Por Reinaldo Azevedo
Quando a gente pensa que já se chegou ao limite da estupidez,
constata-se que não. Sempre se pode ir adiante. Neste sábado, houve novas ações
de terrorismo em frente ao Instituto Royal, em São Roque, interior de São
Paulo. Um grupo estimado em 200 pessoas, sob o comando dos black blocs, botou
fogo em um veículo da PM e em dois da TV TEM, afiliada da TV Globo. Não sei se
alguém foi preso. Ainda que tenha sido, a Justiça logo manda soltar. Eu
entendo: entre, de um lado, a lei associada à ciência que salva vidas humanas
e, de outro, a defesa terrorista dos animais, não vejo por que um juiz deva
hesitar. É claro que deve ficar com a segunda alternativa para não queimar a
reputação nas redes sociais.
Podem chiar à vontade. Não dou a mínima. Nesse blog, vagabundos
que agem dessa maneira não serão jamais chamados de "manifestantes".
Manifestantes, certos ou errados, têm opiniões, causas, visão de mundo e dão um
jeito de expressá-los e de tentar convencer outras pessoas. Mas o fazem de
forma pacífica.
Incendiar um carro da PM, num regime democrático, corresponde a
uma agressão ao estado democrático e de direito. Incendiar veículos da imprensa
significa uma agressão grave à liberdade de expressão.
Não vou cansar de repetir esta verdade insofismável,
incontornável: importantes setores da imprensa são, em grande parte,
responsáveis por este estado de coisas. Cederam à pressão organizada por
malucos nas redes sociais, que se comportam como juízes da lei, da imprensa e
dos fatos. O jornalismo, no mais das vezes, acaba sendo cordato com os
terroristas. No fim das contas, há quem acredite que não se deve expressar
muita indignação quando dois carros de uma emissora são incendiados porque isso
seria uma forma de corporativismo. O terror, em suma, acabou se tornando "um
lado" respeitável, a ser ouvido.
O vocabulário a que a imprensa pode recorrer é asqueroso.
Terrorista é chamado de "manifestante"; invasão de um laboratório pode ser
tratada como "ocupação"; roubar animais vira "recolher".
Mais um pouco, e já ninguém chamará o garçom ou o maître para
dizer, educada e discretamente, que o cozinheiro exagerou no sal ou que o tofu
(carne nunca!) não está no ponto (seja lá como se prepare isso…). Não! O
negócio é lançar o prato contra a parede, dar um murro na boca do atendente,
fazer um comício, botar fogo no restaurante, documentar tudo com um celular e
depois postar o filme nas redes sociais em nome dos clientes indignados. A imprensa,
fiel a seus compromissos éticos - ser isenta, apartidária e independente -,
ouvirá um lado, ouvirá outro lado, sugerirá que o melhor é a paz, mas
compreenderá, também, o lado dos exaltados, decretando que esse negócio de
civilização e barbárie é mera questão de ponto de vista.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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