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sábado, 3 de julho de 2010

"Quem disse que não é política?"

Por Reinaldo Azevedo
“Ah, também você vai ficar falando de futebol?”
Opa! Quase nunca escrevi sobre futebol. Ele é só um simbolismo, uma metáfora, um evento que reúne um feixe de paixões. E que acaba dizendo muito não exatamente do que somos, mas, se me permitem a brincadeira e certa gramática gauche, do que “estamos”. Negar que a política tente se apropriar - e se aproprie mesmo! - dessa “paixão nacional” é negar o óbvio. E isso não quer dizer que a gente não torça pela vitória da Seleção Brasileira porque. Somos todos parte dessa “cultura”. Se não amamos “esta seleção” - porque Dunga não deixa -, amamos a idéia de ter uma seleção para amar. Mas a apropriação do futebol pela política é um dado.
Lula estava pronto para se agarrar à taça; Dilma já havia anunciado sua ida à África do Sul. Ontem, diante da derrota, os dois resolveram enfiar a vuvuzela no saco. O presidente estava tão consternado que não compareceu ao velório. Resolveu falar por meio de seu chefe de gabinete. Recuperem a trajetória política do monstro tornado sagrado e vocês verão que ele não é exatamente um homem solidário.
Ontem, pus no ar um áudio em que, indagado se preferia a vitória da Seleção ou a vitória de Dilma, Lula fez sua escolha sem hesitação: a de Dilma. Os petralhas ficaram furiosos, como sempre. Gente boa também reclamou: “O que ele poderia responder?” Ora, o óbvio: “São coisas distintas; política e futebol não devem se misturar; eu quero os dois”. Com um pouco de requinte, poderia ter acrescentado: “A Seleção é de todos os brasileiros, e Dilma também quer governar para todo mundo”. O repertório de respostas possíveis é infinito.
Ocorre que Lula realmente entende que o partido está acima da sociedade e que as disputas que se dão na área política determinam todas as outras. E, por isso, ele não dá bola para o sentimento da torcida - a não ser nos momentos em que pode usá-la como bode exultório, assim como usa os adversários políticos como bodes expiatórios. Não venham, pois, me dizer que aquela resposta dada à rádio Jangadeiro, do Ceará, não é indecorosa, ainda que se possa questionar o gosto da pergunta.
Não, senhores! A “Escolha de Lula” não é uma “escolha de Sofia”, não esbarra em dilemas éticos, não o parte amorosamente ao meio, como na trágica situação narrada por Styron. Ele faz uma escolha desnecessária e descabida sem hesitação. E essa escolha revela sua visão de mundo e seu modo de fazer política.
Manipulações
O futebol virou território de outras disputas, de outras guerras. Os blogs subordinados ao petismo na Internet - alguns deles financiados por estatais ou por dinheiro público - e os militantes petistas nas chamadas “redes sociais” resolveram lançar o movimento “Um Dia Sem Globo” para se solidarizar com o técnico Zangado no seu suposto confronto com a emissora. Deu errado. A audiência cresceu em vez de cair. Mas eles bem que tentaram opor a Seleção e o Zangado aos “suspeitos de sempre”. No Twitter, José Eduardo Dutra, presidente do PT, não só lançou a Seleção do Mercosul como tentou acusar a oposição de estar feliz com a derrota do Brasil. Certamente não se lembrava daquela confissão do companheiro-chefe…
A adoção do Zangado como herói tinha muito de oportunismo, é evidente. Foi uma tentativa de manipulação da opinião pública. Zangado, no entanto, já andei escrevendo aqui, tem em comum com Lula o ódio à imprensa insubordinada. Ambos entendem a crítica como sabotagem; ambos se consideram - um deles já está indo pra casa, felizmente - portadores de uma sapiência bruta e verdadeira que não pode ser compreendida pelos fracos civilizados. E conquistaram o apoio da opinião pública. O técnico, é bem verdade, não é tão bom de marketing pessoal, e o desastre que produz pôde ser percebido com mais rapidez, embora não a tempo. As besteiras de Lula, como nunca antes na história destepaiz, têm um alcance verdadeiramente histórico. Não existe uma Copa do Mundo para revelá-las; só o tempo pode fazê-lo.
A exemplo de Lula, Zangado também se beneficiou da bonomia do jornalismo; no caso, o esportivo. A exemplo de Lula, Zangado foi protegido pela tese do “resultado, apesar dos meios empregados” - num caso, o futebol monstruoso; no outro, a transgressão à lei e a uma penca de códigos de conduta que compõem isso a que comumente chamamos ética. A exemplo de Lula, Zangado contava com nosso silêncio, aproveitando-se do nosso desejo de que as coisas dêem certo e do esforço para não sermos vistos como aqueles que torcem contra o país. E deu no que deu.
Nem a política nem o futebol ganham com o silêncio cúmplice da crítica. Os cidadãos e os torcedores sempre saem perdendo. Um deles já está indo para casa. Ufa!
Fonte "Blog do Reinaldo Azevedo"

2 comentários:

Mariana disse...

E Lula, como fez com os Sarneys e Severinos da vida, hoje passou a mão na cabeça de Dunga, o elogiou e deu-lhe crédito pelos "grandes trabalhos" realizados nas seleções do Brasil.
Acho que foi o bastante prá que brasileiros já insatisfeitos com esta mania do presidente de elogiar bandidos políticos acabarem de descartar Dunga de qualquer possibilidade futura dentro da seleção.

wellington disse...

Seria bom que o Demais conseguisse este audio em que o Lula fala que prefere a vitoria de Dilma aa da seleçao e o colocasse para nos ouvirmos.