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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Antes do atual conflito com Gaza, Israel prestou atendimento médico à mulher do presidente palestino e a dois parentes do líder do Hamas - que considera uma organização terrorista"

 Sala cirúrgica do Centro Médico Assuta, em Tel Aviv
Foto: Reprodução

Por Ricardo Setti
A vida sempre surpreende. Pouco antes dos ataques de Israel para silenciar os foguetes disparados da Faixa de Gaza contra seu território, da destruição, dos mortos, do sangue e da enorme repercussão internacional, médicos israelenses haviam realizado uma cirurgia - cujos detalhes não foram divulgados - em uma das pernas de Amina Abbas, esposa do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
A cirurgia ocorreu no Centro Médico Assuta, uma clínica particular no bairro de Ramat Hachayal, nos arredores de Tel Aviv, a maior cidade de Israel. Ramat Hachayal é uma área conhecida pela concentração de empresas de alta tecnologia, inclusive na área médica.
O governo de Israel providenciou um forte esquema de segurança na clínica e arredores durante as 48 horas da internação da senhora Abbas, e a direção da clínica, que não deixou vazar o fato para outros pacientes, instruiu seus funcionários a não dar declarações à imprensa.
Embora pouca gente saiba, mesmo dentro de Israel, o governo volta e meia admite que políticos palestinos ingressem no país para obter tratamentos médicos não disponíveis nos hospitais da Cisjordânia e mesmo da Faixa da Gaza.
Antes do caso da senhora Abbas, no começo de junho, Israel permitiu que a sogra de ninguém menos do que o principal dirigente do Hamas, Ismail Haniyeh, uma senhora de 68 anos de idade cujo nome não foi revelado, deixasse a Faixa de Gaza para receber tratamento contra o câncer no Hospital Augusta Victoria de Jerusalém.
Em relação a Haniyeh - que segundo Israel, os Estados Unidos e a maior parte dos países europeus dirige uma organização terrorista -, houve outro precedente, em novembro de 2013: sua netinha Amal Haniya, de um ano de idade, acometida de grave infecção no trato digestivo que afetou seu sistema nervoso, obteve autorização para ser atendida num hospital israelense. Posteriormente, porém, de volta a Gaza, a criança acabou morrendo.
Fonte: Coluna do Ricardo Setti

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