Por Sérgio Oliveira
Tanto o PDT, quanto o PMDB, principalmente aqui no Rio Grande do Sul, tem origem no trabalhismo, no antigo Partido Trabalhista Brasileiro. Já o PT foi criado tripudiando sobre o trabalhismo, denegrindo a história do mesmo.
Lula, em 21 de setembro de 1977, numa entrevista à revista "Isto É", disse: "Não temos compromisso com ninguém, com esquerda, direita ou centro. Só com a classe trabalhadora. No passado, a classe trabalhadora foi usada pelo Partido Trabalhista Brasileiro, e farei de tudo para evitar que seja novamente usada".
Dois parágrafos da Carta de Princípios do PT, de 1º de maio de 1979, detonam o trabalhismo:
"Cientes disso também é que setores das classes dominantes se apressam a sair a campo com suas propostas de PTB. Mas essas propostas demagógicas já não conseguem iludir os trabalhadores, que, nem de longe, se sensibilizaram com elas. Esse fato comprova que os trabalhadores brasileiros estão cansados das velhas fórmulas políticas elaboradas para eles. Agora, chegou a vez de o trabalhador formular e construir ele próprio seu país e seu futuro. Nós, dirigentes sindicais, não pretendemos ser donos do PT, mesmo porque acreditamos sinceramente existir, entre os trabalhadores, militantes de base mais capacitados e devotados, a quem caberá a tarefa de construir e liderar nosso partido. Estamos apenas procurando usar nossa autoridade moral e política para tentar abrir um caminho próprio para o conjunto dos trabalhadores. Temos a consciência de que, nesse papel, neste momento, somos insubstituíveis, e somente em vista disso é que nós reivindicamos o papel de lançadores do PT".
"As tentativas de reviver o velho PTB de Vargas, ainda que, hoje, sejam anunciadas 'sem erros do passado' ou 'de baixo para cima', não passam de propostas de arregimentação dos trabalhadores para defesa de interesses de setores do empresariado nacional. Se o empresariado nacional quer construir seu próprio partido político, apelando para sua própria clientela, nada temos a opor, porém denunciamos suas tentativas de iludir os trabalhadores brasileiros com seus rótulos e apelos demagógicos e de querer transformá-los em massa de manobra para seus objetivos".
Na época Brizola ainda não tinha perdido a sigla do PTB e estava tentando reorganizá-lo.
No dia 13 de março de 1964 ocorreu o famoso Comício da Central do Brasil, de João Goulart, no qual José Serra, então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), discursou.
Por sua vez, segundo o escritor Carlos Heitor Cony, numa crônica de 23 de março de 2005, Lula teria participado da Marcha Com Deus Pela Família, realizada em 19 de março de 1964, para se contrapor ao comício de João Goulart e que contribuiu para o Golpe de 64. Será verdade?
Primeiro parágrafo da crônica "Esquecimento injusto", em 23 de março de 2005
"Jarbas Vasconcelos, governador de Pernambuco, reclamou do esquecimento do nome de Ulysses Guimarães na recente onda de comemorações dos 20 anos de redemocratização nacional.
Esquecimento injusto e até injustificável. A luta contra o regime totalitário (1964-1985) teve sucessivas e até contraditórias etapas, nem sempre bem-sucedidas e coerentes. Nesse particular, a atuação de Ulysses foi decisiva e mais constante, em que pese o apoio inicial que deu ao movimento de 1964, quando pensava que o golpe militar poderia parecer um contragolpe que impediria uma ditadura sindicalista promovida pelas forças que exigiam de João Goulart reformas institucionais".
Lula, em 21 de setembro de 1977, numa entrevista à revista "Isto É", disse: "Não temos compromisso com ninguém, com esquerda, direita ou centro. Só com a classe trabalhadora. No passado, a classe trabalhadora foi usada pelo Partido Trabalhista Brasileiro, e farei de tudo para evitar que seja novamente usada".
Dois parágrafos da Carta de Princípios do PT, de 1º de maio de 1979, detonam o trabalhismo:
"Cientes disso também é que setores das classes dominantes se apressam a sair a campo com suas propostas de PTB. Mas essas propostas demagógicas já não conseguem iludir os trabalhadores, que, nem de longe, se sensibilizaram com elas. Esse fato comprova que os trabalhadores brasileiros estão cansados das velhas fórmulas políticas elaboradas para eles. Agora, chegou a vez de o trabalhador formular e construir ele próprio seu país e seu futuro. Nós, dirigentes sindicais, não pretendemos ser donos do PT, mesmo porque acreditamos sinceramente existir, entre os trabalhadores, militantes de base mais capacitados e devotados, a quem caberá a tarefa de construir e liderar nosso partido. Estamos apenas procurando usar nossa autoridade moral e política para tentar abrir um caminho próprio para o conjunto dos trabalhadores. Temos a consciência de que, nesse papel, neste momento, somos insubstituíveis, e somente em vista disso é que nós reivindicamos o papel de lançadores do PT".
"As tentativas de reviver o velho PTB de Vargas, ainda que, hoje, sejam anunciadas 'sem erros do passado' ou 'de baixo para cima', não passam de propostas de arregimentação dos trabalhadores para defesa de interesses de setores do empresariado nacional. Se o empresariado nacional quer construir seu próprio partido político, apelando para sua própria clientela, nada temos a opor, porém denunciamos suas tentativas de iludir os trabalhadores brasileiros com seus rótulos e apelos demagógicos e de querer transformá-los em massa de manobra para seus objetivos".
Na época Brizola ainda não tinha perdido a sigla do PTB e estava tentando reorganizá-lo.
No dia 13 de março de 1964 ocorreu o famoso Comício da Central do Brasil, de João Goulart, no qual José Serra, então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), discursou.
Por sua vez, segundo o escritor Carlos Heitor Cony, numa crônica de 23 de março de 2005, Lula teria participado da Marcha Com Deus Pela Família, realizada em 19 de março de 1964, para se contrapor ao comício de João Goulart e que contribuiu para o Golpe de 64. Será verdade?
Primeiro parágrafo da crônica "Esquecimento injusto", em 23 de março de 2005
"Jarbas Vasconcelos, governador de Pernambuco, reclamou do esquecimento do nome de Ulysses Guimarães na recente onda de comemorações dos 20 anos de redemocratização nacional.
Esquecimento injusto e até injustificável. A luta contra o regime totalitário (1964-1985) teve sucessivas e até contraditórias etapas, nem sempre bem-sucedidas e coerentes. Nesse particular, a atuação de Ulysses foi decisiva e mais constante, em que pese o apoio inicial que deu ao movimento de 1964, quando pensava que o golpe militar poderia parecer um contragolpe que impediria uma ditadura sindicalista promovida pelas forças que exigiam de João Goulart reformas institucionais".
(Por falar nisso, o embrionário líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva participou da Marcha Com Deus Pela Família).
Considere-se o seguinte, também:
O ex-deputado Sinval Boaventura, em entrevista ao jornal "Opção", de Goiânia, de outubro de 1995, ante a pergunta:
"É verdadeira a história de uma reunião na casa do então deputado Simões da Cunha, na qual a deputada Ivete Vargas (PTB) teria contado que saíra de um encontro com o general Golbery e este revelou que ia projetar o sindicalista Lula para ser o anti-Brizola?, respondeu":
"A Ivete Vargas disse que tinha estado com o ministro Golbery, na chácara dele, e que ele dissera que precisava trazer o Brizola para o Brasil porque ele estava se tornando um mito muito forte fora do país. Que era melhor ele voltar e disputar eleição, porque assim perderia o prestígio político. Fui ao Golbery e ele confirmou a conversa com Ivete. Explicou que sua estratégia era estimular a imprensa para projetar o Luiz Inácio da Silva, o Lula, um grande líder metalúrgico de São Paulo como uma liderança inteligente e expressiva, para ser preparado como o anti-Brizola. Sou testemunha dessa tese do general Golbery".
O marido de Ivete Vargas, Paulo Martins, trabalhava com Golbery, conforme abaixo:
"O ex-deputado Helio Duque, num artigo intitulado "Um testemunho", a determinada altura escreveu:
"Leonel Brizola preparou-se para reorganizar o PTB, mas foi vitimado por Golbery que, autoritariamente, entregou, via Justiça Eleitoral, a sigla à deputada Ivete Vargas, cujo marido, Paulo Martins, trabalhava para o "bruxo". Diante do golpe, Brizola cria o PDT".
Isto pode ser confirmado pelo seguinte depoimento:
"A primeira certeza dessa tarefa confiada ao ex-líder metalúrgico de São Bernardo ele teve pouco depois de voltar do exílio. Alguns deputados da esquerda do MDB articularam uma visita de Brizola a Lula, lá no sindicado, no início dos anos 80.
Segundo seu parceiro Cibilis Viana, que participou da visita, Lula deixou Brizola chocado e muito amargurado. Ao recebê-lo em sua sala, o presidente do Sindicato sequer levantou-se da cadeira para abraçá-lo. Aquilo já foi uma ducha de água fria.
Lula recebeu-o secamente e, para azedar o encontro, passou a desancar o antigo sindicalismo, que 'era controlado por pelegos do PTB'. A coisa ficou feia quando ele, que já devia ter tomado alguma, começou a falar mal do presidente Vargas, ensejando um bate-boca que só não foi mais inflamado devido a providencial intervenção da turma do deixa disso. Mas nessa hora, o líder trabalhista interrompeu a conversa e foi embora sem maiores formalidades".
Apesar de tudo isto, o Brizola, dando demonstração de superioridade, a meu ver, apoiou várias vezes o Lula e até foi vice dele em 1998, embora, na minha visão, tenha sido humilhado pelos petistas, pois nas suas propagandas a maioria deles não colocou o nome dele como vice.
Desta forma não me conformo que o meu partido, o PDT, e também o PMDB, ainda o maior partido do Brasil, originados do trabalhismo, possam estar juntos com quem surgiu tripudiando sobre a história do trabalhismo. Trabalhismo este que é responsável por tudo aquilo que veio em benefício dos trabalhadores, aposentados e pensionistas: salário mínimo, Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), Justiça do Trabalho, Previdência Social, nos moldes hoje existentes (Getúlio Vargas), 13º salário (Floriceno Paixão e João Goulart).
Não posso concordar, desta forma, que alguém venha dizer que o Lula é a continuidade de Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola, Darcy Ribeiro.
Reportando-me apenas a Getúlio Vargas e João Goulart, que foram presidentes da República, para corroborar esta minha discordância, é de se lembrar que em 1994, quando Lula esteve em campanha no Rio Grande do Sul, tendo ido à São Borja, ignorou por completo Getúlio e Jango, nascidos lá, ignorância esta que fez com que o ex-ministro do Trabalho, Almir Pazzianoto, escrevesse o artigo "O Esquecido de São Borja".
Como mais dois argumentos, que demonstram que Lula não representa a continuação de Getúlio Vargas e João Goulart, ex-presidentes, temos o seguinte:
"Diário de Pernambuco", de 7 de abril 2004
"Imagina para eles, que governam há 500 anos, de repente, um pernambucano, torneiro mecânico, do PT, fazer mais do que eles. É demais, eles não vão querer isso, eles vão tentar atazanar a nossa vida. O que nós temos que fazer? Não perder a tranqüilidade nunca, ficar sempre tranqüilos, sempre de bom humor e ter a certeza do quê? Ter a certeza de que os nossos compromissos não são eminentemente eleitorais, os nossos compromissos com esse povo são compromissos de vida, são compromissos históricos, que não estão apenas na cabeça, estão no nosso sangue".
27 Fevereiro 2010 - Lula em El Salvador
"O Brasil era um país capitalista, de economia capitalista, que não tinha nem crédito nem financiamento. Um país governado a vida inteira por capitalistas precisou eleger um metalúrgico que se dizia socialista para compreender que não era possível um país capitalista sem capital. E muito menos um país capitalista sem crédito e sem financiamento. Essa era uma lógica primária que qualquer imbecil deveria saber, mas a verdade é que não era assim".
"Imagina para eles, que governam há 500 anos..."; "Um país governado a vida inteira por capitalistas..."
Getúlio Vargas e João Goulart estão entre eles. Como pode, então, Lula ser a continuidade deles, se ele diz que representa a mudança ?
Sérgio Oliveira, aposentado, colaborador do Blog Demais, é de Charqueadas-RS
Considere-se o seguinte, também:
O ex-deputado Sinval Boaventura, em entrevista ao jornal "Opção", de Goiânia, de outubro de 1995, ante a pergunta:
"É verdadeira a história de uma reunião na casa do então deputado Simões da Cunha, na qual a deputada Ivete Vargas (PTB) teria contado que saíra de um encontro com o general Golbery e este revelou que ia projetar o sindicalista Lula para ser o anti-Brizola?, respondeu":
"A Ivete Vargas disse que tinha estado com o ministro Golbery, na chácara dele, e que ele dissera que precisava trazer o Brizola para o Brasil porque ele estava se tornando um mito muito forte fora do país. Que era melhor ele voltar e disputar eleição, porque assim perderia o prestígio político. Fui ao Golbery e ele confirmou a conversa com Ivete. Explicou que sua estratégia era estimular a imprensa para projetar o Luiz Inácio da Silva, o Lula, um grande líder metalúrgico de São Paulo como uma liderança inteligente e expressiva, para ser preparado como o anti-Brizola. Sou testemunha dessa tese do general Golbery".
O marido de Ivete Vargas, Paulo Martins, trabalhava com Golbery, conforme abaixo:
"O ex-deputado Helio Duque, num artigo intitulado "Um testemunho", a determinada altura escreveu:
"Leonel Brizola preparou-se para reorganizar o PTB, mas foi vitimado por Golbery que, autoritariamente, entregou, via Justiça Eleitoral, a sigla à deputada Ivete Vargas, cujo marido, Paulo Martins, trabalhava para o "bruxo". Diante do golpe, Brizola cria o PDT".
Isto pode ser confirmado pelo seguinte depoimento:
"A primeira certeza dessa tarefa confiada ao ex-líder metalúrgico de São Bernardo ele teve pouco depois de voltar do exílio. Alguns deputados da esquerda do MDB articularam uma visita de Brizola a Lula, lá no sindicado, no início dos anos 80.
Segundo seu parceiro Cibilis Viana, que participou da visita, Lula deixou Brizola chocado e muito amargurado. Ao recebê-lo em sua sala, o presidente do Sindicato sequer levantou-se da cadeira para abraçá-lo. Aquilo já foi uma ducha de água fria.
Lula recebeu-o secamente e, para azedar o encontro, passou a desancar o antigo sindicalismo, que 'era controlado por pelegos do PTB'. A coisa ficou feia quando ele, que já devia ter tomado alguma, começou a falar mal do presidente Vargas, ensejando um bate-boca que só não foi mais inflamado devido a providencial intervenção da turma do deixa disso. Mas nessa hora, o líder trabalhista interrompeu a conversa e foi embora sem maiores formalidades".
Apesar de tudo isto, o Brizola, dando demonstração de superioridade, a meu ver, apoiou várias vezes o Lula e até foi vice dele em 1998, embora, na minha visão, tenha sido humilhado pelos petistas, pois nas suas propagandas a maioria deles não colocou o nome dele como vice.
Desta forma não me conformo que o meu partido, o PDT, e também o PMDB, ainda o maior partido do Brasil, originados do trabalhismo, possam estar juntos com quem surgiu tripudiando sobre a história do trabalhismo. Trabalhismo este que é responsável por tudo aquilo que veio em benefício dos trabalhadores, aposentados e pensionistas: salário mínimo, Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), Justiça do Trabalho, Previdência Social, nos moldes hoje existentes (Getúlio Vargas), 13º salário (Floriceno Paixão e João Goulart).
Não posso concordar, desta forma, que alguém venha dizer que o Lula é a continuidade de Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola, Darcy Ribeiro.
Reportando-me apenas a Getúlio Vargas e João Goulart, que foram presidentes da República, para corroborar esta minha discordância, é de se lembrar que em 1994, quando Lula esteve em campanha no Rio Grande do Sul, tendo ido à São Borja, ignorou por completo Getúlio e Jango, nascidos lá, ignorância esta que fez com que o ex-ministro do Trabalho, Almir Pazzianoto, escrevesse o artigo "O Esquecido de São Borja".
Como mais dois argumentos, que demonstram que Lula não representa a continuação de Getúlio Vargas e João Goulart, ex-presidentes, temos o seguinte:
"Diário de Pernambuco", de 7 de abril 2004
"Imagina para eles, que governam há 500 anos, de repente, um pernambucano, torneiro mecânico, do PT, fazer mais do que eles. É demais, eles não vão querer isso, eles vão tentar atazanar a nossa vida. O que nós temos que fazer? Não perder a tranqüilidade nunca, ficar sempre tranqüilos, sempre de bom humor e ter a certeza do quê? Ter a certeza de que os nossos compromissos não são eminentemente eleitorais, os nossos compromissos com esse povo são compromissos de vida, são compromissos históricos, que não estão apenas na cabeça, estão no nosso sangue".
27 Fevereiro 2010 - Lula em El Salvador
"O Brasil era um país capitalista, de economia capitalista, que não tinha nem crédito nem financiamento. Um país governado a vida inteira por capitalistas precisou eleger um metalúrgico que se dizia socialista para compreender que não era possível um país capitalista sem capital. E muito menos um país capitalista sem crédito e sem financiamento. Essa era uma lógica primária que qualquer imbecil deveria saber, mas a verdade é que não era assim".
"Imagina para eles, que governam há 500 anos..."; "Um país governado a vida inteira por capitalistas..."
Getúlio Vargas e João Goulart estão entre eles. Como pode, então, Lula ser a continuidade deles, se ele diz que representa a mudança ?
Sérgio Oliveira, aposentado, colaborador do Blog Demais, é de Charqueadas-RS
Um comentário:
Quanta sujeira! Lula não pode ser a continuidade de nada de bom.
Só alguém mal intencionado ou extremamente idiota(mesmo) prá creditar-lhe méritos como continuista de quem batalhou de verdade pelos trabalhadores.
Pegar tudo pronto, agora, projetos feitos pelos outros e dado continuidade pelo grupo lulista, é mole.
O pior é que, além de não reconhecer o valor de seus autores, ainda critica-os como se só o PT e êle fôssem capazes de fazer algo de bom pelo país. Ridículo!
Postar um comentário