O
escritor peruano Mario Vargas Llosa, 77, abriu na noite de quarta-feira, 17, a
edição 2013 do ciclo "Fronteiras do Pensamento" com uma conferência sobre a
banalização da cultura.
O Prêmio Nobel falou durante uma hora, no Teatro
Geo, em São Paulo, sobre o tema "A Civilização do Espetáculo", nome
de livro publicado por ele em espanhol no ano passado e com lançamento previsto
para setembro no Brasil.
"A cultura não é o mesmo que já foi no
passado. O conceito de cultura é tudo, então de certa forma é nada",
resumiu o escritor.
Ele exemplificou citando alguns usos do termo
cultura na mídia: "Cultura heterossexual", "cultura do
reggae", "cultura da cocaína".
Vargas Llosa disse que teve a ideia de fazer o
livro quando visitou há mais ou menos dez anos uma edição da Bienal de Veneza.
"Não levaria nenhum daqueles quadros para casa. E pior, tive a sensação de
que estavam tirando sarro da minha cara."
As artes plásticas contemporâneas foram os grandes
alvos do discurso. Como já havia feito em outras ocasiões, criticou em especial
o artista britânico Damien Hirst, que considera o emblema desta frivolização da
arte. O universo artístico está virando uma grande Disneylândia, acrescentou.
Segundo o intelectual, que já havia participado do
ciclo "Fronteiras do Pensamento" em 2010, pouco depois de ganhar o Nobel, a mesma
cultura que nos tirou das grutas e nos levou às estrelas pode, desprovida de
fogo, de vigor, nos fazer retroceder às cavernas.
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