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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Reinaldo Azevedo, MST e imprensa

STEDILE HUMILHA A IMPRENSA E, À SUA MANEIRA, DECLARA: “NUNCA FUI SANTO”
“A imprensa, que antes nos tratava como coitadinhos e até nos elogiava, passou a nos dar um pau nesses oito anos, passou a ser arma da direita para nos estigmatizar.”
A frase acima é do chefão do MST, João Pedro Stedile. Em parte é verdade, em parte é mentira. Que o movimento fosse tratado como “coitadinho” e que fosse “elogiado” é verdade. Na gestão FHC, como reconhece Stedile, os invasores eram sempre santificados, e o governo era tratado como verdugo.
Notem que ele fala com ironia. Ele mesmo está nos dizendo, à sua maneira: “Nunca fomos os coitadinhos, mas a imprensa nos via assim; melhor para nós”. Ele só falta com a verdade quando diz que a imprensa passou a criminalizar o movimento nos últimos oito anos. Explico.
“Oito anos”? Curioso: corresponde aos dois mandatos de Lula. Os infiltrados do PT na grande imprensa que, antes, consideravam o MST sempre certo e o governo FHC sempre errado fizeram uma pequena, bem ligeira, inflexão. Passaram a recomendar mais prudência ao movimento, reconhecendo os “avanços” do governo na reforma agrária. Mas estão muito longe de criticar o MST. Isso é cascata.
Na verdade, o que fizeram foi adaptar a sua crítica. Antes, os protagonistas e antagonistas eram, respectivamente, o MST e o governo; agora, são o MST e os “ruralistas”. Os produtores rurais brasileiros, não os sem-terra, é que passaram a ser tratados pela imprensa como bandidos, numa inversão fabulosa de valores.
A fala de Stedile é um pouco humilhante para a imprensa porque representa uma espécie de confissão. Vejam ali. É como se dissesse: “Nunca fui santo!”, embora boa parte do jornalismo insista: “É santo, é santo, sim!”
Na mesma entrevista, Stedile chama o episódio da Cutrale - a destruição de laranjais - de “erro tático”. E diz que, se fossem realmente radicais, teriam posto fogo em tudo. Ao saber o que Stedile entende por radicalismo, podemos imaginar o que ele acredita ser a moderação.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

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