Por Dival Pitombo
O Cinema
Santana era a única casa de diversão da cidade. Para ela convergia toda
a população, principalmente aos domingos, quando vibrava com as aventuras de
Búfalo Bill, Tom Mix, Elmo Lincoln e Maciste. Vez por outra um filme de Rodolfo
Valentino, Adolfo Menjou ou Haroldo Lloyd quebrava a rotina de bang-bang.
Ao piano, Anita Novais executava ritmos compatíveis
com as cenas exibidas. As de amor eram acompanhadas com valsas. As de
pancadaria, com fox-trot.
Durante muitos anos o Cinema Santana funcionou sem concorrentes. Casa sempre cheia.
Certo dia surgiu o boato de que outro cinema ia ser
instalado. A cidade exultou com esta manifestação de progresso. Chico Bahia,
idealizador do empreendimento, inaugurou o Cinema Elite, situado onde é hoje o escritório da Coelba, quase
defronte do outro.
O Santana
baixou imediatamente o preço do ingresso. Na outra semana o Elite revidou o seu,
colocando-o abaixo do concorrente. Em seguida o Santana reduziu mais ainda. O Elite revidou. O Santana
aceitou o desafio e fez nova redução. Chico Bahia, furioso deitou na rua um
Zabumba com trombetas e cartazes onde se liam em letras garrafais:
Cinema Elite - Entrada grátis
Nesta noite o Cinema
Santana ficou às moscas.
Publicado no jornal "A Tarde", de sexta-feira, 16 de
junho de 1978, nos 105 anos de emancipação da cidade
Fonte: "Blog
Por Simas"
Um comentário:
Tempos bons de uma cidade outrora tranquila.
Postar um comentário