governador indicou-o para o Tribunal de Contas.
Otto Alencar ficou na
sinecura até 2010, quando deixou-se seduzir justo pelo canto de sereia do
partido mais ferozmente opositor do carlismo na Bahia - o PT. Pulando
do Democratas inicialmente para o anódino PL, e depois para o inodoro
PR, acabou integrando a chapa do governador petista Jaques Wagner, que se
candidatou à reeleição em 2010 e venceu.
Hoje, feliz e pimpão, é do
PSD de Gilberto Kassab e candidato ao Senado pela coligação apoiada por Lula e
Dilma na Bahia. Certamente estaria mais feliz se as pesquisas de intenção de
voto lhe sorrissem: tem 17% das preferências segundo o mais recente Ibope (10
de setembro), contra 35% de Geddel Vieira Lima, que integra a chapa do
ex-governador Paulo Souto (Democratas), líder das preferências para suceder Wagner e
apoiador da candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB).
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