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quinta-feira, 22 de julho de 2010

"O som perturbador do neurônio em ebulição"

Por Augusto Nunes
A imensa maioria dos eleitores de Taquaritinga não estudou em Harvard, não fala como personagem de livro de Machado de Assis, não é fluente em outros idiomas - não apresenta, enfim, nenhum dos sintomas que permitem à companheirada identificar integrantes da elite golpista. Mas não votam em gente que se expressa de modo incompreensível. Até os doidos de pedra da cidade onde nasci se recusam a apoiar quem não diz coisa com coisa.
Não chegaria a 100 votos, por exemplo, um candidato a prefeito que prometesse melhorar o sistema de atendimento à saúde com a seguinte discurseira:
“É necessário tê clínica especializada. Porque as pessoas não podem recorrê ao… o hospital quando se trata de… de fazê exames especializados. Não pode i pro hospital porque lá no hospital a média e alta complexidade… uma pessoa que precisa de tratamento de urgência. Então eu acredito que todas as experiências de policlínicas especializadas são fundamentais. Por que? Porque u.. aí na policlínica ocê teria toda a possibilidade do tratamento especializado… de estômago, de pulmão, enfim… é…da…da… de todas as chamadas… tratamento de ouvido, garganta, e etc… laringe, enfim, cê teria um tratamento especializado pá avaliá se seu caso é de… né?… é… é… ocê vai tê uma medicação, vai ficá em casa, vai tê um acompanhamento médico, aí seria a policlínica especializada”.
Parece mentira? Pois é exatamente isso o que diz Dilma Rousseff no áudio divulgado pelo seu site oficial. Pela pergunta que abre o palavrório, pode-se deduzir que ela está querendo dizer que a salvação da saúde está em algo que chama de “clínica especializada”. Mas não consegue explicar o que é isso. Só consegue ampliar a montanha de evidências de que a candidata que não tem ideias próprias não consegue sequer declamar as que lhe são sopradas.
Como todo sinal de alarme, o som de um neurônio em ebulição é perturbador, mas muito útil. Quem tem juízo entenderá que Dilma Rousseff não é uma candidata em campanha. É uma ameaça a caminho.
Subscrevo e acrescento ao post o comentário do Celso Arnaldo:
O que parece estarrecedor para quem nunca ouviu Dilma antes - e tenho colegas jornalistas que nunca a viram discursando ou dando entrevista - é absolutamente familiar para os frequentadores desta coluna. Que há nove meses têm acesso a veementes indícios, há muito transformados em provas documentais, de que Dilma é uma afronta imposta ao Brasil por Lula, num crime lesa-pátria sem perdão.
A afronta chega às raias do insulto, da bofetada vil, quando o próprio site oficial reproduz, sem pudor, sem autocrítica alguma, uma explanação vexaminosa como parte da plataforma de saúde da candidata.
Se os chefes da campanha fossem honestos, até com a própria Dilma, só poderiam ter uma reação ao ouvir esse lixo, que é mais uma confissão explícita de apedeutismo radical e ignorância pluralista:
- Pelo amor de Deus, esconde isso. Joga fora, não deixa ninguém ouvir. Aliás, vamos esconder a Dilma.
Ao contrário. A exposição é total, ilimitada, sem revisão, sem edição. É como se o despreparo agônico de Dilma fosse seu cartão de visitas para um Brasil desarticulado, que não raciocina, não ouve, não registra - mas que recebeu de Lula metade daquela célula rasgada por ela e vai às urnas, dia 3 de outubro, votar na candidata que supostamente pode inteirar a outra metade.
Nessa “policlínica especializada” da Dilma, não haverá especialistas numa candidatura tão patológica, tão terminal.
Fonte: http://veja.abril.com.blogaugusto-nunes

Um comentário:

Mariana disse...

Dimas, que absurdo! Se eu já não tivesse ouvido lá atrás, que ela estava sendo preparada prá falar como o povo menos estudado, numa tentativa de parecer Lula, teria pensado estar ela sob o efeito de algum remádio bem forte(como aquêle que Vanuza tomou antes de cantar o hino nacional em público, lembra-se?). Mas não, a coisa é mais séria. Querem que ela imite Lula, que ao invés de ter sido preparado para o cargo e ter aprendido a se portar como um estadista, preferem nos nivelar por baixo, transformando a candidata deles em algo muito pior que o original, acreditando que assim, ela estará mais próxima de nós.