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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A incrível a decisão do Concine em denegar o certificado de produto brasileiro ao filme "Ser Tão"



Em 1980, o filme "Ser Tão", de José Umberto - que foi digitalizado pela Fundação Senhor dos Passos, através do Núcleo de Preservação da Memória Feirense, e será lançado em coletânea de DVDs "Fragmentos da História de Feira de Santana" -, realizado um ano antes, teve Certificado de Produto Brasileiro negado pelo Conselho Nacional de Cinema (Concine). Então, o cineasta apelou ao ministro da Educação Eduardo Portella, no sentido de que aquela autoridade examinasse a obra fílmica pessoalmente, pois refutou a resolução Concine 52/1980. "Peço que V. Excia. apure o significado da questão e, se possível, assista ao filme para obter uma clareza de situação".
No item 3 do parágrafo IV dessa resolução, constava que "a obra necessita versar tema objetivamente vinculado à realidade brasileira, de natureza cultural, técnica, científica ou informativa".
Como assistente de direção do filme, Dimas Oliveira considerou em matéria publicada no jornal "A Tarde" que "é realmente incrível a decisão do Concine em denegar o certificado de produto brasileiro ao filme 'Ser Tão' - também a 'Cantos Flutuantes', outro filme de José Umberto realizado no mesmo ano". "Somente se pode acreditar em discriminação contra o cinema do Nordeste, porque não se pode imaginar incompetência ou burrice dos membros da comissão. Ou será que pode? É de ficarmos pasmos com tal decisão, que tem que ser revogada".
José Umberto, na mesma matéria, completa esse raciocínio, quando questionou se "a cultura popular sertaneja não estaria vinculada à realidade brasileira?".
Em sua coluna na "Tribuna da Bahia", o crítico André Setaro considerou que "a recusa, aparentemente, é inexplicável. O que pensar então? Picaretagem de grupo? Claro e evidentemente que sim!".
Disse mais Setaro: "Um escândalo que vem ocorrendo nesse Departamento da Embrafilme. Um basta faz-se mister. Os responsáveis pela política cultural (?) do cinema brasileiro estão, na verdade, cooptando com a safadeza, a mesquinharia e a picaretagem".
"Sertão" é um documentário poético em torno do belíssimo mural do pintor Lênio Braga, instalado no Terminal Rodoviário de Feira de Santana. "É um filme sobre a beleza do imaginário da cultura popular sertaneja, através seus poetas de cordel e repentistas", considera José Umberto.

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