Por Rui Fabiano
A sucessão presidencial de 2014 já começou em São Paulo. José Serra, que inicialmente se recusara com veemência ser o candidato das oposições à prefeitura da capital, compreendeu o alcance de sua missão – e voltou atrás. Será candidato.
Era natural que alguém, como ele, que acabara de sair de uma eleição presidencial com 40 milhões de votos considerasse uma eleição municipal um retrocesso em sua carreira, até porque já foi prefeito e governador.
A prefeitura paulistana, no entanto, está longe de ser um cargo secundário. Movimenta o terceiro orçamento do país, numa cidade que é o seu primeiro e mais influente colégio eleitoral.
São Paulo é mais que uma cidade; é um país dentro do país. Mais ainda: é a última bastilha da oposição, até aqui imune à retórica petista. A oposição sabe que, se perder São Paulo, perde de vez as chances de recuperar o Governo Federal.
Era natural que alguém, como ele, que acabara de sair de uma eleição presidencial com 40 milhões de votos considerasse uma eleição municipal um retrocesso em sua carreira, até porque já foi prefeito e governador.
A prefeitura paulistana, no entanto, está longe de ser um cargo secundário. Movimenta o terceiro orçamento do país, numa cidade que é o seu primeiro e mais influente colégio eleitoral.
São Paulo é mais que uma cidade; é um país dentro do país. Mais ainda: é a última bastilha da oposição, até aqui imune à retórica petista. A oposição sabe que, se perder São Paulo, perde de vez as chances de recuperar o Governo Federal.
O apelo dos tucanos a Serra mostra que ele, apesar de precocemente dado por Fernando Henrique Cardoso como carta fora do baralho, é hoje o baralho que resta ao PSDB. Subitamente, os tucanos descobriram que Serra, apesar da fama de desagregador, é ainda peça essencial para a retomada das expectativas de poder.
Aécio Neves, visto por FHC como a bola da vez, não justificou até aqui, em nível nacional, a euforia que provoca em seu estado de origem. No Senado, não empolgou, não instilou em seus correligionários o sopro da liderança: discursos anódinos, que demonstram temor de bater de frente com o governo Dilma; pouca presença nos espaços de opinião dos jornais.
Aécio Neves, visto por FHC como a bola da vez, não justificou até aqui, em nível nacional, a euforia que provoca em seu estado de origem. No Senado, não empolgou, não instilou em seus correligionários o sopro da liderança: discursos anódinos, que demonstram temor de bater de frente com o governo Dilma; pouca presença nos espaços de opinião dos jornais.
Em face disso, continua, segundo as pesquisas, pouco conhecido fora de seu território eleitoral. Não há dúvida de que é um político talentoso, mas, para conquistar a Presidência da República, sobretudo tendo em vista a máquina eleitoral que terá de enfrentar, é preciso bem mais que isso.
Há entre ele e Serra antiga rivalidade, temperada por mágoas recíprocas. Aécio não se conformou em não ser o candidato tucano em 2010; Serra não absorveu, nem poderia, o falso apoio que dele recebeu. Se Aécio tivesse de fato se engajado na campanha presidencial, o resultado poderia ter sido outro.
A eleição de Dilma foi decidida em Minas, onde Aécio protagonizou o Dilmasia, a dobradinha Dilma-Antonio Anastasia. Se Aécio for o candidato tucano em 2014, terá que pedir votos a Serra, caso este venha a se eleger prefeito. E não está descartada a hipótese de o próprio Serra vir a se recandidatar a presidente. Tudo dependerá de como estiverem as coisas na ocasião.
Em política, compromissos eleitorais fora do tempo não funcionam. As decisões são tomadas em função do momento.
Assim como há um mês Serra parecia destinado à aposentadoria – e hoje é o trunfo das oposições para garantir o poder na principal cidade brasileira -, não há como prever o cacife eleitoral que terá daqui a dois anos. A tentativa de comprometê-lo previamente com a Prefeitura pelo mandato integral resultará vazia se, na ocasião, ele for eleitoralmente viável.
Por tudo isso, prevê-se embate dos mais acalorados na campanha paulistana, à qual Lula já dá sinais de que se envolverá até o pescoço. O prefeito Gilberto Kassab preferiu atropelar os interesses da bancada nacional do PSD, a perder o bonde da história em São Paulo. Ali, 2014 já começou.
Ruy Fabiano é jornalista
Fonte: "Blog do Noblat"
Há entre ele e Serra antiga rivalidade, temperada por mágoas recíprocas. Aécio não se conformou em não ser o candidato tucano em 2010; Serra não absorveu, nem poderia, o falso apoio que dele recebeu. Se Aécio tivesse de fato se engajado na campanha presidencial, o resultado poderia ter sido outro.
A eleição de Dilma foi decidida em Minas, onde Aécio protagonizou o Dilmasia, a dobradinha Dilma-Antonio Anastasia. Se Aécio for o candidato tucano em 2014, terá que pedir votos a Serra, caso este venha a se eleger prefeito. E não está descartada a hipótese de o próprio Serra vir a se recandidatar a presidente. Tudo dependerá de como estiverem as coisas na ocasião.
Em política, compromissos eleitorais fora do tempo não funcionam. As decisões são tomadas em função do momento.
Assim como há um mês Serra parecia destinado à aposentadoria – e hoje é o trunfo das oposições para garantir o poder na principal cidade brasileira -, não há como prever o cacife eleitoral que terá daqui a dois anos. A tentativa de comprometê-lo previamente com a Prefeitura pelo mandato integral resultará vazia se, na ocasião, ele for eleitoralmente viável.
Por tudo isso, prevê-se embate dos mais acalorados na campanha paulistana, à qual Lula já dá sinais de que se envolverá até o pescoço. O prefeito Gilberto Kassab preferiu atropelar os interesses da bancada nacional do PSD, a perder o bonde da história em São Paulo. Ali, 2014 já começou.
Ruy Fabiano é jornalista
Fonte: "Blog do Noblat"
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